segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Gordos, mórbida semelhança

Neste final de semana a Mariah, naquele papinho gostoso antes de dormir, pela primeira vez comentou que eu e a Luiza somos gordos. Era algo que eu esperava mais traumático ou até mesmo ofensivo, mas foi só um comentário, mais doce e simples que talvez nem numa fase otimista eu pensaria.

O dia chegou e por trás desta apreensão de quatro anos há o medo da rejeição. Fui muito rejeitado por ser obeso, mas hoje, quase 40 anos de idade e alguns anos de boa psicoterapia e cristianismo julgo-me parcialmente curado, mas ainda temo a rejeição das pessoas que eu mais amo, embora eu saiba que Mariah é louca por mim. Mesmo eu sendo gordo.

Hoje eu interpreto que a rejeição que eu sofria não era só pela obesidade. Era a combinação de obesidade com pobreza, mas deixa isto para um outro dia.

Existem fenômenos que basta estarmos vivos para ocorrerem: envelhecer e ser rejeitado são apenas dois exemplos. O gordo sofre de uma forma diferente o envelhecer porque vive pouco. O único obeso que está vivendo muito que eu tenho conhecimento é o Delfim Netto. A velhice é mais curta e mais dolorosa, acompanhada de diabetes, hipertensão e hérnia. Por outro lado, a rejeição que o fofinho sofre também é diferente, pelo nível, pela frequência e pela culpa. Culpa porque para os outros a única responsabilidade pela sua doença está nos seus hábitos alimentares e basta fazer uma dietinha, "ter força de vontade", "fazer uns exercícios" que você, gorducho, emagrecerá! Emagrecer é fácil. Tão fácil que estamos vivendo uma epidemia de obesidade no ocidente. Quando eu era criança, no início dos anos 1980, o fato de alguém pesar mais de cem quilos era motivo de escândalo e chacota e hoje alguém com este peso é, dependendo da altura, "normal" e socialmente aceito como beber uma taça de vinho uma vez por semana.

A rejeição muitas vezes é sutil, outras nem tanto. Numa festa de criança uma vez a minha esposa ouviu um convidado olhando para a Mariah e perguntando para a convidada ao lado: "Como pode uma menina tão bonita ter pais tão feios?". Como se gordos e feios não pudessem ter filhos bonitos, saudáveis e felizes. Somos condenados a não só sermos infelizes e execrados por toda a nossa deprimente existência como também termos filhos nas mesmas ou piores condições.

Mas hoje é dia de alegria, pois Mariah nos ama mesmo sendo gordinhos! E ontem, lendo a Revista dO Globo, descobri que existe um blog de uma jornalista que encarou o desafio de fazer sexo com cem diferentes homens durante um ano. Missão difícil pois dá uma média de quase um homem diferente a cada três dias. Parece que ela viu que não era tão fácil "cumprir a meta" e baixou para 50 homens, que dá um por semana aproximadamente.

"Sacanagem pura" - pensei - "Vou dar uma bisbilhotada neste blog safado!" Começo a ler e me desperta a inveja. Não por minha vida sexual não ser tão animada, mas porque a menina escreve bem. Tudo bem, eu não fiz faculdade de Comunicação Social e nem acho que eu tenha aquilo que chamam de talento. Lendo o blog da Letícia F. relembrei o dia que eu li "Os Donos do Poder", do Faoro: eu não conseguia me concentrar no texto, só pensava "PQP! Jamais vou escrever tão bem quanto ele!".

"PQP! Jamais vou escrever tão bem quanto a Letícia F.!"

E ela faz um relato muito interessante sobre ser obeso e vale a pena uma leitura carinhosa porque a mulher provavelmente sofre mais que o homem o drama dos fofos.

http://cemhomens.com/2011/10/sua-gorda/

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tropa de Elite 2 vai para os EUA ganhar experiência

Deixe de patriotismo oco: Tropa de Elite 2 não tem a mínima chance de levar o Oscar. O que aconteceu é que eles querem corrigir um erro grave do passado que foi o descaso com o Tropa de Elite na indicação para o Oscar com um outro erro.

Tropa de Elite tinha humor e tensão. Era uma interessante montranha russa de emoções que tinha tudo para levar a estatueta de melhor filme estrangeiro. Tropa de Elite 2 é totalmente tenso e pessimista, não há praticamente humor e as referências escancaradas às pessoas reais se perdem quando um gringo que pouco sabe do Brasil aprecia o filme.

Sem chance. Tropa de Elite 2 é para "clientes" brasileiros, mas se eu fosse palestrante da área de gestão mostraria as últimas cenas de Tropa de Elite 2 e promoveria um acalorado debate. Repare que, no final, quem fica com a lancha, o controle da organização criminosa e as mulheres é o Tenente-Coronel Fábio Barbosa, personagem de Milhem Cortaz, o PM mais inseguro e medroso de todos!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Barcelona & Paris (2005)

Só pensa naquilo

Você é Cristão? Quer fazer uma experiência comigo? Então vamos lá! Pense nos últimos eventos que você participou da sua religião. Agora reflita quantas vezes o sacerdote falou em pecado sexual (adultério, prostituição, homossexualismo etc.). É bem provável que você relembre de diversas falas dele sobre este assunto. Este fenômeno da preocupação excessiva com o pecado sexual é antigo, mas nunca presenciei ninguém comentar sobre isto.

Conte agora quantas vezes o mesmo sacerdote do parágrafo anterior falou em pecados no local de trabalho e compare as duas contagens. O resultado da minha totalização foi assustador, como também foi assustador o resultado relatado pelas pessoas que eu fiz este desafio. Muitas responderam que o sacerdote nunca tocou no assunto "ambiente de trabalho".

As pessoas fazem sexo menos de duas vezes por semana, porém trabalham de segunda a sexta ou de segunda a sábado. Se esta proporção fosse seguida pelos sacerdotes cristãos na hora de definirem os assuntos dos discursos, talvez não encontrássemos tanta gente reclamando do local onde trabalha.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cada louco com a sua mania

Eu tenho uma característica engraçada: eventualmente eu esqueço uma palavra, mas lembro a primeira letra ou (mais raramente) as primeiras letras da palavra esquecida. A partir da primeira letra eu fico forçando a memória para lembrar da palavra toda.

Atualmente eu estou tentando lembrar de uma empresa norte-americana que fabrica suporte de baterias tipo moeda. É Key...

Tio Google ajudou: Keystone e o que ela fabrica tem o lindo nome de "coin cell battery holders".

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cultura doméstica

Existe uma cultura que não é citada nos jornais. É a cultura doméstica, familiar, oculta, silenciosa que vem dos hábitos e das crenças dos pais. É algo muito instintivo e pouco teorizado.

O pai da amiga da Mariah é engenheiro como eu, só que o pai dele nunca teve patrão. O pai da amiga da Mariah na primeira oportunidade abriu uma pequena empresa e não tem patrão.

Mas, se for bom para ambas as partes, não há nada de errado em ter patrão, não é mesmo? Meu pai era anterior à CLT e tinha estabilidade numa empresa privada. Buscava estabilidade e segurança. Dos seis filhos que ele teve, cinco trabalham para o governo direta (Poder Executivo) ou indiretamente (estatais).

Concluo que o seio familiar do Trotta incentivou-o a empreender enquanto os meus pais valorizavam a segurança e a estabilidade.

Os tempos mudam e novos cenários surgem. Certamente a Mariah vai pegar um mercado de trabalho bem diferente do meu e eu não sei se o que foi bom para mim será o melhor para ela. Provavelmente não.

Largo do Machado

Ontem deixamos a Mariah na escola e corremos para o cinema. No Museu da República há uma pequena sala de projeção e compartilhamos o filme com mais umas seis pessoas. Era Meia Noite em Paris, do Woody Allen. Foi a primeira vez que eu fui ao cinema ver uma obra do Allen. Eu tenho um irmão que era apaixonado pelos filmes dele, e vi alguns daquela fase que ele ainda atuava e era basicamente humor. Depois Allen foi migrando para a direção e para filmes mais sofisticados que Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar, onde ele se veste de espermatozóide.

Mas o filme foi ótimo. Adoramos e entendemos porque o Lucio, meu irmão, adora o Woody Allen, embora a obra tenha muita semelhança com A Rosa Púrpura do Cairo, que eu não vi todo.  A missão agora é alugar o DVD de Match Point.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Fórmula do Amor

Eu tenho o gesto exato, sei como devo andar
Aprendi nos filmes pra um dia usar
Um certo ar cruel de quem sabe o que quer
Tenho tudo planejado pra te impressionar

Luz de fim de tarde, meu rosto em contra-luz
Não posso compreender, não faz nenhum efeito
A minha aparição será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão

Mantenho o passo alguém me vê
Nada acontece, não sei porque
Se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei

Ainda encontro a fórmula do amor
Ainda encontro a fórmula do amor

Eu tenho a pose exata pra me fotografar
Aprendi nos livros pra um dia usar
Um certo ar cruel, de quem sabe o que quer
Tenho tudo ensaiado pra te conquistar

Eu tenho um bom papo e sei até dançar
Não posso compreender, não faz nenhum efeito
A minha aparição será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão

Eu jogo um charme, alguém me vê
Nada acontece, não sei porque
Se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei

Ainda encontro a fórmula do amor
Ainda encontro a fórmula do amor

Descartáveis

Estou de férias. Aproveitei para consertar os três ferros de passar roupa da minha casa. Um é o tradidional GE antigão que era da minha sogra - a impressão que eu tenho é que toda classe média carioca já comprou pelo menos uma vez na vida o GE antigão -, o segundo é um FAET mais moderno e o terceiro um Black & Decker bonitão.

Este modelo de ferro de passar roupa deve ter uns trinta anos em linha de produção e agora está nas mãos da Black & Decker porque o Jack Welch virou a GE ao avesso quando assumiu a presidência mundial da holding e milhares de empregos foram cortados e dezenas de fábricas foram vendidas. Welch concentrou a ação da GE nos mercados mais lucrativos ou promissores, vendendo as unidades de negócio que não se encaixavam nesta nova estratégia. Quer negócio mais seleto e lucrativo que vender turbinas para a Boeing?


A unidade de aparelhos de ar condicionado foi então vendida para a Elgin e a fábrica de eletrodomésticos foi parar nas mãos da Black & Decker e esta produz o clássico - inclusive em termos de design - até hoje.

Mas as mãos da engenheirada da Black & Decker coçou e eles alteraram o projeto. Por fora está a mesmo projeto curvilíneo e sensual, quase uma obra do Oscar Niemeyer. Por dentro, tudo mudou e nada é compatível. Descobri isto fazem uns 2 anos, quando o termostato do ferro abriu o bico, como dizem as pessoas na terceira idade. Ao procurar um para substituir, me ofereceram um modelo que não tem nada a ver, tipo este:



O original é este:


Mas graças ao Google Imagens eu conheci a empresa Joardo e aproveitei para comprar várias outras peças do mesmo aparelho em quantidade para ter um ferro operante por mais uns 20 anos.

Mas o ferro estava com defeito e o culpado nestes modelos é o maldito fio que liga o ferro à tomada. Já troquei-o várias vezes e decidi dar uma solução definitiva: comprei um fio especial, chamado cabo PP. É um fio com duplo isolamento. O primeiro é o isolamento comum e o segundo é uma nova camada de borracha por fora. Aproveitei e coloquei logo um cabo de três metros e um fio 100% maior, passando de 0,75mm2 para 1,5mm2 de seção.


Resolvido o primeiro, passei para o segundo. Era um FAET que tinha aberto o fusível térmico. Fusível térmico é uma peça que interrompe o funcionamento de um circuito quando a temperatura ultrapassa um certo limite (no caso, 240C). A peça já estava comprada e só foi o trabalho de instalar. E que trabalho.

Resolvido o segundo, passei para um Black & Decker moderninho. Não aquecia o suficiente. Ao abrí-lo, constatei que o termostato estava com defeito. Hoje fomos na autorizada perto da minha casa e descobrimos que a peça custava R$ 25,00. Achei um desaforo (novamente como diria a terceira idade) e não comprei, pensando que encontraria fácil em alguma loja virtual por R$ 5,00. Fatality! Não achei a peça, mas também não vale a pena manter um ferro elétrico assim, com peças tão difíceis de encontrar e tão caras. Façamos então o jogo do chinês. Lixo com ele porque eu tenho mais dois. Fatality na Black & Decker!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Olhar de engenheiro

Olhe bem a foto abaixo, retirada da homepage da Band. Neste acidente morreram 5 pessoas e mais de 40 ficaram feridas. Este veículo é um patrimônio histórico tombado. Com trocadilhos.

http://imagem.band.com.br/zoom/f_61856.jpg
Minha esposa costuma dizer que engenheiros olham as coisas de uma forma diferente. Quando fomos visitar pela primeira vez uma creche para colocar a nossa filha, enquanto ela olhava as salas e os livros, eu procurava extintores de incêndio e imaginava como seria uma evacuação de emergência naquelas escadas apertadas de uma velha casa mal adaptada.

Mas voltemos à imagem. Repare que por baixo do bonde não há cabos rompidos, nem fios expostos. Isto significa que não existe nenhuma automação nem qualquer outro recurso tecnológico moderno embarcado. Ao lado da roda é possível observar o freio, que é uma simples sapata que encosta na roda, fazendo o veículo parar. Testemunhas disseram que o maquinista do bonde não conseguiu frear o coletivo numa ladeira com curva, indicando que a causa do acidente teria sido uma falha no sistema de frenagem.

A suspensão também é primitiva, lembrando antigas carroças inglesas. O próprio formato do bonde já transmite uma ideia de instabilidade: ele é alto e ao mesmo tempo estreito. Ele tende a tombar.

Não há o conceito de célula de sobrevivência no projeto, inventado décadas depois da primeira viagem desta bela máquina: o teto e a parte superior, onde ficavam os passageiros e o maquinista, ficaram completamente destruídos e desacoplados da parte de baixo.

Colocaram para transportar milhares de pessoas diariamente um veículo com mais de 100 anos sem qualquer modernização real. Sim, é um bem tombado e, sim, precisamos mantê-lo o mais original possível, porém esta bela peça não estava estática num museu, exposto para nós sentirmos saudades de uma época mais calma e mais romântica e ao mesmo tempo refletir como a nossa vida melhorou e ficou mais prática. Esta máquina transportava milhares de humanos todos os dias e a segurança não pode ser subjugada pela estética.

Com a tecnologia atual, poderíamos deixar os bondes com a aparência do século XIX por fora, mas com toda a segurança do século XXI.

Primeiro e mais importante: parece que o sistema do freio não funciona segundo o conceito de falha segura. Neste conceito, em caso de falha nos freios, o mesmo fica na posição de frenagem. É melhor ter um gigante de toneladas parado que andando sem freios. É claro que existiriam eventuais transtornos por usar este conceito. No caso deste bonde, ele ficaria parado no meio da rua impedindo o fluxo dos outros veículos até chegar a equipe de manutenção. Seria desagradável, mas cinco vidas seriam preservadas.

A segunda sugestão é implantar o conceito de célula de sobrevivência: em caso de tombamento, o compartimento dos passageiros deve ficar o mais preservado possível. Seria o grande desafio estético: colocar quilos de barras de ferro na cabine sem mudar a aparência original.

Terceiro: atualização elétrica, com motores controlados eletronicamente e que podem eventualmente funcionar como freios auxiliares.

Quarto: piloto automático. Um controlador eletrônico, com ajuda de um GPS saberia exatamente onde o bonde está num determinado momento e em qual velocidade. Se mapearem no GPS os pontos mais perigosos como ladeiras e curvas, este pode fazer o controlador eletrônico diminuir a velocidade do veículo caso o maquinista não o faça.

Quinto: sensor de peso. Um sensor de peso não deixaria o bonde partir ou limitaria a sua velocidade máxima caso o limite de peso seja excedido.

Todas estas cinco sugestões não são frutos da imaginação ou ficção científica. Já existe esta tecnologia e talvez seja mais barato que o valor total das indenizações.




segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Segunda vez no cinema

Mariah entrou na onda dos Smurfs. É engraçado pois os Smurfs lembram a minha infância, quando o desenho era exibido na Globo e depois sumiu, num processo natural de reciclagem de desenhos que toda emissora faz. A história dos Smurfs tem tudo a ver com cinema, muito mais que Zé Colmeia e Scooby Doo, por exemplo, e não dá para aceitar que só agora tenham feito um filme dos Smurfs. Quem mandou não ser invenção de norte americano?



Mas Smurfs é todo anos 80! Até a técnica de misturar desenhos com filme, que chegou ao ápice naquele filme horrível chamado Uma Cilada Para Roger Habbit, recorda os anos 80.


Como bons gordos, ontem a noite, depois do stress da medicação errada da sogra, fomos fazer uma boquinha no McDonalds para aliviar o espírito com bastante gordura no fígado. A Mariah só come a batata frita, mas pedimos o McLanche Feliz por causa do brinquedo e ficamos com a tarefa de comer o sanduíche. Os gênios do marketing do McDonalds encomendaram da China a mesma quantidade de personagens - pelo menos foi a minha impressão -, só que os Smurfs só tem uma personagem feminina, a Smurfete, e é natural que as meninas se identifiquem e queiram o boneco da Smurfete. Resultado: não achamos a Smurfete nem com feitiçaria do Gargamel. Mostramos o catálogo que o McDonalds disponibiliza para escolher o brinquedo. "Escolhe, Mariah!" Tempo eterno passando. "Este!" "Não, a Smurfete não tem..."
 
"Este!" O escolhido foi... o Papai Smurf.


Este clima de Smurfs, esta vontade de ver o filme que acabou pela primeira vez despertando na Mariah facilitou a nossa vida. Ao contrário do Rio, que o nosso ufanismo boboca não permitiu que percebêssemos quão ruim e sem criatividade era o filme, a Mariah queria ver o filme dos Smurfs e, acreditem, não foi sugestão paterna. Além do desejo, o volume do som não estava tão alto quanto no Rio, o que estressou menos a pequena, que não gosta de som alto.

O esperado dia que a nossa filha assistiria um filme no cinema do início ao fim chegou. Descontando uma rápida interrupção para ir ao banheiro, pois nem a Smurfete é de ferro, e um pouco de perda de interesse e concentração no final. "Já está acabando, minha filha".

sábado, 20 de agosto de 2011

59 é o minuto mágico

O sábado começou normal e parecia que continuaria assim até às 23:59h. Até que no café da manhã a minha sogra se levanta da mesa por ter terminado e a Luiza lembra:

- Não esqueça de tomar os remédios.

Eu coloco mais achocolatado na caneca da minha sogra e passo as duas cumbuquinas, símbolo maior da organização da Luiza. Dois minutos depois Luiza constata que:

- A mamãe tomou os meus remédios!

- Isto nunca aconteceu, respondi, espantado.

Depois fizemos uma análise crítica e descobrimos que não devemos deixar as duas cumbuquinhas de remédios juntas.

- Anticoncepcional, Metformina e dois remédios de pressão.

E a sogra já toma remédio de pressão. Foram dois diuréticos. Descobrimos que ela não tem um médico de confiança com celular ligado.

- Liga para a Ana Cláudia!

Ana Cláudia é mãe da Juliana, amiga de escola da Mariah. Ela é pediatra e já foi personagem deste blog. Bem, toda pediatra é também clinica, numa emergência como esta ela pode nos ajudar com um primeiro atendimento. Luiza relatou os remédios, as dosagens. Ana Cláudia disse para não se preocupar muito, mas que deveríamos acompanhar o comportamento a minha sogra e o volume de urina. Minutos depois o Tio Arthur, primo da minha sogra e biólogo, retorna a ligação e diz mais ou menos a mesma coisa. Ana Cláudia telefona e informa que conversou com o pai, cardiologista, e ele disse que não era para se preocupar com a Metfomina e manter a vítima em observação, porém provavelmente nada de grave iria ocorrer. Medimos a pressão. 9,5 x 7 ou algo assim. A diurese não tinha começado e decidimos repetir as medições a cada meia hora e ir na padaria comprar Gatorade para repor os sais que seriam perdidos pela urina. Levei Mariah para ela sair de casa porque o dia prometia ser de vigília doméstica.

Por volta das 14h, provavelmente o pico da ação da medicação, a pressão sistólica chegou a menos de 7 e achamos melhor levá-la para uma emergência de um hospital. Chegamos na Ordem Terceira. Uma placa minúscula indicava que a emergência estava em obras e inoperante. É evidente que só é possível ler a placa depois que você entra. Manobra aqui, manobra ali e fomos embora. Quinta D'Or, porém antes para numa padaria para a sogra urinar. O plano de saúde dela não inclui o Quinta D'Or e só descobrimos que a migração da CAARJ para a Unimed não foi tão boa como imaginávamos naquele momento.

- O funcionário do Quinta D'Or indicou a Doutor Aloan.

Um vento forte enchia os nossos olhos de terra. No Doutor Aloan nos deparamos com um ambiente muito calmo para uma emergência de plano mais barato da Unimed.

- Moço, onde fica a emegência?

- É aqui, só que fechou ao meio-dia

Mais uma descoberta: a minha sogra só pode passar mal até às 11:59h.

- Vamos para a São Vitor!

O bom relacionamento conjugal me impediu de comentar que a minha esposa deveria estar com o livro da Unimed devidamente acoplado ao sovaco desde o momento que ela entrou no carro. Tudo bem, é o caminho de casa de qualquer forma. Chegamos na São Vitor e uma placa indicava que a emergência só funcionou até às 11:59h. Com a sogra em aparente bom estado, decidimos arriscar e voltar para casa. Em casa, medimos a pressão e já estava em curva de ascendência, indicando que o efeito dos remédios estava passando.

A sogra está bem e o banheiro já apresenta o seu tempo médio de ocupação normalizado.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Shock

Anteontem Luiza telefonou para mim, por volta das 15h. Relatou que a máquina de lavar roupa parou no meio do ciclo. Sugeri que procurasse por um disjuntor desarmado. Sempre planejo anexar um papel e colar na porta do quadro de disjuntores indicando a função de cada um. "Circuito 1: ar condicionado do quarto do meio", "Circuito 2: ar condicionado do nosso quarto" e assim por diante. Para falar a verdade, o quadro de disjuntores está sem a porta. Uma situação altamente perigosa, porque o morador anterior instalou este quadro uns 50cm do chão e eu, quando eu inseri novos disjuntores, não recoloquei a porta porque queria pintá-la. Está assim até hoje. Sabem como é: devemos promover uma obra em dezembro e o bloco da procrastinação desfila bonito.

Com ajuda da faxineira descobriram o bendito do disjuntor. Tentei tranquilizá-la lembrando que a função dele é justamente proteger o circuito elétrico e evitar incêndios ou maiores prejuízos. A Luiza ficou com medo, porque poderia ser um problema na máquina de lavar, que já tem mais de 10 anos. Mesmo temerosa, religou a máquina e o ciclo se completou. "O disjuntor abriu de bobo ou é um defeito intermitente", pensei.

Ontem, de noite, descobrimos o defeito: Mariah se aproximou de um disjuntor e plec!



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Pizza! Queremos pizza!

A classe média, no Brasil, possui um comportamento engraçado: os pais tem um fetiche de alfabetizar o filho o quanto antes, de preferência enquanto ainda usam fraldas P, mas não há livros visíveis na casa destas crianças. Aliás, encontrar TVs enormes de LCD, aparelhos se som potentíssimos e nenhum livro é um cenário comum nas residências de clásse média do Rio de Janeiro. É um péssimo, triste e preocupante sinal.

Com a Luiza, que é pedagoga, aprendi que não é importante alfabetizar tão cedo. É vaidade paterna pura. Existem outras coisas mais importantes para ensinar nesta época. Outro dia Mariah se divertiu engraxando sapatos comigo. Também já a ensinei a trocar pilhas e apertar parafusos. Não sei não, mas talvez eu esteja fazendo a bobagem de criar uma engenheira.

Mas ontem foi dia de festa, então eu e Mariah fizemos pizza! O disco já compramos pronto (Massa Leve, uma delícia de uma marca desconhecida), o molho de tomate também. Aquecemos com um pouco de azeite e orégano e colocamos sobre o disco. Um pouco de mussarela e temos uma menina de 3 anos sem paciência para esperar a pizza assar.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

I have a dream

A Internet é como um grande sucateiro: existe muito lixo, mas também encontramos uma ou outra raridade que vale a garimpagem. Que tal começar o final de semana ouvindo e lendo uma jóia da história mundial? Dia 28 próximo completam 48 anos que Martin Luther King, Jr. fez o discurso "I have a dream", no Lincoln Memorial, em Washington. Este site

http://www.americanrhetoric.com/speeches/mlkihaveadream.htm

oferece o discurso original, com toda a carga emotiva de um grande orador.


Aproveite o final de semana do dias dos pais para treinar o seu inglês, relembrar a história e refletir sobre como o homem é tão burro que avalia o outro homem pela cor da pele.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Foto sozinho?

As datas comemorativas são bem previsíveis, mesmo as móveis como Carnaval e Páscoa. Dia das Mães cai sempre no segundo domingo de maio e o Dia dos Pais, no segundo domingo de agosto.

No entanto a escola da minha filha tem uma enorme dificuldade de entender estas datas e se programar. Anteontem, 08-08-2011, chegou o convite para a festa do Dia do Papai e um pedido para enviar até amanhã uma foto preto e branco somente do pai. Bem, eu descobri ontem que não tenho nenhuma foto sozinho que não seja muito antiga - e, para mim, antigo é qualquer coisa anterior ao nascimento da Mariah - e que mereça ser entregue para alguma homenagem.

A Luiza enprestou-me o pen drive com algumas fotos. Não achei nada interessante. A única solução que eu encontrei foi pegar a imagem do crachá do meu trabalho e convertê-la para preto e branco. Descobri então que a conversão de colorida para preto e branco de uma fotografia salva em arquivo padrão JPG não é um recurso tão fácil de encontrar nos softwares de tratamenteo de imagem grátis como eu imaginava.

Então vai, copia a fotografia do crachá para o pen drive, vai para casa, coloca o pen drive no computador, instala o velho programa de tratamento de imagens que foi fornecido junto com o meu falecido scanner TCE, executa o programa, converte para preto e branco e salva de novo no pen drive. Próxima missão: imprimir a foto em formado 10 por 15. Ser pai cansa.