terça-feira, 5 de março de 2013

Inferno Astral II

Dia 21 acaba.

Drama 1:
Final de semana a Luiza, lavando a louça, quebrou a jarra da cafeteira elétrica novinha. E a sogra_1 bebe café toda manhã. Lá vou eu dar uma de MacGyver: pego um pequeno recipiente e coloco no lugar da jarra. Só que a cafeteira tem uma maldita válvula corta-gotas e eu tenho que ficar o processo todo empurrando a válvula com um garfo.

Telefonei para duas autorizadas da Arno. Uma não tinha a peça e a outra tinha por 45 reais. 45 reais por uma jarra de cafeteira chinesa? Fui na Casa & Vídeo e aproveitei a Liquidação Maluca e comprei uma cafeteira Mais Você da NKS que também é importada da China por 39,99 reais. No ônibus pensei na possibilidade de, sendo feitas na China, talvez fossem compatíveis. Batata! Fica a informação: a Jarra da Cafeteria NKS Mais Você de 14 xícaras funciona perfeitamente na Cafeteira Arno Perfectta de 12 xícaras. Agora vou desmontar a cafeteira NKS e aproveitar as peças.

Observem o tamanho desta fábrica de eletrodomésticos:





Drama 2:
Como retorno a um "Bom dia" pelo celular sou informado que a máquina de lavar não estava bombeando a água para fora. Defeito: motor da bomba emperrado depois de 12 anos de bons serviços. Limpei o motor e agora está tudo funcionando perfeitamente. Antes de retirar o motor da bomba da sua carcaça plástica eu recomendo fortemente que seja marcado com uma caneta de retroprojetor a posição do conjunto. Demorei um tempão para achar a posição correta na remontagem.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Inferno astral

Acabou o meu Inferno Astral, mas o da minha mulher começou na quinta-feira. E foi por volta desta quinta-feira que me avisou que o celular dela estava descarregando rápido. Não dei muita atenção pois não sabia que seria tudo tão rápido.

Domingo ajudamos a Mariah no dever de casa. Foi o primeiro de muitos que virão. No meio da tarefa, sobre a mesa, Luiza reparou que o celular dela foi desligado. Na verdade ele moooooooooorreu. Abri suas vísceras e a bateria estava liberando o eletrólito interno e molhou o aparelho por dentro. Limpei o que foi possível, troquei o chip para ela usar o meu e agora vou catar uma nova bateria.

ATUALIZAÇÃO: comprei a bateria por R$ 20 e o celular está funcionando perfeitamente. Acho que exagerei um pouco na força dos astros.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Prioridades

Sempre disseram que o inferno astral da pessoa começa sempre um mês antes do aniversário e termina no dia do aniversário. Deve ser verdade, tenho observado uma onda de azar em cima de mim sempre nesta época. Ainda bem que acaba amanhã, mas a minha máquina fotográfica quebrou.

Até que durou muito, visto que compramos em 2005 para a viagem à Espanha. Hoje em dia tem aquele conceito que inicialmente era contábil e virou um mantra do consumismo despudorado: "Já se pagou".

Bem, esta foi a máquina fotográfica número 3. A número 1 eu comprei ainda solteiro, no ínício do Plano Real (1994), quando desaguou no mercado brasileiro umas cameras russas. A Rússia foi a nossa China naquela época.

E o Newtinho comprou uma Zenit 122K. O K era porque era compatível com objetivas de encaixe baioneta da Pentax. Era um típico produto russo: design medonho, pesada, mecanismo duro, mas os sistema ótico era maravilhoso. As fotos ficavam lindas, bem melhores que as números 2 e 3.



A qualidade geral da máquina deixava a desejar. O parafuso que prendia a alavanca do avanço do filme soltava sozinho com o uso. De nada adiantava apertar até tentar sair suco de parafuso. Um dia ele caiu e eu não vi e perdi o parafuso e, com isto, a capa de plástico da alavanca não ficava presa e sem a capa de plástico o ato de avançar o filme era doloroso. O segundo problema era o fotômetro. A máquina era toda manual e para avisar que a quantidade de luz era a ideal existia um fotômetro embutido. Fotômetro russo: três leds, dois vermelhos e um verde no meio. Em pouco tempo um dos leds vermelhos parou de acender e o ajuste ficou mais dífícil.

Doei a Zenit para o meu professor de hidroginástica. Sim, como bom E66.8 de classe média já fiquei correndo na piscina sem sair do lugar como um ramster aquático.

A máquina número 2 foi comprada em 1996. Uma Canon EOS5000, um modelo maravilhoso que nos deu muitas alegrias, embora não tivesse ajuste por prioridade de abertura, só por velocidade. Foi encostada pela obsolescência pois era analógica, no entanto até hoje a temos guardada com muito carinho.



A número 3 foi uma Olympus D-435 simples. Os 5.1Mpixel soam quase como um deboche, mas por que eu trocaria por um modelo melhor e mais moderno se ela estava funcionando bem? A única coisa que nos incomodava era o display pequeno.



Mas um recurso que sempre me incomodou nas digitais simples foi a ausência de regulagens como as analógicas. A maioria oferecem configurações padrão ("Neve", "Esportes", "Retrato", "Paisagem" etc.). para o usuário amador e médio. Para quem teve o gostinho de uma analógica na mão isto era de doer! Eu queria voltar a fazer fotos com baixa profundidade de campo para poder borrar o fundo (sem duplo sentido, por favor).

Foto com baixa profundidade de campo: repare que os atletas estão focalizados, mas a torcida não
 Depois de muita pesquisa e quase desistência eu descobri uma Canon por menos de 500 reais que apresenta as prioridades de velocidade e de abertura. Para quem estiver interessado, é a SX150 embora eu aviso que só pesquisei e olhei o manual on line e nem sequer toquei na máquina. Depois do rombo da obra uma máquina fotográfica não está entre as nossas prioridades.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cabeça de Turco - comentários

Um dia, após um cineminha, bem antes da Mariah nascer, eu e a Luiza fomos a uma livraria que ficava em frente. Um livro exposto me chamou a atenção, mas eu não comprei: "Cabeça de Turco". Ele entrou na fila dos livros que eu um dia leria, junto com "Baile de Máscaras" e 'Miséria à Americana". Adoro mundo-cão.

Ao voltar de férias eu achei o "Cabeça de Turco" num sebo e comprei por R$ 10,00. Um bom negócio, a despeito do estado meio nojento do exemplar. Não considere as letras seguintes como uma resenha. São apressadas reflexões antes que eu esqueça o conteúdo.

Depois de tanto tempo a seco, preciso lubrificar o estilo e peço um pouco de tolerância neste aspecto.

Alemanha.
1983.

Depois de anos de prosperidade, a nação enfrenta uma forte recessão e desemprego. Nos anos de bonança, milhares de imigrantes chegam em busca de trabalho. A maioria turcos pois o país enfrenta uma forte ditadura. O turco é o latino dos Norte Americanos e ou boliviano das confecções clandestinas de São Paulo. É a mão-de-obra barata, em muitos casos escrava, longe dos seus vínculos e perto das humilhações e preconceitos.

Neste cenário Günter Wallraff escreve "Ganz unten" ("Cabeça de Turco", da Editora Globo). Wallkaff se disfarça de turco e passa dois anos vivendo como tal no melhor estilo de jornalismo investigativo. Trabalha de caseiro numa fazenda, funcionário do McDonalds e cobaia humana da indústria farmacêutica. Mas o que recebe maior atenção na obra foi a experiência como trabalhador terceirizado numa siderúrgica.

Como (quase) todo livro-denúncia, a obra é chata de ler, ousaria dizer que é mal escrita. Ou mal traduzida. O contexto parece ser bem distante do nosso, mas o tema não. Eu lia e não parava de pensar nos mexicanos e bolivianos, embora os turcos possuam uma maior distância cultural dos alemães que os mexicanos dos norte americanos. A idade da obra incomoda pela atualidade do relato, pela insensibilidade dos que estão com o poder e com o dinheiro. É quase uma psicopatia.

Paralelamente a isto, o autor ainda nos pincela com a saudade de alguns alemães do nazismo e dos seus símbolos humanos Hitler e Mengele.

Repare que a Editora Globo foi cordial: não só mudou o título do livro como alterou a capa, talvez para preservar a siderúrgica alemã dos que não lerão o livro. Compare:

Capa original alemã: na cabeça imunda de Wallraff um capacete com um símbolo bem familiar. Ao fundo, a fumaça da siderúrgica.
Primeira versão da Editora Globo: aumentaram o contraste e a sujeira no rosto não é mais tão evidente. Somem o capacete com a logomarca e a siderúrgia ao fundo.

Versão atual do livro. Wallraff sai de cena.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Deixem a Veja em paz

A Carta Capital não é tendenciosa?

A Caros Amigos não é tendenciosa?

Por que só reclamam de revista de Direita tendenciosa?

Aliás, tu achas mesmo que as revistas de informação da geração anterior não eram tendenciosas (Cruzeiro, Manchete etc.)?

A única que eu tenho certeza não era tendenciosa era a "Ele & Ela". Inclusive havia um maravilhoso suplemento chamado "Fórum" con histórias veridicamente inventadas:

 " "Estava eu passando pela rua quando me deparei com uma loura escultural, seios fartos, coxas grossas e bumbum arrebitado (....) e nunca mais a vi! (...) Se você está lendo este relato saiba que foi maravilhoso!"
(Adão, São Paulo)."


domingo, 9 de dezembro de 2012

Para amenizar o calor

Eu sei que ninguém vai acreditar, mas acabei de tomar uma Moet & Chandon gelada num balde de químicos para piscina.

As fotos falam por si:



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Desesperado

Ontem eu tive que ir em Juiz de Fora a trabalho. Viagem do tipo bate e volta, sem pernoite. O carro passaria para me buscar às 6h e eu pedi à Luiza para botar o celular dela para despertar às 5h. No meio da madrugada parecia que existia um compressor de aquário no meu estômago. A cutucada surgiu forte e eu fui ao banheiro. Fiz tudo no escuro para não despertar e na volta preferi não olhar o relógio para não desesperar. Deito na cama, aliviado mais ou menos.

- Newton, são 04:30h...

Não deu tempo nem de lamentar. Novas borbulhas e novas cutucadas. Volto ao banheiro. Diarréia. Mesmo assim eu me arrumo e olho a rua pela varanda no exato momento que chega o carro. O danado está cinco minutos adiantado. Entro no carro e aviso ao motorista sobre compressores de aquário e cutucadas e digo que se não melhorar até a busca do terceiro passageiro eu volto para a minha casa.

O motorista corre para Copacabana num trânsito ótimo de uma segunda-feira por muitos enforcada e entra na Toneleiros. O espanhol entra. Juan Pablo, a testemunha do meu rosto abatido.

- O GPS não está achando esta tal de Travessa dos Tamoios.

- Digita só "Tamoios", num tom de quem já apanhou muito de navegador GPS. Para falar a verdade, eu nunca tinha ouvido falar em Travessa dos Tamoios. Fica no Flamengo.

- Achei.

Por um milagre de Nossa Senhora de Copacabana o compressor desligou. Estava me sentido tão aliviado. Entra a Priscila.

- Pode ir à Juiz de Fora!- Foi só falar que o compressor liga de novo. Por sorte, a Priscila, como todos nós, não tinha tomado café da manhã e sugeriu a Casa do Alemão. "Desativarei a bomba relógio no banheiro do Alemão", pensei.

Como era de se imaginar, o percurso aterro do Flamengo / Perimetral / Linha Vermelha / BR040 durou uma eternidade cruel, mas logo após a REDUC vemos o meu oásis intestinal. O carro diminui a velocidade e começa as manobras para estacionar. A cutucada está cada vez mais forte e abusada, mas tudo bem, dentro de cinco minutos estarei livre, leve se solto.

Neste instante a Priscila acorda do cochilo e diz:

- Moço, eu prefiro aquela Casa do Alemão que fica na entrada de Petrópolis.

sábado, 10 de novembro de 2012

Orgulho familiar

Esta semana descobri que no Google Livros tem várias edições da revista PLACAR, da editora Abril. Digitei o nome do meu irmão #1 e apareceram várias matérias.

Deu vontade de chorar quando eu vi uma capa em especial: ele cobriu o campeonato mundial de basquete de 1986 e, a partir do momento que embarcou, a minha falecida mãe toda a semana comprava a revista para ver se publicaram alguma reportagem dele. Um dia saiu uma longa e bem escrita matéria de cinco páginas (!!!) na revista.

Todos os irmãos mais novos da família Trololó devem a ele um futuro melhor.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Obama Gonzalez

A derrota republicana mostra claramente a latinização dos Estados Unidos. Está nos mapas de apuração: quem elegeu o Obama foram os descendentes de latinos não-cubanos. A mensagem e a ideologia dos republicanos espelham uma colonização britânica e protestante. A cultura latina espelha uma colonização ibérica e católica. Como diria a Bruna Surfistinha, não iria rolar uma química mesmo. A maior prova deste fato é que, por aqui, até jornalista de direita torce por Obama.

O republicano prega o Estado mínimo, o latino quer que o Estado cuide dele. O republicano quer tirar impostos das empresas e dos ricos, o latino não liga se aumentarem os impostos, desde que ele não pague a conta. O republicano acha que fábricas falidas e mal administradas devem quebrar, o latino acredita numa relação afetuosa com as empresas e o apoio do BNDES à indústria nacional. O republicano acredita na impessoalidade e no mérito, o latino ama as relações pessoais e a influência em benefício próprio. O republicano é individualista, mas respeita os direitos coletivos, o latino diz que os outros é que são egoístas e faz este discurso enquanto suja as ruas, coloca som alto e muito mais.

Os EUA é uma terra de imigrantes: ingleses, irlandeses, italianos, indianos, judeus, portugueses. Todos se adaptaram relativamente bem à cultura norte-americana. O latino está conseguindo mudar o país por meio do voto silencioso.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Mudança de plano

Sábado a Luciana chamou as coleguinhas de classe de Beatriz para fazer um Chá de Bonecos. A proposta inicial seria simplesmente deixar as crianças no apartamento da família Trotta das 15h às 18h. Regras são regras, mas como aproveitar bem três horas de uma tarde de sábado?

Motel e churrascaria! Se passar um pouquinho do tempo a gente daria uma de João-sem-braço e buscaria a Maricota mais tarde. Maricota adora brincar com a Trotta mesmo. Motel dá fome e churrascaria tira a fome. Larica sexual. E assim foi até que mudaram o regulamento: as mães ficam.



Tudo bem, eu aproveito para estudar e dar um jeitinho na casa. Tinha até comprado alicate crimpador para colocar o sinal da TV a cabo no quarto e fazer uma surpresa quando a Luiza voltasse. Na sexta, já com o alicate na mão, telefona o Luiz Trotta:

- Vamos na CADEG com o Warly?



Warly é o pai do Pedro, que também iria para o Chá de Bonecos com a Mãe.

- Vai, Mô, vai se divertir. A mãe só se ferra mesmo, suspirou.


Como as coisas se transformam rápido por aqui. De sexo agendado com uma ex-loura para uma cerveja na CADEG. Na verdade antes iríamos para uma degustação de cachaça em Niterói - torcendo para que o temido Grande Balão Branco não aparecesse no caminho de volta -, mas o Warly se atrasou e fomos direto para a segunda parte.

Calor miserável, lotado e com uns portugueses comemorando numa transversal. Pelo menos tivemos a sorte de conseguir estacionar fácil e rápido. No sol.

Era uma loja que vendia cervejas especiais artesanais ou não e importadas. Umas mesas permitiam que você bebesse e não apenas comprasse. Acho que é uma tendência, porém nunca tinha feito degustação de cerveja. Depois de um tempo percebi que a loura magra que atendia tinha um sotaque estranho. Ela era dinamarquesa, disse que morava no Rio de Janeiro há dois anos e já estava falando muito bem a nossa língua. O que faz uma pessoa sair do paraíso para o inferno? Só pode ser o frio. O Trotta, fazendo média, pediu que ela sugerisse uma cerveja da Dinamarca e a garçonete apareceu com uma Faxe. Bebemos como uma fina iguaria.



Não quis cortar o barato do povo, mas em 1994, na época do Plano Real e do US$1,00 < R$1,00 esta cerveja era vendida na... Casas Sendas!



Ainda não coloquei o sinal da TV a cabo no quarto e sábado agora tem a forra, a Festa do Pijama no cafofo mais bagunçado da Tijuca. Desejem-nos sorte.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Dr. Clodomiro

Cena 1)
 A mãe de um amigo meu paga o plano de saúde D. O plano é ótimo, desde que o cliente não cometa o abuso e a indelicadeza de adoecer. A velha pega uma infecção urinária daquelas de chorrar de dor e precisa ser internada. Neste momento o meu amigo descobre que só há quartos disponíveis em clínicas nebulosas tão tão distantes da sua residência. "Por sorte" - disse o meu amigo - " O médico também clinica no hospital público municipal e sensibilizou-se com a minha mãe, conseguindou uma internação neste hospital".

Cena 2)
A empregada de uma vizinha está com uma doença e precisa de consultar com um endocrinologista. O plano de saúde dela, o M, é tão bom quanto o D e ela não consegue marcar a consulta. Neste momento uma outra vizinha dispara: "O meu pai é médico e trabalha no hospital federal. Conversarei com ele para ajudar a menina".

Cena 3)
Clodomiro da Ambulância trabalha numa empresa terceirizada dirigindo ambulâncias e a sua base de trabalho é um hospital público na Baixada Fluminense. Bem falante, trabalhador, amigo e comunicativo, Clodomiro tem um ótimo trânsito entre os funcionários do hospital, principalmente com os médicos. Nestes quase 10 anos trabalhando no mesmo local, Clodomiro consegue furar as filas de atendimento ambulatorial, exames e internação para a população pobre da comunidade onde vive. Graças a este serviço o nome de Clodomiro é um dos mais cotados para a próxima eleição para a câmara dos vereadores da cidade onde mora. No seu íntimo ele repete o mantra: "Se ganhar a eleição, vou roubar muito e fazer o meu pé de meia".

As três cenas são reais, preservando apenas os nomes dos protagonistas e dos planos de saúde. Como sempre, o preconceito com o pobre faz com que as cenas 1 e 2 sejam não só socialmente aceitas como estimuladas. O médico do município que fura a fila para uma cliente da rede privada se apropriar da vaga é visto como um santo. O Clodomiro da Ambulância é visto como um corrupto, um traficante de influência.

Não há, na essência, distinção entre os três casos. É tudo corrupção e tráfico de influência, fruto da nossa cultura que acha que o patrimônio público não tem dono e por isso precisa ser apropriado por alguém. Não faz diferença se quem se apropria é o médico ou o Clodomiro.

Quem fica de fora da festa é o pobre que não pode pagar nem o plano D, nem o plano M. Este deve ficar ordeiramente no seu sofrimento e se conformar em esperar 6 meses por um exame de sangue e 5 anos por uma cirurgia plástica reparadora. Demora muito por faltar médicos, materiais e leitos ou por furarem a fila?

Quando não dá para esperar aparece o já citado "Clodomiro da Ambulância" ou os seus congêneres: o "Jonas Lourival do Posto de Saúde" e o "Paulo Idelfonso do SUS". E estes se elegem, mas o problema é muito maior: é a falta de perecepção que eles e o médico do hospital público são corruptos e traficantes de influência.

Em 1986 o meu irmão #2 me colocou no curso Soeiro, um preparatório localizado em Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro. Na minha turma quase todos queriam entrar nas escolas militares (EPCAR, ESPCEX e Colégio Naval) eu era o diferente, queria ser técnico em eletrônica. Na hora do intervalo eu vi um colega de classe bebendo uma Coca-Cola de garrafa de 290ml. Perguntei quanto custou e ele respondeu: "Um cruzado e noventa centavos." Hoje em dia poucos se interessam pela carreira militar e menos ainda se lembram que achávamos normal e salutar o governo controlar o preço de refrigerantes. O Brasil mudou. Quem sabe até 2036 a população não comece a achar errado furar a fila do hospital?

Em tempo: se o seu plano de saúde te deixa na mão, não fure a fila do hospital público, mas faça o certo: denuncie a administradora do plano de saúde à ANSS: 0800 701 9656.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sangue bom

Hoje baixei o arquivo do meu exame médico de sangue. Ninguém diria que é de um serelepe E66.8.

Morra de inveja, Lenz!