segunda-feira, 22 de abril de 2013

Grua e gorda

Compramos a máquina fotográfica nova. Ainda estamos nos adaptando e conhecendo os seus recursos. O mais difícil está sendo acostumar-me com o vermelho quase vinho do corpo. O que a gente não faz para economizar uns tostões? Sim, porque a promoção era para máquina com o corpo vermelho. Acho que ninguém quer uma que não seja preta ou prateada. Influência da indústria automobilistica, só pode ser. O vermelho, que deveria ser fashion, virou indesejado por ser diferente.


A vida em preto e branco...






No sábado, 20 de abril, fomos ao Via Parque comprar os ingressos para o Disney no Gelo, mas rolaram uns contratempos e acabamos não comprando, deixando para depois, quando estiver disponível nas bilheterias do Maracanãzinho.








Enquanto isso o meu sobrinho foi ao Barrashopping com a namorada. Deixamos a Mariah com o Pedro no parque de diversões localizado no segundo andar do Via Parque para eles brincarem um pouco. Aproveitei para tirar umas fotos naquele ambiente colorido e lúdico. Em dado momento eu vejo o Warly, pai do Pedro, jogando naquelas máquinas de grua que até uns anos atrás empesteavam quase todos os botequins de subúrbio. A mais famosa era uma tal de "Neo Carnival", que eu sempre achei mais difícil porque a garra só tinha duas pinças.

Se eu morasse numa casa com quintal grande...


Com o hobby do pinball eu conheci muitos operadores de máquinas de grua. Quem operava fliperama, operava máquina de grua e sonhava em operar caça níqueis. No linguajar do ramo, operador é o dono da máquina. O dono do botequim normalmente entra no negócio com o espaço físico e a energia elétrica, ficando com um percentual do faturamento.

Quase todo operador é chorão e se acha técnico. Nomalmente não entende nada de eletricidade e eletrônica, mas tenta consertar as máquinas para economizar. Como alguns defeitos são simples e de ordem mecânica, ele consegue uma taxa de sucesso relativamente boa. Alguns, inclusive, sabotavam a máquina, diminuindo a força das pinças. Em certos casos a fraude era tão grande que era simplesmente impossível pegar o bichinho de pelúcia. Acredito que foi isto o principal motivo destas máquinas rapidamente terem caído em descrédito e desuso.

Sabendo disso, eu nunca brincara com uma máquina dessas. Ninguém quer ser roubado e simplesmente olhando uma máquina não é possível descobrir se foi ou não adulterada. Eu li uma vez uma reportagem no jornal em que adolescentes davam dicas: tinha que pegar pelo corpo e não pela cabeça e o bichinho não poderia estar "enterrado" ou preso nos outros bichinhos. Dicas absorvidas, jamais aplicadas.

Diante do fracasso do Warly e o ócio, pequei uma ficha e tentei na máquina ao lado. A sorte de principiante realmente existe. Não peguei um, mas dois bichinhos de pelúcia. Pedro pediu loco o sapo. Ficou para a Mariah o dinossauro (ou seria um dragão?).



Na saída fomos buscar o João e a Brenda para comer pizza. Na pizzaria, quando quase estávamos terminando, entrou um casal. A mulher era gorda, com um vestido longo, até o pé. Nem reparei no rosto dela. Nem perceberia o casal se ela não fosse tão gorda. A história terminaria aqui se eu não visse um casal adolescente de namorados pegando o celular e tirando fotos da mulher. O namorado repreendeu, mas não pareceu ser pelo ato em si, mas por medo da vítima perceber e o casal criarem uma confusão.

Que sociopatia é esta que as pessoas tratam seres humanos como bichos de circo, como animais de zoológico que merecem ser fotografados e enviados para Facebook, Instagram ou qualquer outro instrumento de exibição? Se o casal fosse anão ou negro e a namoradinha fotografasse acredito que todos, hoje, repudiariam energicamente, porém fazer o mesmo com uma pessoa gorda parece não ter problema algum. É a Mulher Gorda do circo que voltou, desta vez na vida virtual de todos nós. Estava impresso no rosto e nos olhos da namoradinha o deboche e a diversão a cada clique do corpo que excedia a cadeira, como se fosse um transbordamento.

Tudo isso me lembrou da Haley Morris-Cafiero e seu projeto de mostrar como as pessoas reagem ao ver um gordo. A vida virou uma grande grua de pegar bichinho e quem está dentro da máquina esperando ser içado são todas as pessoas que fogem do padrão imposto. Acho que é por isso que a minha esposa me chama de Ursinho.


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