Sanwa 320-X

Estou aproveitando o confinamento para consertar equipamentos que aguardam manutenção há anos e talvez o melhor exemplo seja este multímetro Sanwa modelo 320-X. Comprei-o num camelô que vendia produtos reciclados a cerca de um quilômetro da minha casa por cinco reais.

O meu verdadeiro medo era o tempo e o esforço perdidos em algo destinado ao descarte. O risco era muito elevado e desestimulante. O visor de vidro estava solto e imaginei que muita poeira tenha entrado no sensível mecanismo do galvanômetro. Mas este  não é um multímetro comum; era um Sanwa 320-X! Até hoje este instrumento é desejado e vendido por preços elevados no Mercado Livre.

Finalmente ontem, 12/08/2020, iniciei o reparo. Fui para o "tudo ou nada". Desmontei-o, retirei o conjunto do galvanômetro e lavei o vidro e a parte do gabinete que abriga o vidro com água e sabão. O Vidro além de solto estava quebrado no canto superior esquerdo, mas era quase inperceptível e não afetaria o desempenho do aparelho.

Remontei o conjunto do vidro e colei com cola quente. Reinstalei o galvanômetro e apertei as porcas da chave seletora de funções que estavam soltas. Limpei o potenciômetro que ajusta do zero das escalas de resistências. Por fim, o resistor original de 79,5 Ohms foi substituído pelo dono anterior por um de 100 Ohms. Resolvi este problema colocando em paralelo um resistor de 390 Ohms.

Agora só falta pintar a parte de trás do gabinete, mas está totalmente operante. 

Eu preciso definir agora o destino deste multímetro vintage, lindo, robusto e uma preciosidade da engenharia, porém totalmente focado em manutenção de equipamentos valvulados, pois mede até 5000 Volts DC, mas somente 250mA DC.

Meu bolso pede que eu anuncie no Mercado Livre, porém eu sei que, se vender, nunca mais serei dono de um outro Sanwa 320-X.

Multímetro Sanwa 320X - posição dos componentes

 

Transforduino

Autotransformadores que elevam e abaixam a tensão da rede são relativamente comuns. São usados quando a rede doméstica opera com uma tensão diferente da necessária para alimentar o aparelho. Um caso típico é quando uma pessoa mora do Rio de Janeiro, RJ, onde a alimentação é 127V, e decide levar uma geladeira para Nova Friburgo, RJ, servida com 220V.

Ocorre que boa parte dos autotransformadores são enrolados com uma relação de 2:1 e isto significa que, se limentar com 127V a entrada de baixa tensão a saída de alta tensão apresentará 254V.

De posse de um autotransformador como enrolamento original danificado, decidi construir o Transforduino, um transformador 110V - 127V, como mostra o esquema de enrolamento abaixo.

As vantagens do Transforduino para a minha modesta oficina são:

(a) Obter 110V para alimentar alguns aparelhos destinados ao mercado norte-americano e aparelhos projetados para operar com 127V com subtensão, prolongando a vida útil com uma perda de desempenho sem muita importância;

(b) Em conjunto com um autotransformador comum, ter disponível 220V e não 254V; e

(c) Permitir uma sobretensão de 146V ao ligar a entrada de 110V com 127V e aumentar a potência do ferro de soldar ou mesmo da furadeira elétrica por alguns instantes.

Nas imagens abaixo o Transforduino em fase final de montagem e totalmente operante e etiquetado.