terça-feira, 12 de julho de 2011

Malas

Há algo de belo nas malas. Não sei se é porque minha mente sempre corretamente associa à viagens - e eu adoro viajar -, ou se é por serem um exemplo de simplicidade e perfeição: um paralelepípedo que abrimos por meio de um zíper. Ah, existe a alça e as rodinhas, porém podemos considerar as rodinhas como opcionais.

Em 2005 eu e a minha esposa fizemos as contas e percebemos que era financeiramente viável uma viagem de férias para a Espanha. Decisão dos juizados, porque eu já tinha retirado meu siso e o cafofo estava quitado. Mas a história é longa, quase uma saga, e todos sabem que poucos aguentam leituras longas em blogs, principalmente de quem não é um profissional das letras e palavras. Talvez em outra oportunidade eu escreva com detalhes e calma para tentar melhorar o texto. Retornemos à mala.

Quando fomos comprar as passagens, a antecedência não foi suficiente para ir e voltar por Madri. Com um pouco de labor com a operadora da agência de viagem conseguimos encaixar um dia para a ida e um dia para a volta que fosse adequado para nós. O único "problema" era que o retorno era por Paris. Que chato! Que inconveniente!

Começou então uma maratona que eu não recomendo para fazer em 20 dias: Madri, Sabiñanigo, Barcelona, Granada, Madri novamente com passagens por Ávila e Toledo e Paris. A mala, de fabricação nacional comprada numa loja famosa, não resistiu e começou a se decompor em Barcelona. Em parte é culpa da minha esposa, que parecia transportar tijolos de chumbo, concreto armado e placas de granito. Para aliviar o peso despachamos parte da bagabem pelo correio numa agência perto de uma grande estação de trem em Barcelona. Foram livros, CDs e pequenos objetos. Roupa suja era muito infame para enviar pois acho que tiraria todo o glamour da viagem.

Cinquenta Euros mais pobre, seguimos o destino com a mala capenga até chegar em Paris. Num bairro um pouco sinistro, encontramos um mercadinho pé-sujo. Nada de Carrefour ou Casino, tão na moda nestes conturbados dias, mas um bem simples mesmo. A loja deveria ter uns 150 metros quadrados. No fundo da loja havia uma mala. Não encontrei indicação da procedência, entretanto o preço convidativo indicava que a mão-de-obra era chinesa e não francesa. Três malas, uma dentro da outra. Compramos e estamos felizes até hoje. Ela é pesada, no entanto o material é bom e aguenta o tranco. Por que os produtos chineses que são vendidos no Primeiro Mundo são melhores que os vendidos por aqui?

Luiza continua testando as nossas malinhas, colocando blocos de motores a diesel e pedras de mármore.

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