sexta-feira, 11 de novembro de 2011

And the winner is...

Certas ideias saem da boca do povo de uma forma tão melíflua que acabam ganhando ares de verdade. São as lendas populares. Claro que não são pensamentos sofisticados como a questão da ética protestante na formação da cultura dos Estados Unidos ou o conceito de mais-valia de Marx.

Uma lenda popular que já se consolidou é que os sorteios da Mega-sena são fraudados e uma das provas inquestionáveis é que o sorteado sempre é de uma cidade do interior, o que supostamente dificultaria uma averiguação da lisura do sorteio e o anúncio público do sorteado.

Num país com tantos crimes e sequestros é natural que uma pessoa que ganha R$ 20 milhões não queira aparecer. Rico midiático sempre é cercado de fiés seguranças.

A outra questão é que o Brasil é um país bem rural. Existem milhares de cidades com menos de 100 mil habitantes. Só no estado de Minas Gerais são mais de 600 munícípios, alguns tão pequenos quanto Nova Resende e Itutinga. Não me estranha de forma alguma que moradores destas cidades ganhem na Mega-sena com certa frequência até porque proporcionalmente as pessoas que vivem no interior jogam mais do que as pessoas que vivem nas grandes cidades. Porque em cidades do interior as prossibilidades de progresso econômico e enriquecimento são muito menores e porque as opções de lazer - e jogar em loteria é uma forma de lazer na opinião de muitos brasileiros - são bem menores que nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo.

Esta questão me intrigou depois que um internauta deixou uma mensagem num dos foruns que eu participo dizendo que o único ganhador de um prêmio de R$ 30 milhões foi da pequena cidade que ele vivia e que a afiliada da Rede Globo estava a procura do felizardo. Surgiram comentários de todas as formas em resposta a esta mensagem, anguns bem engraçados, sugerindo que o internauta se perfumasse e fizesse a barba pois o boato era que a cidade ganhou uma nova rica viúva de 50 anos. O mistério acabou dias depois, quando o mesmo internauta anunciou que descobriram que o sortudo era um sergipano com sete irmãos. Dizem que o nordestino deu dois milhões de reais para cada irmão e ficou com o restante e todos voltaram felizes para o menor estado do Brasil. Que Deus os abençoe e os ilumine.

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