sábado, 3 de março de 2012

La dolce vita

O brasileiro consome 50 quilogramas de açúcar por ano.

http://www.usp.br/agen/?p=10067


Quando anunciaram isto na TV eu e a Luiza ficamos um tempo perplexos, olhando um para o rosto do outro. Aquela coisa do "não é possível!" que depois vira uma piada velha: "estão comendo açúcar por mim!".

Cinco gotas de adoçante equivalem a uma colher de açúcar. É o que está na maioria das embalagens. Se colocarem na contabilidade este açúcar travesti que atende pelo nome de aspartame, cliclamato, sucralose aí sim a gente precisaria de Araldite para o queixo.

Considerando o ano como 50 semanas mais duas de dietas fracassadas que quase todo brasileiro faz e facilita a minha conta, dá um quilograma por semana. Jesusmariajosé. É melhor pegar os 50 e dividir por 365.

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"366! Porque este ano é bissexto..."

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137 gramas por dia. Estou atormentado com o resultado. Será que eu não sou um brasileiro médio? Fiz as contas e uma lata de refrigerante tem de 20 a 25 gramas de açúcar, no entanto eu só bebo refrigerante sem açúcar e, mesmo assim, estou tentando diminuir. Bem, tem que lembrar que o pão, as conservas e diversos  produtos industrializados usam açúcar na receita, ainda que o produto final não apresente gosto doce.



A verdade é que a indústria alimentícia infestou a nossa mesa de estimulantes sensoriais perigosos quando consumidos em excesso. Temos nos empanturrado destes produtos porque a fábrica quer vender e esta é, em última análise, a função destes aditivos. O mais famoso certamente é o sal, porque é eficaz e barato, assim como o açúcar e o glutamato monosódico.



Como um vício, com o tempo e sem perceber, passamos a exagerar quando preparamos os nossos alimentos e conscientemente tentamos nos livrar da indústria. Quando peço um suco na rua eu tento me policiar para não colocar adoçante antes de provar se o suco realmente precisa. É simples, sem custo extra e rápido: basta rasgar um ou dois (depende do seu nível de dependência) sachês e pronto: aqui está um delicioso e superadoçado suco de manga com leite. Este faz mal.

A comida da minha mãe sempre foi considerada como quase sem sal. Ela justificava dizendo que se habituou desde o primeiro enfarto do meu pai, mas eu nunca achei a comida da minha mãe salgada simplesmente porque o primeiro pire-paque do meu pai foi anterior ao meu nascimento e, por falta de grana, era muito raro a gente comer na rua e nunca liguei muito para salgadinhos industrializados.

Quando eu comecei a trabalhar, passei a me alimentar com frequência na rua e naturalmente a minha tolerância ao sal e aos outros aditivos foi aumentando. Depois eu conheci a Luiza, dominatrix de salgadinhos e tudo que é besteira deliciosa, e acabei com o pé na Jaca do Mau Caminho. Hoje qualquer um que não seja mexicano fica assustado com a minha desenvoltura com o molho Tabasco.


Sou da teoria que sal, açúcar e glutamato deveriam ter a carga tributária maior que o cigarro, para pagar os custos que o consumo exagerado destes alimentos geram ao sistema público de saúde. Mas já imaginou contrabandistas atravessando a Ponte da Amizade com sacos de sal?

Um comentário:

  1. Quase morri de rir junto com vocês, Newton. Até porque, né, 39 anos de dieta, e se a sacarose fosse cancerígena mesmo eu já estava sócia do INCA... Mas que a indústria alimentícia é a rainha dos aditivos, isso é fato.
    Aqui em casa, alimentar os filhos melhorou muito a qualidade do que se come.
    Bj em Mariah, outro prá vcs.

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