sábado, 8 de setembro de 2012

Alguém tem que ceder

Tem coisas que só acontecem comigo e com a Luiza. No final de 2000 tivemos um lindo casamento e ficamos absolutamente duros. Orçamentos de um pobre técnico e uma pobre terceirizada de um jornal completamente comprometidos. A lua de mel foi adiada um ano, jogada no cantinho do final de 2001.

O primeiro ano de um casamento é quase sempre o Diabo ralado. É adaptação pura e a pratica de ceder em coisas que você até achava fundamental (tem que) vira(r) rotina. No final de 2001 já estávamos cansados, por precisar de férias, e adaptados um ao outro. E Luiza cedeu: fomos para a Serra Gaúcha num carro velho, no nosso tanque de guerra vermelho. O roteiro foi Rio de Janeiro / São Paulo / Curitiba / Blumenau / Nova Petrópolis. A volta prevista seria Nova Petrópolis / Curitiba / Rio de Janeiro.

Na primeira parada, ficamos 3 ou 4 dias. Antes de pegar a estrada para Curitiba, vi o nível da água do radiador, só que deixei a tampa do radiador em cima do motor e a perdi. Me dei conta logo depois, mas não achei a tampa. Deixamos o carro num posto e catamos uma loja de peças, mas parece que a tampa que nos venderam ou não era para o modelo ou não estava em boas condições, perdendo sempre água. Eu fiquei o resto da viagem acompanhando a temperatura do motor porque ela me fornecia uma boa noção de quando tinha que parar num posto para completar o nível. Não me pergunte o motivo de eu não ter comprado uma outra tampa original em Curitiba.

Depois de 4 dias em Curitiba seguimos para Blumenau. Era início de dezembro e a cidade estava vazia. Os moradores falavam da loucura dos dias de outubro, quando hordas de paulistas invadiam a cidade para beber cerveja. Aprendi a amar marrecos recheados com repolho roxo. O engraçado é que a gente se sentiu muito mal, muito estranho na cidade. Foi uma coisa espiritual mesmo, embora todos nos tenham nos tratado muito bem e seja uma cidade bastante turística. Totalmente incomum conosco. A Luiza também sentiu, mas só comentou quando eu toquei no assunto, já na volta para casa. Não lembro de passarmos por algo parecido em nenhuma outra cidade que conhecemos. Mais uns 2 ou 3 dias.

Depois de Blumenau longas horas até chegar à Serra Gaúcha. A cidade de Nova Petrópolis é linda, mais calma e bem mais barata que Gramado e ficava relativamente perto desta, não mais que uns 30km. Ficamos uns 10 dias e passamos o Natal lá.

A prova irrefutável que a Fiat Uno esteve na Serra Gaúcha


Na volta já estávamos cansados e decidimos tentar fazer em dois dias. No primeiro dia, como previsto, chegamos já no início da noite em Curitiba. Pernoitamos e saímos no final da manhã do dia seguinte. Ainda era claro quando passamos por São Paulo e pegamos a Rodovia Presidente Dutra. Só que um pouco antes de Aparecida caiu um temporal fortíssimo na estrada. E eu querendo chegar logo em casa e forçando a barra. Não dava mem para ver o que se passava uns 15m a frente e cada caminhão era uma cachoeira jogada no para-brisa. Decidimos entrar na cidade e estacionar no pátio da catedral para esperar a chuva passar. Depois de alguns minutos ela diminuiu e voltamos para o carro. Só que logo depois o temporal voltou e já era de tarde, acho que umas 15h ou 16h. Pelas minhas contas me notei que a gente iria passar por aquele trecho maldito da Serra das Araras no escuro. Então eu cedi e pernoitamos em Resende, já no estado do Rio de Janeiro.

De manhã pegamos rapidamente o caminho e chegamos em casa antes do almoço. Os cristais de Blumenau não quebraram na viagem, mas eu tinha me esquecido de alinhar o carro antes e perdi os dois pneus dianteiros por estarem muito desgastados por dentro. Ah, o excesso de calor me custou todas as borrachas da parte de refrigeração do motor. E a tampa do radiador, claro.

Um comentário:

  1. Com certeza daria uma boa continuação daqueles filmes de férias do Chevi Chase. "Férias Frustradas - A Revanche" KKKKKKKKKKKKKKKKK

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