domingo, 15 de abril de 2012

Geração Z

Quando você opta por não bater, a educação de um filho torna-se mais difícil e mais cheia de dúvidas. O caminho da palmada é ruim, mas é certo e seguro de certa forma. Seguro no sentido de que o resultado é previsível, um adulto padronizado e adaptado à violência, opressão, hierarquia e insegurança.

A opção foi a não-violência e a baixa hierarquia. Tudo é negociado, explicado, justificado, exaustivamente debatido. Se dá trabalho com uma criança de quatro anos, eu temo pela adolescência. Mariah é um laboratório vivo e ativo. A metodologia funciona e nos adaptamos bem rápido: nos enojamos quando vemos uma mãe tratando um filho de forma rude e áspera, como se fosse um lixo inimigo, mesmo que sejam só palavras. Isto não é educar ou preparar um filho para a vida, é descontar nos mais fracos e vulneráveis as nossas frustrações. O curioso é que as mães, que são consideradas como a fonte de carinho de uma família é que costumam tratar mal os filhos na rua.

Quando as empresas começaram a ficar grandes, durante a Revolução Industrial, os empresários não tinham uma referência. Até então empresas grandes eram formadas basicamente por fazendas de monocultura, algo fisicamente distante para um inglês comum que pouco sabia de Antilhas e Barbados, embora adorassem o açúcar e o tabaco produzido naquelas terras. Sem falar que administrar uma fazenda muito grande com centenas de escravos é naturalmente uma adaptação do gerenciamento de uma fazenda média com dezenas de escravos e isto eles já sabiam desde antes do Império Romano. A referência, o norte então foram duas instituições seculares que aparentavam funcionar com elegância e harmonia: o exército e a Igreja. O resultado é que grandes organizações que hoje vendem pelo marketing que são modernas, no fundo são altamente tradicionais, conservadoras e hierarquizadas. Tudo que eu e a Luiza não estamos ensinando e doutrinando a Mariah.

Sinceramente não sei se a pequena vai se adaptar e se sujeitar ao sistema. Pode ser que sim, espero que não. Da mesma forma que a criação não está sendo tradicional, embora eu conheça muitos pais que criam os os filhos desta forma, a busca pela felicidade - que não se resume a um emprego seguro e bem remunerado numa empresa tradicional - também pode ser inovadora. Prefiro assim: ser um amigo e orientador presente e um pai abstrato que o contrário.

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