segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Brasil é bom para quem é rico

Uma professora amiga do meu irmão mais velho casou com um diretor de uma gigante multinacional alemã, uma das maiores empresas do mundo. Eles se conheceram porque a empresa a contratou para ensinar português para o comedor de chucrute. No início o cabra estranhou o Brasil. A nossa cultura é muito diferente da alemã, a despeito de termos recebido muitos alemães a partir do século XIX.

Concluído o ritual de adaptação, o executivo adorou o país. Não pelas suas belezas naturais nem pelo calor do nosso povo, mae pela mordomia e pelas vantagens de fazer parte dos extratos mais elevados da nossa sociedade. Porque para quem é rico a vida aqui é muito boa, tendendo ao paraíso: ele tinha carros com motoristas para a família, morava num apartamentão com vários empregados domésticos, os melhores médicos, as melhores escolas para os filhos. Os eventos empresariais e as reuniões com governadores de estado e o presidente da república indicavam o alto nível do seu status. O dinheirão de salário era "um plus", como diria o ministro do STF.

Anos depois ele foi chamado de volta para a Alemanha. O seu periodo de provação no Terceiro Mundo havia chegado ao fim e ele foi considerado digno de voltar do exílio e receber uma promoção. Voltou para um apartamento de 2 quartos, o filho continuou os estudos em uma escola pública, talvez a mesma do filho do eletrcista. Sem empregados domésticos e sem motoristas, teve que voltar a dirigir o próprio carro e reaprender a lavar o prato que come. O rei perdeu o trono.

Por outro lado, para quem é pobre, o primeiro mundo é o paraíso. A prima da minha esposa é operária em uma indústria de produtos cirúrgicos no norte da Espanha (quase divisa com a França, aquele país que não entende nada de máquinas) e o esposo dela é o mecânico da mesma fábrica. Se eles vivessem no Brasil em profissões equivalentes, morariam longe, em um bairro horrível como Inhaúma, num apartamento quente e apertado e teriam um Chevette 84. La, eles tem qualidade de vida e um Tucson zero na garagem.

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