sexta-feira, 4 de maio de 2012

A forra

A Mariah outro dia passou a tarde de um final de semana na casa da Ana Beatriz. Demos a forra sábado passado.



Milagre econômico

"É a economia, idiota!"

Dizem que este foi o lema do marketeiro que cuidou da vitoriosa campanha do Bill Clinton para a Casa Branca. O otimismo da população e a bonança econômica permitem que sejam feitos determinados atos políticos que a gente em condições normais não entenderia. Como aceitar a tortura e a repressão comendo solta no governo Médici? Simples: o país estava passando pelo Milagre Econômico da mesma forma que estamos passando hoje.

A Dilma sabe disso. Ela sabe que tudo pode naquele fortalece e o que está a fortalecendo o milagre econômico atual é a China, que fez o favor de disparar o preço das matérias primas que exportamos como petróleo, soja e ferro. A redução da remuneração da caderneta de poupança seria políticamente inviável em qualquer outra época e a mudança das regras de aposentadoria dos novos servidores públicos nem gerou muito assunto na Internet. É o céu de brigadeiro.

Com o país crescendo a demanda por engenheiros cresce. Aí descobrimos que nos anos 90 e 2000 abrimos muitas escolas de direito e administração e poucas escolas de engenharia. Criar um curso de engenhraria é naturalmente mais complicado porque o curso exige laboratórios, além do fato de não ser tão fácil achar professores.

A demanda por engenheiros cresce na mesma proporção que a ilusão das pessoas com o ofício. Claro que existem ilusões com a medicina e qualquer outra profissão, porém só com a  engenharia eu presencio esta uma mudança tão rápida na percepção das pessoas.

Mas hoje eu recebi um e-maiil de uma das listas de discussão que eu participo e consegui autorização do autor para publicar aqui. Não há edição, apenas alguns cortes na mensagem para filtrar só o que interessa ou preservar a privacidade das pessoas.

Para quem está prestando ENEM ou vestibular este ano, aqui está a realidade de um engenheiro eletrônico:

"Eu vejo assim, MSX, eletrônica, programação em Assembly e C, cafeína.... São vícios, não consigo largar. Eu olho pra minha cafeteira que custou 250 pilas e já fico imaginando um controlador de temperatura e pressão nela..."
 Comentário: igualzinho ao Newtinho, só que a minha cafeteira é bem mais barata.

"A minha escolha é bem racional. Acontece que após todo esse tempo na iniciativa privada, eu não consegui me encaixar numa empresa, num modelo, que me desse o retorno pessoal e financeiro desejado."
Comentário: É difícil se encaixar bem em qualquer emprego.

"Hoje, ser funcionário público me proporciona algumas benesses, como por exemplo um plano de saúde barato e excelente e direito real de tirar os merecidos 30 dias de férias ao ano. Claro que o trabalho burocrático e repetitivo é o ponto baixo. Mas, usando uma pequena parte da minha "CPU" eu consigo ser um funcionário honesto e excelente, e repouso todos os dias a cabeça tranquila no travesseiro, sabendo que outros no meu lugar não fariam um trabalho melhor.

E o que sobra de CPU fica pra usar no tempo livre."

"Antes de reclamar do meu emprego atual, eu lembro que:

- Passei por 5 empresas e não me deixaram tirar férias em nenhuma delas
- Fui mandado embora, apesar de ter desempenho excelente, só porque fizeram besteira em outros países e as ações caíram repentinamente de $87 para $2...
- Tive que desenvolver o software para um projeto com 4 MCUs [MCU é um pequeno processador] e 11 motores de passo usando o SDCC [SDCC é um software de programação gratuito] porque o sovina do meu ex-patrão, que estava construindo casa em condomínio fechado, trocava de carro importado todo ano, e viajava com a família pra Europa, não queria me comprar um compilador...
- Nesse projeto perdi 15 dias ouvindo abobrinha até descobrir que o SDCC não estava fazendo OR entre 2 bits corretamente...
- Nesse mesmo projeto, originalmente eu ia interligar as 4 placas por i2C e usar bibliotecas prontas mas aí o espertoman resolveu economizar 3 transistores e transformou uma das linhas em unidirecional, o que obrigou a reprogramar e debugar todo o protocolo... mais um mês de trabalheira...
- Durante uns 4 meses fiquei ouvindo que o software de acionamento dos motores de passo estava bugado, e batendo cabeça porque o motor perdia o passo, até que o infeliz viajou pra Europa e aí eu pude desmontar a parte mecânica e finalmente descobrir que pra economizar ele não tinha mandado fazer e colocar um espaçador de alumínio entre os 2 rolamentos do eixo principal. Os rolamentos estavam assentando tortos e sobrecarregando o eixo...
- No outro projeto no qual trabalhei 1 ano, ele arrumou um aparelho importado emprestado, o qual não podia ser aberto pois era novo. Usando um MCU antigo, tecnologia de uns 15 anos atrás que ele já tinha em estoque ele fez a placa e eu tive que me virar para copiar todas as funções do aparelho original, que havia acabado de ser lançado. Foi engenharia reversa sem ver o que tinha dentro. No final consegui deixar a cópia exatamente igual a original importada, e como sobrou um pouco de memória, acabei implementando funçoes extras. Como sempre, o patrão estava reclamando da demora no projeto. Eu mandei um e-mail pra fabricante original, dando um migué que era cliente e usava os produtos deles, perguntando algumas coisas. Eles me responderam que o projeto original ocupou uma equipe de 50 pessoas por aproximadamente 18 meses. Além de escrever o software, eu testei tudo e ainda fiz o manual, traduzido para PT-Br [português] e com as figurinhas escaneadas do manual original... Até hoje esse é um dos poucos produtos que tem um manual completo e decente no site da empresa.
Mudei de empresa - pra ganhar um pouco menos, mas queria sossego... Logo tava dando manutenção sozinho num código de 65.000 linhas do produto que representava 40% das vendas.
 - Outro projeto que desenvolvi com mais 1 engenheiro e mais 1 estagiário foi vendido pela empresa por 6 milhões de reais, e ganhamos PLR [participação nos lucros] de 1,5 salário enquanto o vendedor além da comissão ganhou um bônus de 150 mil...  Adivinha quem ficou dando suporte 2 anos depois sem ganhar nada mais por isso.
- O último projeto, para o qual orientei a confecção da placa e debuguei os protótipos. Sofri muito porque teve 6 versões de PCB [placa de circuito impresso, onde os componentes são soldados] . O PJ [pessoa jurídica] que fazia as placas era "pelego" e protegido do diretor, e apesar dos repetidos e consecutivos erros não era penalizado ou  trocado - eu requisitava as mudanças e ele não fazia ou fazia errado - e escrevi todo o software começando de um arquivo vazio com void main { void } foi vendido por 1,5 milhão e no final do ano a empresa fez uma manobra fiscal pra ter um leve prejuízo e não pagar PLR pra ninguém... Nessa última época eu era gerente, mas sem ter nenhum gerenciado. Eu tive que acompanhar os malas do comercial, fazer todo o serviço de relatórios e documentação pra ISO [acho que ele está citando a ISO-9000] do projeto,  fazer o projeto, e até que acompanhar implantação do mesmo em campo...

Por isso, se algum dia eu voltar a trabalhar para enriquecer alguém, esse alguém forçosamente será eu mesmo... :-)"

A Culpa é da lasanha

Esta sexta-feira eu tenho um monte de coisas para atualizar. Comecemos pelo e-mail que eu recebi esta manhã e que proprocionou lágrimas de tanto rir.

Eu almoço com certa frequência com o povo do suporte técnico de uma outra diretoria. É garantia de boas gargalhadas.

O problema é que o Lenz e o Índio Velho não se entendem . O Lenz sempre preferiu os restaurantes "naturais", com uma comida supostamente mais leve e mais saudável. O Índio Velho só tinha olhos para um restaurante chinês ou para um rodizio de massas. Quase 100% das vezes a escolha coletiva era o rodízio, que o Lenz sempre argumentava que engordava e fazia mal.

Com o tempo, a simples decisão de onde almoçar virou quase um debate ideológico. O rodízio era povão, "de esquerda" e o natural era elitizado, "de direita". Uma discussão que não fazia nenhum sentido e só gastava o nosso tempo.

Paralelamente, Índio Velho jogava sujo, afirmando que o restaurante natural era frequentado por pessoas com cara de doente e que só conversam sobre médicos e doenças. O curioso é que este e-mail do Lenz acaba confirmando a teoria do Índio Velho, que ele tanto refutava.


Eis, segundo o Lenz, o resultado (a imagem foi editada para preservar sobrenomes e demais informações)



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sempre na vanguarda

Olha o que eu escrevi aqui:

Capitalismo primitivo

 "Mas esta reflexão é pertinente porque o governo tenta baixar os juros e, se conseguir, a festa do dinheiro fácil e com baixo risco pode acabar. Pessoas com pequenas quantias acumuladas com o o suor do rosto terão que mudar os investimentos para conseguirem taxas melhores. Algumas soltarão fogos de subúrbio - aqueles que só fazem barulho e enchem o nosso saco, mas não iluminam - se conseguirem retornos de 3,5% ao ano acima da inflação. Um novo tempo talvez se inicie e se a nossa mentalidade medieval mudar poderemos gerar milhares de empregos e aquecer a economia, desde que percebamos o valor do Pequeno Sócio de Capital."

e olha o que o professor da USP disse meses depois:

http://blog.kanitz.com.br/2012/04/governo-reduz-juro-em-25-num-%C3%BAnico-dia-tsunami-financeiro.html

"Ninguém se deu deu conta de que o Governo agora só vai pagar 2% ao ano, que agora vai sobrar dinheiro a rodo para gastar em investimentos e projetos sociais."

Ainda vou ganhar dinheiro cobrando consultoria.

O elo perdido

Mariah está apaixonada pela professora. Não estou com ciúmes, pelo contrário: estou muito feliz! É bom demais ver uma criança apaixonada pela escola e pelo ato de aprender.

- Vou escrever a letra que a minha tia Tathi me ensinou! - diz a pequena, com uma ponta de orgulho e amor próprio.

Mudo o foco para Luiza. Ela está refletindo e pergunta-me onde está o "elo perdido", em algum momento, por algum motivo, o professor vira um estorvo, um chato, quase um inimigo.

Já delimitei que este elo perdido ocorre certamente entre o infantil 4 e a faculdade de engenharia.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Comerciais para um PA



Num dos foruns que eu participo, estávamos discutindo a qualidade atual das máquinas de lavar roupa. Choro antecipadamente por todos os que compram certas marcas novas porque dentro de cinco anos não encontrarão peças e o destino será o gatilho e a amargura.

Mas eu procurava no YouTube informações sobre as antigas lavadoras White-Westinghouse - coisa de quarentão, pois os jovens nem sabem o que significa Sharp, Sanyo e Telefunken - e acabei encontrando um comercial que eu me lembro quando passava na TV. Aproveitei para buscar mais outro, o do condenado que desejava um Fiat 147 como seu último pedido. Coisas de quarentão que tem dificuldade de lembrar bobos compromissos de trabalho, porém não esquece comerciais da pré-adolescência.

Aliás, mulher gostosa de calcinha e sutiã era realmente inesquecível para os pré-adolescentes da época.






Reparem que o corte de cabelo evoluiu nestas duas décadas mais que o design da lingerie.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tinker Bell

Ontem a Mariah recebeu o Henrique na nossa casa. Enquanto eu tentava ver o Fantástico um brinquedo pulava de mão em mão e me despertou a atenção. Era bastão com a fada Sininho em cima que girava umas luzes quando se apertava um botão.


Reparei que a pilha estava fraca e fui trocar. Só então percebi que o brinquedo usava a mesma pilha que foi fornecida quando compramos, e isto foi em setembro de 2010. A pilha foi esta, que, para variar, nunca vi à venda no Brasil.



Nem é preciso lembrar que, se fosse com pilhas que compramos no Brasil, o brinquedo já estaria perdido porque as pilhas teriam inundado o compartimento com aquela gosma corrosiva.

Enquanto pensava em escrever este tópico lembrei de um fato que ocorreu na nossas férias de 2005, na Espanha: os marinheiros de primeira viagem não levaram um carregador de pilhas adequado para 220V e, quando as pilhas recarregáveis se esgotaram, passamos a comprar pilhas alcalinas na máquina fotográfica e as pilhas da marca Kodak também tinham uma durabilidade incrível.

domingo, 15 de abril de 2012

Geração Z

Quando você opta por não bater, a educação de um filho torna-se mais difícil e mais cheia de dúvidas. O caminho da palmada é ruim, mas é certo e seguro de certa forma. Seguro no sentido de que o resultado é previsível, um adulto padronizado e adaptado à violência, opressão, hierarquia e insegurança.

A opção foi a não-violência e a baixa hierarquia. Tudo é negociado, explicado, justificado, exaustivamente debatido. Se dá trabalho com uma criança de quatro anos, eu temo pela adolescência. Mariah é um laboratório vivo e ativo. A metodologia funciona e nos adaptamos bem rápido: nos enojamos quando vemos uma mãe tratando um filho de forma rude e áspera, como se fosse um lixo inimigo, mesmo que sejam só palavras. Isto não é educar ou preparar um filho para a vida, é descontar nos mais fracos e vulneráveis as nossas frustrações. O curioso é que as mães, que são consideradas como a fonte de carinho de uma família é que costumam tratar mal os filhos na rua.

Quando as empresas começaram a ficar grandes, durante a Revolução Industrial, os empresários não tinham uma referência. Até então empresas grandes eram formadas basicamente por fazendas de monocultura, algo fisicamente distante para um inglês comum que pouco sabia de Antilhas e Barbados, embora adorassem o açúcar e o tabaco produzido naquelas terras. Sem falar que administrar uma fazenda muito grande com centenas de escravos é naturalmente uma adaptação do gerenciamento de uma fazenda média com dezenas de escravos e isto eles já sabiam desde antes do Império Romano. A referência, o norte então foram duas instituições seculares que aparentavam funcionar com elegância e harmonia: o exército e a Igreja. O resultado é que grandes organizações que hoje vendem pelo marketing que são modernas, no fundo são altamente tradicionais, conservadoras e hierarquizadas. Tudo que eu e a Luiza não estamos ensinando e doutrinando a Mariah.

Sinceramente não sei se a pequena vai se adaptar e se sujeitar ao sistema. Pode ser que sim, espero que não. Da mesma forma que a criação não está sendo tradicional, embora eu conheça muitos pais que criam os os filhos desta forma, a busca pela felicidade - que não se resume a um emprego seguro e bem remunerado numa empresa tradicional - também pode ser inovadora. Prefiro assim: ser um amigo e orientador presente e um pai abstrato que o contrário.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Filho de mim mesmo

Antigamente os adultos não dirigiam a palavra a crianças, a menos que a intenção fosse dar bronca. Contei isto uma vez para o meu sobrinho João, de 14 anos, e ele não acreditou. A vida muda tão devagar que nem notamos, mesmo o siginicativo.

Sabia que o Governo já definiu o preço de refrigerantes? Em 1986 uma garafa de 290ml de Coca-Cola custava Cz$1,90. Ridículo, não? Foi logo ali, em meados dos anos 80.



O meu pai teve vários irmãos, mas eu só conheci um: tio Nely, seu melhor amigo. Religiosa e quinzenalmente ele ia na nossa casa almoçar, mas eu lembro pouco dele, embora tenha morrido quando eu já era adulto, muitos anos depois de meu pai. Lembro detalhes pontuais e sem muita conexão: ele era solteirão, morava em Niterói na casa de um sobrinho e trabalhou muitos anos numa fábrica de tecidos que existia na Usina, a região da Tijuca que fica imediadamente antes do Alto da Boa Vista. O que eu conto além disso são relatos de segunda mão, fornecidos basicamente pelos meus irmãos Dalton e Paulinho. Não que não sejam fontes confiáveis, mas é natural do cérebro humano generalizar, omitir e distorcer, ainda que seja sem querer e só um pouquinho.

Os seis filhos que os meus pais fizeram não foi uma produção constante no tempo; entre o Lúcio e o Dalton existe uma lapso de 11 anos. A tabelinha funciona até certo ponto. Alceste é 20 anos mais velho que eu. Paulinho 18, Lúcio 17, Dalton 6 e André 3. Newton chega e logo depois a menopausa. Que sorte!



O Paulinho sempre dizia que o tio Nely só passou a falar com crianças um pouco depois que a gente nasceu, início dos anos 70. Até então ele só dirigia a palavra para os adultos da casa: meu pai, minha mãe e minha avó. Hoje isto soa completamente estranho, mas era absolutamente comum na época. Aliás, foi a Luiza quem me fez lembrar deste detalhe, pois na família dela este desprezo também acontecia.

Baseado no que o Paulinho falou, a mudança comportamental deve ter ocorrido entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70. Hoje eu vejo que uma criança é uma máquina familiar de união, de fazer novas amizades, de ter mais contato com as pessoas próximas, de fazer a vizinha parar para dizer que ela está crescendo e lembrar que o tempo voa. São estas pessoas que nasceram no final dos anos 60 e início dos anos 70 que hoje chamamos de geração X. É tão bom rotular. Qual será a geração da Mariah? Z?

Outro dia o Joelmir Beting disse que gostaria de ter nascido nesta época, que queria ter sido filho dele mesmo. É um otimista: quando eu nasci, em 1972, o Brasil também vivia sua fase de otimismo excessivo. Era o Milagre Econômico. Dezoito anos depois, a coisa estava tão feia que nem estágio para conseguir o diploma de segundo grau a gente conseguia.

A expressão do Beting ficou na minha cabeça: "(...) queria ser filho de mim mesmo". Acho que ele está certo. Queria ter a vida boa que a Mariah leva. Pelo menos os tios sempre falaram com ela, desde quando apenas balbuciava.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Eduarda e Vitória

Semana santa fomos para Rio das Ostras, passar a Páscoa com a família do meu cunhado. Mariah estava doida de saudades. Ela também acha o máximo uma casa com escada e a casa da madrinha tem uma que dá acesso aos quartos.

Casa com escada é muito bonita em fotos de revistas de arquitetura e decoração. Com uma criança é exigida atenção redobrada por parte dos adultos. Considere também que o encanto passou logo nas primeiras horas de estadia, quando o sobe e desce cansativo começou pois a minha filha tem pouco mais de um metro de altura.

- Dinda, por que você não tem elevador? - inquiriu a nossa gotinha de gente.

E aquilo ficou na cabeçinha dela. Lá dentro, bem íntimo, e nós descobrimos no engarrafamento de domingo, quando passamos 6 longas horas até chegar em casa: na altura de Itaboraí, Mariah inventa uma brincadeira dentro do carro para passar o tempo. A sola do pé direito virou a Duda, e a sola do pé esquerdo virou a Vitória.

Ela alinhou as solas e iniciou a conversa, para o nosso deleite:

- Oiiiiiiiii, tudo bem? Eu sou a Duda!

- Oi, eu sou a Vitória!

- Sabia que eu moro numa casa com elevador e escada?

- Eu também estou fascinada porque eu moro numa casa com elevador e escada!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Existe almoço grátis

Meu cartão já estava ficando realmente velho. A carteira não ajudava e já tinha um quebrado na borda da tarja magnética que se alastrava. São muitas horas sendo sufocado numa carteira velha e comprimido por uma bunda gorda sentada. Pobre cartão: será quebrado em pedacinhos e jogado no lixo após anos de bons serviços prestados. Fico pensando no banhado de ouro que o contato do chip leva. Este ouro estará perdido.

Há cerca de um mês toda vez que eu ia sacar o meu suado dinheirinho aparecia uma mensagem que o meu cartão seria substituído, só que o novo não chegava. Decidi então parar de procrastinar e mudar de agência, porque a antiga fica em Botafogo, da época que eu trabalhava em Furnas. Quando eu saí da empresa, em 2006, por puro comodismo mantive a conta e ficou por isso mesmo. Nestes 6 anos não lembro de precisar ir na  agência.

Mas achei que já era hora de ser cliente espacial. Na verdade descobri que a hora já tinha passado em 2010, quando fui com a família para os EUA e descobri que o cartão Visa Platinum paga o seguro do carro lá. C'est la vie... Fui na agência do outro lado da rua, fui atendido por uma gerente de relacionamento que me lembrava a Desirée Oliveira, atriz do Zorra Total, e me entreguei à burocracia. Estou nas nuvens pois sou cliente espacial.

Gerente, como você pode entregar um cartão sem dinheiro na conta?


Na verdade o meu sexto sentido sempre me dizia que a mudança iria ser de alguma forma traumática, mas ele também dizia que eu tinha que passar por isso. No dia 10-04-2012 uma funcionária me ligou dizendo que o meu cartão cheio de glamour estava pronto. Fui na agência, peguei o cartão e novamente abracei a burocracia. O token eu já tinha recebido. A funcionária avisou que não era possível sacar naquele momento porque a máquina estava sem dinheiro. Eu deveria ter ido em outra máquina.

Ontem, 11-04-2012, eu fui sacar e descobri que não havia dinheiro na conta. Na verdade me deram um cartão, porém o dinheiro não foi transferido de uma conta para a outra. Quando eu fui almoçar, não tinha dinheiro em espécie, mas portava dois cartões de crédito que não autorizaram o pagamento. Tentei inutilmente pagar com o Visa Eletron do cartão do banco e, como previsto, não foi liberado. Fiquei na pista. Fiquei na fila do restaurante.

Aguardei uns bons segundos para ver se a gerente se coçava e me liberava para pagar mais tarde. Almoço neste mesmo restaurante no mínimo duas vezes por semana e é impossível que ela não perceba no meu rosto uma figura familiar. Aliás, é para isto que eu sou gordo: para ser inesquecível e facilmente reconhecido. Nada, Poker face.

Gerente, deixa eu pagar depois?


Peguei o celular com 14 reais de créditos e fui à guerra. Nestas horas eu esqueci o número de todos os meus amigos fisicamente próximos que poderiam me livrar deste constrangimento horrível. A única solução que eu encontrei foi ligar para o banco em busca de um fígado para comer vivo. Atendeu um homem e ele disse que a Desirée estava no almoço e enquanto eu tentava uma solução eu novamente descubro que o Altíssimo gosta muito de mim. Adivinha quem estava na fila para pagar o restaurante? A Desirée!

Devorei-a num esporro e ela pagou a minha conta. Coisa pouca, menos de 21 reais. Mas o pior foi a gerente, na maior cara de pau, do lado da Desirée, chega para mim e, como se não fosse com ela, começa a falar mal de banco. Levou um esporro para o lar, também.

Não, não vou colocar o banco na justiça e quem está me sustentando enquando não executam a tranferência de dinheiro entre contas é a minha amada esposa. Sempre sonhei em ser bancado por uma mulher bonita.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pictogramas

Sempre quis saber de onde vinham aquelas figuras famosas que é um boneco com a cabeça simbolizada por um círculo e sem pescoço. Era muito comum em banheiros públicos, para diferenciar o feminino do masculino. Depois a criatividade dos comerciantes foi aumentando e hoje colocam gravatas, chapéus e outros objetos no lugar dos simpáticos bonequinhos.



De onde eles vieram? Simples: durante os jogos olímpicos de Tóquio os espertos anfitriões sabiam que seria uma confusão danada conhecer a cidade durante os jogos para quem não dominasse o idioma japonês. Então eles usaram os geniais pictogramas. Os bonequinhos foram aprimorados nas olimpíadas de Munique e são estes que influenciaram até pouco tempo o design comercial.


Créditos à bela Nicole, minha designer predileta!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Momento Diogo Mainardi

Quando uma pessoa diz que vai comprar um ar condicionado novo quase sempre ela suspira e diz, num murmúrio de prazer: split.

É curioso como o citoyen quer comprar um equipamento que ele não tem a mínima noção de como é e como funciona. O meu irmão achava que split era só a parte interna e levou um susto quando eu falei que existia uma unidade condensadora, aquela trolha que fica do lado de fora. Acho que o povo vê o dividido nos consultórios de conveniados da UNIMED e acha o máximo, até porque médico entende das coisas! De pâncreas a splits.

Uma instalação de qualidade de um split pode sair mais caro que o próprio aparelho.

A maioria dos splits operam em 220V, exigindo alterações nas instalações elétricas da maioria das residências.

A limpeza e higienização corretas de um split exigem a retirada do evaporador da parede e inclui remover o gás, executar a limpeza, usar bomba de vácuo durante um bom tempo na tubulação para retirar toda a umidade do sistema e instalá-lo novamente. O ideal é realizar este procedimento anualmente. Ah, tem que limpar a unidade condensadora, também.

Alguma vez na vida você já viu alguém fazer a higienização de um split do jeito que eu mostrei acima? Sua alergia também não.

Então a questão não é técnica, porque o split só é recomendado onde não é possível a instalação do modelo convencional. A escolha de um split deriva de influència, propaganda, apelo pelo "moderno" e beleza. Beleza? Splits são feios para diabo! Já reparou como é horrível um prédio cheio de splits pendurados na fachada? Bingo! O brasileiro está preocupdo com a beleza interna do quarto ou do consultório. Que se ferre o mundo exterior. Com isso o Rio de Janeiro vai ficando ainda mais feio.

Mas é esta a essência do Brasileiro: um ser egoista, individualista, descompromissado com o coletivo.

Tome agora um outro exemplo: o que você faz com a sua lâmpada fluorescente quando ela queima? Joga no lixo, provavelmente. Toda lâmpada fluorescente, inclusive as chamadas "eletrônicas", usam mercúrio na sua composição, um metal altamente tóxico. Como o custo de reciclar é mais caro que o lucro com venda do material reciclado, ninguém recicla. Só que nesta conta não é considerado os danos ao meio ambiente que, no final, todos pagam.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O poder do cofrinho

Luiza comprou um chocolate cuja embalagem de metal poderia ser reaproveitada como um cofrinho. Virou uma curtição coletiva e em menos de um mês encheu (o cofrinho é pequeno).



R$ 63,70

Uhu!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Como economizar o seguro do carro

No Rio de Janeiro, algumas pessoas estão substituindo o seguro do carro por um adesivo. A maioria nem professa a Umbanda.

Testemunhas dizem que funciona e não cobra franquia.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Vinte anos

Não são cinco, não são dez. São vinte anos. Em março de 1992 eu virei aprendiz de feiticeiro e comecei a estudar Cálculo Integral e Diferencial 1, Física 1 e outras insanidades úteis.


Esqueci de comentar e comemorar esta data com o Bulha. Aguardemos um outro Coliseu das Massas.

Aproveitei para relembrar com o Rafael, um amigo de trabalho e faculdade, o nome de todos os professores do primeiro periodo. Alguns esquecemos pois o velho Alzheimer não é tolerante conosco. Ou eles não foram importantes para nós.

Ainda lembro alguns professores dos meus contatos imediatos de primeiro, segundo e terceiro graus, outros eu esqueci completamente. Esta história que só lembramos dos dedicados é pura balela, pelo menos comigo: não vejo nenhuma correlação entre os que eu me recordo, pois estão na minha memória carismáticos, secos, antipáticos, alegres, conselheiros, dedicados e enroladores.


Eu vejo a Mariah na sala brincando sozinha, reproduzindo fielmente a aula com todos os trejeitos e falas da professora, incluindo broncas e gerenciamento da rodinha de alunos e fico refletindo como a escola é importante para a nossa formação. Ela é mutio observadora e eu sinto que ela adora a sala de aula e os coleguinhas - genes da Luiza - e atualmente as "melhores amigas" estão mudando, uma verdadeira dança das cadeiras afetiva. Realmente, no fundo, os adultos imitam as crianças.



Mas a despeito deste post aparentemente melancólico, eu não estou. Só estou um pouco surpreso como passou rápido e se alguém há 20 anos atrás, naquela sala de aula calorenta do bloco E do CEFET/RJ, me dissesse como seria a minha vida em 2012 eu ficaria eufórico.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Teatrinho 0800

Flávia conseguiu uns convites para uma peça de teatro no Shopping da Gávea. Na saída encontramos o professor de música.



Aniversário da Luiza

Para não deixar passar em branco, um bolinho de chocolate faz milagres.