segunda-feira, 7 de maio de 2012

O drama da Europa em sete parágrafos.

Imagine que você tenha uma fábrica de sal. O valor do sal é dado pelo mercado e você não tem controle nenhum. Um outro problema é que não faz sentido baixar o preço do seu sal porque as pessoas não salgarão mais a comida se o preço do sal baixar. Por fim, imagine que a sua fábrica é novíssima e usa o mais moderno maquinário do mundo de forma que é impossível aumentar a produtividade. A sua fábrica está apresentando um leve prejuizo todos os meses. De posse deste cenário me responda: como você pode fazer para reverter este prejuizo em lucro?

Não há muito como escapar: a única saída que eu vejo é reduzir o custo da mão de obra. Então temos três  alternativas: aumentar o número de horas trabalhadas por empregado, diminuir os salários ou diminuir o número de empregados, isto é, fazer com que 70 façam o trabalho que até ontem era feito por 100 pessoas.

Vendo num patamar mais amplo, isto é o que ocorre num cenário de recessão. No caso de um país existem outras formas de "resolver" este problema porque: (1) aumentar o número de horas por funcionário sem o pagamento de horas-extras é ilegal, (2) idem para diminuir o salário e (3) é politicamente desastroso aumentar o desemprego.

Qual a solução então? Simples: desvaloriza-se a moeda e com isso diminuimos o salário de todo mundo com relação aos salários dos outros países. Claro que se todos os paises do mundo desvalorizarem as suas respectivas moedas o resultado será nulo.

Em resumo este é o problema da Espanha, Portugal, Grécia e demais países da chamada Zona do Euro: eles não podem reduzir o salário por meio direto por ser ilegal, nem podem desvalorizar a moeda porque simplesmente não tem moeda.

"A Europa não estaria neste impasse atual se a Grécia ainda tivesse seu dracma, a Espanha, sua peseta, a Irlanda, sua libra irlandesa e assim por diante, porque Grécia e Espanha disporiam de algo que hoje não têm: uma maneira rápida de restaurar a competitividade de seus custos e elevar as exportações. A saber: desvalorizar suas moedas." (Paul Krungman, Nobel de Economia)

Só sobra então a alternativa (3) e tome desemprego!

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