quarta-feira, 30 de maio de 2012

The Secret

Uma das grandes questões da classe média é saber a tal "estratégia de Warren Buffett". Para quem não sabe, Buffett é o mais bem sucedido investidor do mundo e os meus amigos buscam algo como 20% ao ano de lucro todo o santo ano.

Eu sou da teoria que a estratégia do Buffet é mais simples que as pessoas imaginam. O difícil é aceitar a simplicidade e ter a coragem de implementá-las. As pessoas criam um paradigma, um modelo mental que quase tudo tem que ser muito difícil e muito complicado e nem sempre é assim.

Houve uma época em que eu participava ativamente de concursos públicos. Fui iniciado no vício em 1987, quando eu participei da seleção para ingresso no curso técnico do CEFET-RJ, décadas antes de criarem a palavra concurseiro. Com o tempo eu fui aprendendo os macetes e virei uma espécie de William Douglas do subúrbio carioca.

No final dos anos 90 começou a se destacar uma operadora de concursos públicos chamada CESPE que fazia umas provas diferentes. A prova não era composta de questões de múltipla escolha como as da CESGRANRIO, mas de uma série de afirmações que o canditado tinha que classificar como verdadeira ou falsa. Como a prova da CESGRANRIO é formada por cinco opções (de A até E) e apenas uma verdadeira, a chance de acertar chutando é de 20% por questão e a da CESPE é de 50% pois só existem duas opções, os malditos verdadeiro ou falso.

Só que existe um detalhe nas provas da CESPE que faz toda a diferença: enquando na prova da CESGRANRIO uma questão errada não tem maiores consequências, na CESPE cada questão errada tira um ponto de uma questão certa. Para não ser considerada cruel, a CESPE dá uma terceira opção, a sem resposta, que é equivalente a deixar a questão em branco e não gera nem desconta pontos. Teoricamente a prova da CESPE desestimula o chute, incentivando o candidato a dar uma resposta com bastante cuidado.

Eu comecei então a fazer experiências e peguei diversas provas da CESPE, inclusive algumas que não tinham nada a ver com a minha área e comecei a estudá-las e compará-las com o gabarito, fazendo simulados etc. Naquela época eu não tinha a Mariah e trabalhava em turno; era tudo um pouco mais fácil. Em pouco tempo eu descobri o Ovo de Colombo e comecei a ter um desempenho ótimo nas provas da CESPE. Em 2004 fui o primeiro lugar para engenheiro eletrônico de Furnas. Adivinha que empresa aplicou a prova?

(Duro foi presenciar certas pessoas insinuando que eu tive algum tipo de privilégio ou facilidade por já ser funcionário da empresa. Ignorância total, pois se fosse verdade todos os técnicos da empresa que tinham concluído a faculdade e fizeram o concurso como eu teriam sido aprovados).

Algumas pessoas do meu setor afirmavam que apenas seriam aprovados os "recém formados da UFRJ que não trabalharam durante a faculdade". Nesta visão tosca e preconceituosa, eu estaria completamente fora do jogo.

De posse do meu empreguinho de engenheiro e feliz da vida por me sentir vingado divulguei para algumas pessoas próximas o Segredo da CESPE. Ninguém me acreditou e, por conseguinte, ninguém aplicou o segredo. Não sei se porque era simples demais ou se eu não inspirei confiança ou se era preciso coragem para aplicar o método. Como disse Jesus, ninguém é profeta em sua terra. Acho que deveria cobrar e soltar o segredo usando terno e gravata.

Da mesma forma que a estratégia de Buffet pode estar embaixo do meu nariz, o Segredo da CESPE é óbvio, tem explicação matemática e é comprovado na prática: em 2009 eu fiz prova para ANAC para especialista em regulação. Concorri com formandos do ITA e não sabia praticamente nada sobre a maioria dos assuntos tratados na prova. Fiquei em 114 e chamaram até o 110 (ganhei uma nota baixa na redação e foi neste evento surgiu a ideia deste blog para praticar a minha pobre escrita e nunca mais ser reprovado em prova da CESPE). A minha pontaria ainda está bem calibrada.

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