sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Todo homem tem que ser mulherengo

"Eu vou mostrar para este italiano que eu sou baiano e fui amamentado com pimenta!" Esta frase, escrita e descontextualizada, não tem nenhuma graça. Se eu falasse este texto para alguém é bem provável que o meu interlocutor sequer esboce um sorriso. Mas eu morri de rir na quarta-feira, dia 03-08-2011, porque saiu da boca de alguém genial e esquecido: Zé Trindade. Naquela fria manhã de São Paulo o Canal Brasil transmitia um filme dos anos 1970 por volta das 08h e eu me arrumava para encarar o segundo dia do encontro da OSI Soft. Costumo me arrumar com a TV ligada para dissipar a solidão. Ajuda muito, ainda mais com o Zé Trindade fazendo piadas.


Músico, poeta e humorista. Zé Trindade era assim, multifacetado. A geração Y, que nasceu nos anos 1980, o esqueceu. O Canal Brasil presta um grande serviço ao homenagear e relembrar um artista tão importante quanto injustiçado, pois não é só o Oscar que costuma esquecer os que se dedicam à nobre tarefa de nos fazer rir.


Existem pessoas que você começa a rir só de olhar para o rosto dela. Não tem nada de estranho ou humilhante nisto. São pessoas naturalmente engraçadas e não precisam dizer nada. É um dom, um privilégio divino. Quando estes deuses do humor contam uma piada, a gente ri mesmo das sem graça, como a amamentação de pimenta. Uma das amigas de escola da minha filha tem esta característica: é olhar para ela e começar a rir. Mas esta geração de pessoas engraçadas que se tornavam humoristas acabou. A última encarnação foi o Bussunda, porém os humoristas antigos eram ainda mais engraçados quando em silêncio. Considere ainda que o grupo "Casseta e Planeta" não pegou a parte mais feroz da censura.

No filme "Tem folga na direção", Zé Trindade interpreta um mecânico de automóveis e a sua linda filha é alvo das investidas do dono da oficina. Linda mesmo. Alcione Mazzeo era uma gracinha, daquelas que dá vontade de ficar horas olhando para o rosto dela, apaixonado, bem platônico mesmo. Por uma crueldade quase adolescente, o destino fez o Bruno, seu filho, parecido com o pai.

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