sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
2012 será o ano da China - parte 3
Vamos continuar falando dos reflexos do crescimento da China. Uma das primeiras falas de Glenn Close em "Atração Fatal" (1987) - filme que até hoje deixa muitos amantes morrendo de medo - perguntava a Dan Gallagher, personagem de Michael Douglas, que segurava um guarda-chuva que acabara de quebrar durante uma chuva inesperada:
-O seu guarda-chuva foi fabricado em Taiwan?
A frase original era uma afirmação e na época ocasionou um certo constrangimento na Ásia: "The umbrella must have been made in Taiwan".
No passado, os produtos japoneses eram conhecidos pela baixa qualidade. Akio Morita, fundador da Sony, em seu livro "Made in Japan" relata como se sentia envergonhado quando reclamavam da qualidade dos produtos japoneses. Isto ocorreu no pós segunda guerra, nos anos 1950. Nos anos 1980 o Japão já apresentava uma qualidade equivalente a Norte Americanos e Alemães, com um preço muito melhor e o vácuo de fornecedor global de quinquilharias baratas e de baixa qualidade foi preenchido por dois novos atores: Coréia do Sul e Taiwan e o fala de Alex Forrest, personagem brilhantemente interpretada por Close, nos ajuda a lembrar desta época.
Atualmente o quarda-chuva vagabundo está sendo fabricado na China e é tão grande que não me surpreendo se ela ocupar os dois papéis neste teatro do comércio internacional, fornecendo produtos de alta tecnologia e quinquilharias baratas. Há espaço para todos e a lógica o é lucro.
O mundo ocidental acompanha um processo de mais de 50 anos de desindustrialização. Este fenômeno se acelerou a partir da segunda metade dos anos 1980, com a abertura econômica da China. Hoje, nas gôndolas dos supermercados dos EUA, com exceção de produtos de higiene, limpeza e alimentares, é difícil encontrar um objeto que não seja fabricado na Ásia. Economistas e políticos da América do Norte dizem que estão migrando para uma "Nova Economia", com foco em produtos e serviços de alta tecnologia. Esta crença parte da suposição que a Ásia nunca desejará ou conseguirá produzir melhor e mais barato estes "produtos e serviços de alta tecnologia" e empresas como a Huawei desmistificam este pensamento.
Uma vez desindustrializado, a pergunta que se forma é o que podemos esperar do resto do mundo em termos políticos e econômicos, sabendo que um está fortemente entrelaçado com o outro. Se não há espaço para fábricas, a atividade econômica dos países que não dominam alta tecnologia que resta é o fornecimento de matérias-primas para as fábricas da Ásia e a disparada dos preços destes produtos a partir de 2002 cria a ilusão que estamos fazendo um ótimo negócio e no caminho certo. Ilusão porque só é bom no curto prazo e porque é politicamente desastroso.
No longo prazo, a desindustrialização do país força-o a migrar para os setores primários: mineração e agricultura. São setores que não geram muitos empregos, principalmente com a queda do preço das máquinas fabricadas na Ásia. Com máquinário mais barato, o empresário é estimulado a substituir parte das atividades executadas tradicionalmente por homens.
O maior empregador privado do Brasil foi uma fábrica de automóveis nos anos 1980 e hoje é uma rede de lanchonetes Fast Food.
Politicamente o cenário é pior: como Estados mais industrializados costumam eleger políticos mais modernos, com a desindustrialização destes Estados a população tenderá a escolher políticos mais conservadores. Ironicamente a China, menina dos olhos de muitos militantes de esquerda, está fazendo o Brasil ficar um pouco mais à direita.
-O seu guarda-chuva foi fabricado em Taiwan?
A frase original era uma afirmação e na época ocasionou um certo constrangimento na Ásia: "The umbrella must have been made in Taiwan".
No passado, os produtos japoneses eram conhecidos pela baixa qualidade. Akio Morita, fundador da Sony, em seu livro "Made in Japan" relata como se sentia envergonhado quando reclamavam da qualidade dos produtos japoneses. Isto ocorreu no pós segunda guerra, nos anos 1950. Nos anos 1980 o Japão já apresentava uma qualidade equivalente a Norte Americanos e Alemães, com um preço muito melhor e o vácuo de fornecedor global de quinquilharias baratas e de baixa qualidade foi preenchido por dois novos atores: Coréia do Sul e Taiwan e o fala de Alex Forrest, personagem brilhantemente interpretada por Close, nos ajuda a lembrar desta época.
Atualmente o quarda-chuva vagabundo está sendo fabricado na China e é tão grande que não me surpreendo se ela ocupar os dois papéis neste teatro do comércio internacional, fornecendo produtos de alta tecnologia e quinquilharias baratas. Há espaço para todos e a lógica o é lucro.
O mundo ocidental acompanha um processo de mais de 50 anos de desindustrialização. Este fenômeno se acelerou a partir da segunda metade dos anos 1980, com a abertura econômica da China. Hoje, nas gôndolas dos supermercados dos EUA, com exceção de produtos de higiene, limpeza e alimentares, é difícil encontrar um objeto que não seja fabricado na Ásia. Economistas e políticos da América do Norte dizem que estão migrando para uma "Nova Economia", com foco em produtos e serviços de alta tecnologia. Esta crença parte da suposição que a Ásia nunca desejará ou conseguirá produzir melhor e mais barato estes "produtos e serviços de alta tecnologia" e empresas como a Huawei desmistificam este pensamento.
Uma vez desindustrializado, a pergunta que se forma é o que podemos esperar do resto do mundo em termos políticos e econômicos, sabendo que um está fortemente entrelaçado com o outro. Se não há espaço para fábricas, a atividade econômica dos países que não dominam alta tecnologia que resta é o fornecimento de matérias-primas para as fábricas da Ásia e a disparada dos preços destes produtos a partir de 2002 cria a ilusão que estamos fazendo um ótimo negócio e no caminho certo. Ilusão porque só é bom no curto prazo e porque é politicamente desastroso.
No longo prazo, a desindustrialização do país força-o a migrar para os setores primários: mineração e agricultura. São setores que não geram muitos empregos, principalmente com a queda do preço das máquinas fabricadas na Ásia. Com máquinário mais barato, o empresário é estimulado a substituir parte das atividades executadas tradicionalmente por homens.
O maior empregador privado do Brasil foi uma fábrica de automóveis nos anos 1980 e hoje é uma rede de lanchonetes Fast Food.
Politicamente o cenário é pior: como Estados mais industrializados costumam eleger políticos mais modernos, com a desindustrialização destes Estados a população tenderá a escolher políticos mais conservadores. Ironicamente a China, menina dos olhos de muitos militantes de esquerda, está fazendo o Brasil ficar um pouco mais à direita.
domingo, 25 de dezembro de 2011
Contos de Natal
Uma vez, quando eu era criança, a minha mãe comprou uma bíblia enorme e inútil. O problema estava no fato deste exemplar ser feito para enfeitar e não para ser lida e estudada, um típico objeto de decoração das salas de famílias católicas do subúrbio do Rio de Janeiro. Era uma edição em capa dura preta, com fotos de pinturas de grandes mestres europeus (provavelmente da época do renascimento ou até anterior) que retratavam passagens importantes, como o profeta Daniel numa cova infestada de leões e Santa Ana encontrando Santa Maria grávida de Jesus. As pessoas deixavam o sagrado objeto aberto, normalmente na página que tinha o Salmo 23, em destaque numa estante e ninguém lia, principalmente por estar escrita em um português arcaico. A editora só queria ganhar dinheiro e sabia que ninguém leria o livro e "deixava rolar", isto é, não promovia uma atualização do texto ou usava uma versão mais moderna, como a Bíblia de Jerusalém.
Aquela edição da Bíblia deveria custar uma pequena fortuna, porque a minha mãe pagou em suaves prestações. Junto veio um outro livro de brinde, uma coletânea de contos de Natal. Lembro que tinha até um do Machado de Assis. Nunca fui estimulado a ler o livro. Nunca fomos estimulados e ler romances ou alguma literatura de prazer. Só éramos estimulados a ler livros técnicos e jornais. Recebemos uma típica educação proletária, onde o foco era arrumar um emprego estável o quanto antes. O resultado? Dos 6 filhos da dona Dalva, 6 trabalham em estatais ou são servidores públicos.
Aquela edição da Bíblia deveria custar uma pequena fortuna, porque a minha mãe pagou em suaves prestações. Junto veio um outro livro de brinde, uma coletânea de contos de Natal. Lembro que tinha até um do Machado de Assis. Nunca fui estimulado a ler o livro. Nunca fomos estimulados e ler romances ou alguma literatura de prazer. Só éramos estimulados a ler livros técnicos e jornais. Recebemos uma típica educação proletária, onde o foco era arrumar um emprego estável o quanto antes. O resultado? Dos 6 filhos da dona Dalva, 6 trabalham em estatais ou são servidores públicos.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Chegamos ao final do ano e ao cem.
A ideia inicial era fazer um relato do crescimento da Mariah. Já pensou que legal seria contar desde o momento que aquela tira de farmácia apresentou os ansiosamente esperados dois tracinhos vermelhos ao entrar em contato com a nobre urina da Luiza grávida? No entanto só tivemos este projeto familiar no início do ano de 2011 e partimos para os trabalhos e fotos.
Ocorre que tudo sempre distorce e um plano nunca é rigorosamente cumprido. E além de relatar a vida da Mariah aproveitei para escrever de tudo um pouco. Duas regras eu procurei seguir: adicionar sempre que possível imagens às postagens e textos curtos porque o público atual que usa a Internet não tem paciência para ler artigos muito longos e densos. Isto me lembra o meu amigo Bulha, que ao descrever um certo curso superior dizia que era "amplo como o oceano Pacífico, porém com a profundidade de uma piscina de criança"
Esta centésima postagem me enche de alegria, sem hipocrisias. Consegui melhorar a minha redação e a minha capacidade de expressão, consegui comover e ser comovido. Consegui comover o Google, que me enviou pela primeira vez na minha vida uma carta e colocou o E66.8 como terceiro retorno na sua pesquisa.
Cem postagens num ano dá uma mensagem nova a cada 3,6 dias! Nem eu imaginaria que fosse possível em Janeiro de 2011.
Aos meus silenciosos leitores, um feliz ano novo com muita paz, muita alegria e harmonia!
Ocorre que tudo sempre distorce e um plano nunca é rigorosamente cumprido. E além de relatar a vida da Mariah aproveitei para escrever de tudo um pouco. Duas regras eu procurei seguir: adicionar sempre que possível imagens às postagens e textos curtos porque o público atual que usa a Internet não tem paciência para ler artigos muito longos e densos. Isto me lembra o meu amigo Bulha, que ao descrever um certo curso superior dizia que era "amplo como o oceano Pacífico, porém com a profundidade de uma piscina de criança"
Esta centésima postagem me enche de alegria, sem hipocrisias. Consegui melhorar a minha redação e a minha capacidade de expressão, consegui comover e ser comovido. Consegui comover o Google, que me enviou pela primeira vez na minha vida uma carta e colocou o E66.8 como terceiro retorno na sua pesquisa.
Cem postagens num ano dá uma mensagem nova a cada 3,6 dias! Nem eu imaginaria que fosse possível em Janeiro de 2011.
Aos meus silenciosos leitores, um feliz ano novo com muita paz, muita alegria e harmonia!
Feliz Natal
Para todos os meus silenciosos seguidores eu desejo um feliz Natal com muita paz e alegria. Jesus, o nosso Salvador, veio ao mundo para nos ensinar a amar, respeitar, buscar sempre a paz e a justiça.
"Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?" (Gálatas 4:16)
"Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?" (Gálatas 4:16)
2012 será o ano da China - parte 2
Outro dia estava lendo uma reportagem especial sobre o dr. Ulysses Guimarães (1916 - 1992) escrita pelo jornalista José Bastos Moreno e publicada no jornal O Globo. Ela contava a viagem oficial que Ulysses fez à China. Comercialmente o Brasil queria vender carros e os chineses, petróleo. Como o mundo é dinâmico! Hoje não passa um dia que eu não veja um carro chinês rodando na cidade do Rio de Janeiro e a China se tornou um feroz importador de petróleo.
O gráfico abaixo mostra a cotação de três commodities importantíssimas no comércio global: cobre, ferro e petróleo. Reparem como o Lula é sortudo: os preços das commodities dispararam a partir de 2002, ano da eleição do Lula.
Mas o mago desta ereção financeira não se chama Luiz Inácio Lula da Silva, o mago é o dragão chinês. Lula foi um surfista que aproveitou a onda chamada China.
Vendo os gráficos é mais fácil bater em dois mitos: o primeiro foi que a privatização da Vale foi "criminosa". Não sei se os métodos de venda foram os melhores, se houve ou não corrupção, mas tecnicamente o preço do minério de ferro em 1997 (ano da privatização) estava baixo e estável desde 1993. É bem provável que a empresa tivesse problemas financeiros, o que justificaria o valor de venda baixo da empresa. O governo simplesmente foi azarado porque quem comprou viu o preço do minério de ferro disparar a partir de 2002. Analisar a venda da Vale sem também olhar pelo lado da cotação das commodities metálicas é má fé.
O segundo mito foi de que o Lula é um gênio. Predestinado pode até ser, ele realmente pegou a ecomonia numa situação muito boa para os fornecedores de matéria-prima, como o Brasil. A arrecadação de impostos disparou e os dólares das exportações fizeram a economia fazer a festa. Porém sem a onda provocada pelo dragão chinês, Lula conseguiria fazer um governo pior que o do Fernando Henrique Cardoso.
E se a China diminuir o ritmo de crescimento ou mesmo quebrar? A China é um grande consumidor de matérias-primas: ferro, alumínio, cobre, petróleo, soja (para alimentar animais), fertilizantes etc. O apetite da China é grande, crescente, mas não é ilimitado. Se a China diminuir o ritmo de crescimento - e ela tem que diminuir - o preço das commodities despencará bonito. O valor das empresas que vivem de fornecimento de matéria-prima vai despencar. Petrobras, Vale, Bunge. Não ficará pedra sobre pedra.
E é este cenário que eu vejo em 2012. Estou bem pessimista. E olha que eu supersticioso e adoro anos pares e odeio anos ímpares.
Vá com Deus, 2011. Eita aninho ruim!
O gráfico abaixo mostra a cotação de três commodities importantíssimas no comércio global: cobre, ferro e petróleo. Reparem como o Lula é sortudo: os preços das commodities dispararam a partir de 2002, ano da eleição do Lula.
Até o Lula entrar, uma tonelada métrica de cobre custava uns 2200 dólares. Hoje está em quase 10.000 dólares. |
Até o Lula entrar... |
Sem comentários. O danado subiu de menso de 30 dólatesqua |
Vendo os gráficos é mais fácil bater em dois mitos: o primeiro foi que a privatização da Vale foi "criminosa". Não sei se os métodos de venda foram os melhores, se houve ou não corrupção, mas tecnicamente o preço do minério de ferro em 1997 (ano da privatização) estava baixo e estável desde 1993. É bem provável que a empresa tivesse problemas financeiros, o que justificaria o valor de venda baixo da empresa. O governo simplesmente foi azarado porque quem comprou viu o preço do minério de ferro disparar a partir de 2002. Analisar a venda da Vale sem também olhar pelo lado da cotação das commodities metálicas é má fé.
O segundo mito foi de que o Lula é um gênio. Predestinado pode até ser, ele realmente pegou a ecomonia numa situação muito boa para os fornecedores de matéria-prima, como o Brasil. A arrecadação de impostos disparou e os dólares das exportações fizeram a economia fazer a festa. Porém sem a onda provocada pelo dragão chinês, Lula conseguiria fazer um governo pior que o do Fernando Henrique Cardoso.
E se a China diminuir o ritmo de crescimento ou mesmo quebrar? A China é um grande consumidor de matérias-primas: ferro, alumínio, cobre, petróleo, soja (para alimentar animais), fertilizantes etc. O apetite da China é grande, crescente, mas não é ilimitado. Se a China diminuir o ritmo de crescimento - e ela tem que diminuir - o preço das commodities despencará bonito. O valor das empresas que vivem de fornecimento de matéria-prima vai despencar. Petrobras, Vale, Bunge. Não ficará pedra sobre pedra.
E é este cenário que eu vejo em 2012. Estou bem pessimista. E olha que eu supersticioso e adoro anos pares e odeio anos ímpares.
Vá com Deus, 2011. Eita aninho ruim!
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Vida de Papai Noel
- Mariah, minha filha, o que você vai pedir ao Papai Noel?
- Um Lava Lava da Homeplay.
- O que?
- Um Lava Lava da Homeplay! - quase gritando, mas na verdade não é que nós estamos ficando com a audição debilitada; é porque nos surpreendemos.
É assim: você primeiro paga uma TV por assinatura para entreter a filha pequena com os inocentes e politicamente corretos (até demais) desenhos do Discovery Kids e de brinde leva toneladas de anúncios de fábricas de brinquedos até então desconhecidas.
Passam uns dias. Luiza, a terrorista do Natal, diz que não encontrou o brinquedo na Casa & Vídeo da Praça Saens Peña e...
- Tenta na Casa & Vídeo da Urugaiana!
Papai Noel deixa de almoçar - tarefa hercúlea para um E66.8 - e toma de procurar o tal brinquedo. Homem não gosta de pedir informação e isto tem um custo. O custo de perder tempo procurando o Lava Lava feito um doido. Vencido, humilhado e sucumbido pelos fatos, pergunto a uma funcionária magrinha pelo objeto tão desejado. Por que no comércio normalmente os gordos ficam no caixa e os magros ficam repondo e arrumando as mercadorias?
- Eu vi um Lava Lava perto do elevador.
Era o último da loja. Me senti mais que vencedor, como diz a música evangélica. Chego no caixa para pagar e o Lava Lava é o meu troféu.
- Esta caixa é muito grande, não dá para colocar no saco.
SETENV MODO_DUPLO_SENTIDO OFF
- Não tens saco maior?
- Não. Vou colocar uma tarja.
Tarja é um saco menor dobrado e preso com fita. Antigamente diziam que era para indicar aos seguranças da loja que você pagou e não roubou.
- Papai Noel leva o trombolho então para o trabalho, porque Mariah ainda não pode saber como é mundano a forma como as crianças recebem os presentes. Não há renas nem duendes, há Mastercard, Visa Elétron e dinheiro vivo.
Chego no trabalho e faço um arranjo ilógico para o brinquedo entrar dentro do armário branco asséptico. No meio do processo, a minha coordenadora arregala um olho enorme. Parece que aquelas bolas de gude castanhas saltarão no meu colo. Pensei que ela fosse reclamar de eu estar colocando objetos pessoais num móvel corporativo.
- Você está criando uma dona-de-casa!
- Mas foi ela quem pediu!
- Você tem que educar a sua filha para a vida! - discursa com aquela voz dramática e contundente que só os pernambucanos possuem.
No advento dos 40 anos eu ainda perco parte do meu final de semana abastecendo uma Electrolux LE750 para deixar a minha indumentária e da minha família com cheirinho de alfazema. Que mal tem brincar de lavar roupa?
E ficou no trabalho dias. Ontem levei para casa. Pega o 229, fica imprensado pelo brinquedo a viagem toda, tira um cochilo na altura da C&A, acorda, passa uns pontos e salta. Ladeira acima. Ladeira abaixo. Cheguei.
- Mariah está acordada. Jogarei a chave do carro.
- Quero ver papai!
- Não! Agora não dá.
Abro a garagem, abro a mala do carro e escondo a fina peça. Só falta embrulhar. Não sei como o Papai Noel ainda consegue ser gordo.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
2012 será o ano da China
Anotem aí!
Anotem aí!
2012 será o ano da China. Da quebra da China.
Simplesmente não dá para crescer 10% ao ano indefinidamente, principalmente com a Europa e os Estados Unidos em crise econômica. Não dá para ampliar a oferta de energia elétrica 10% ao ano por muito mais tempo.
Não há água suficiente. O consumo predatório dos rios já conseguiu a façanha de fazer um dos principais rios da China, o Amarelo, simplesmente secar antes de desaguar no mar. O rio literalmente secou. Não é piada nem alarmismo, são fatos.
Clique no link acima e lerá que:
Sim, dependendo de como a China fizer este pouso, o mundo pode quebrar junto. De certo as empresas e países fornecedores de commodities (minério de ferro, petróleo, soja etc) sofrerão muito.
Realize o prejuízo, venda as suas ações e compre títulos do tesouro com juros pós-fixados. Depois é só acender um charuto e ficar assistindo The History Channel no sofá.
Anotem aí!
2012 será o ano da China. Da quebra da China.
Simplesmente não dá para crescer 10% ao ano indefinidamente, principalmente com a Europa e os Estados Unidos em crise econômica. Não dá para ampliar a oferta de energia elétrica 10% ao ano por muito mais tempo.
Não há água suficiente. O consumo predatório dos rios já conseguiu a façanha de fazer um dos principais rios da China, o Amarelo, simplesmente secar antes de desaguar no mar. O rio literalmente secou. Não é piada nem alarmismo, são fatos.
Clique no link acima e lerá que:
"O Rio Amarelo após fluir ininterruptamente por milhares de anos, em 1972 deixou de chegar ao mar por 15 dias. Desde 1997, ele chega de forma interrupta à Província de Shandong, a última que atravessa no seu percurso rumo ao mar e que é a mais importante região agrícola do país. Ela produz um quinto do milho e um sétimo do trigo chinês. Metade da água de irrigação vinha do Rio Amarelo, e metade de um aqüífero (fóssil) que cai 1,5 metro por ano!"
Sim, dependendo de como a China fizer este pouso, o mundo pode quebrar junto. De certo as empresas e países fornecedores de commodities (minério de ferro, petróleo, soja etc) sofrerão muito.
Realize o prejuízo, venda as suas ações e compre títulos do tesouro com juros pós-fixados. Depois é só acender um charuto e ficar assistindo The History Channel no sofá.
A grande vila militar
Nos Estados Unidos é aquilo que vemos em filmes e seriados na TV: bandeiras hasteadas nas casa, estendidas deitadas no alto dos galpões, concorrendo com as pontes rolantes e pessoas vestindo camisas que são bandeiras estilizadas e até rostos pintados com com vermelho, azul e branco.
Na primeira vez que eu estive nos Estados Unidos eu conheci um representante comercial brasileiro que constantemente viajava para lá. Não lembro como o assunto chegou neste ponto, pois foi aquela conversa mole sem pretenções dentro de um ônibus fretado que nos levava para um evento, porém uma parte da conversa me marcou e ficou na memória mesmo depois de quase cinco anos:
- Isto aqui (os EUA) é um grande quartel! Você olha as cidades, pelo avião, e tudo se assemelha a uma grande vila militar: as casas sempre são brancas com telhado cinza e na frente um gramado impecável. Quase todas estão equipadas com armas de fogo. A maioria dos executivos prestaram serviço militar em alguma guerra, em algum lugar do mundo, e os pilotos da Delta, United, American, todas elas, aprenderam a arte na Marinha ou na Força Aérea. Eu sempre digo, quando vou conversar com um cliente novo norte-americano, como quem não quer nada, que eu fui oficial da Marinha do Brasil e é impressionante como as portas se abrem e o comportamento do cliente muda completamente, como se fôssemos amigos de longa data, companheiros de caserna. A regra de ouro aqui é então se comportar sempre como um bom soldado. Se você estiver em dúvida de como se comportar em alguma situação nos Estados Unidos, simplesmente imagine que tu és um bom soldado e quase sempre obterás suceso.
Na primeira vez que eu estive nos Estados Unidos eu conheci um representante comercial brasileiro que constantemente viajava para lá. Não lembro como o assunto chegou neste ponto, pois foi aquela conversa mole sem pretenções dentro de um ônibus fretado que nos levava para um evento, porém uma parte da conversa me marcou e ficou na memória mesmo depois de quase cinco anos:
- Isto aqui (os EUA) é um grande quartel! Você olha as cidades, pelo avião, e tudo se assemelha a uma grande vila militar: as casas sempre são brancas com telhado cinza e na frente um gramado impecável. Quase todas estão equipadas com armas de fogo. A maioria dos executivos prestaram serviço militar em alguma guerra, em algum lugar do mundo, e os pilotos da Delta, United, American, todas elas, aprenderam a arte na Marinha ou na Força Aérea. Eu sempre digo, quando vou conversar com um cliente novo norte-americano, como quem não quer nada, que eu fui oficial da Marinha do Brasil e é impressionante como as portas se abrem e o comportamento do cliente muda completamente, como se fôssemos amigos de longa data, companheiros de caserna. A regra de ouro aqui é então se comportar sempre como um bom soldado. Se você estiver em dúvida de como se comportar em alguma situação nos Estados Unidos, simplesmente imagine que tu és um bom soldado e quase sempre obterás suceso.
Esta bela mulher quase foi vice-presidente dos Estados Unidos |
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Ampulheta
Terça-feira passada (13-12-2011) eu, sem querer, deixei cair o meu celular que estava no bolso da camisa e se desmontou todo. Não foi a primeira vez que isto aconteceu e era só questão de montá-lo de novo e a Nokia mostrar mais uma vez como são robustos os produtos desta marca, no entanto, em questão de milissegundos, acidentalmente pisei no display e o barulho do aparelho quebrando não sai da minha mente.
Voltei para casa só com o chip no bolso da carteira pensando que iria gastar uns 200 reais para comprar um celular novo. Bem, no “Boa Dica” há ofertas de celulares por menos de 50 reais. Imagino a qualidade. Neste meio tempo estou usando um celular chinês que eu comprei para a Luiza e é tão ruim que foi deixado de lado. É um autêntico pato, daqueles que tem um pouco de tudo e não faz nada bem feito. Para piorar as coisas o plugue do carregador não faz mais contato e quando a bateria se esgotar será a morte definitiva. O indicativo de carga da bateria já perdeu uma barrinha. Parece uma ampulheta cibernética. Acho que eu na hora do almoço eu irei ao caixa eletrônico sacar R$ 50.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Ballet
Na segunda, 12-12-2011, fomos presenteados com a apresentação da turma do ballet da Mariah. Ela, linda, ficou bem diferente com o cabelo preso e com gel. Todas ficaram bem diferentes, principalmente a Juliana.
Mamãe chorona deu uma rosa de presente.
Mamãe chorona deu uma rosa de presente.
Entrega dos presentes
Foi na casa da Luciana Trotta, no sábado passado. O Luiz, marido da Luciana, nos proporcionou ótimas gargalhadas. Nada como um amigo engraçado.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Jaboticaba elétrica
Se existe uma aberração que ninguém fala neste país ela se chama chuveiro elétrico.
O chuveiro elétrico é perigoso, feio, fornece um banho de má qualidade e encarece o sistema de distribuição elétrica. A única vantagem é que ele é relativamente fácil e barato de instalar. O perigo e o horror estético não preciso comentar pois é evidente. O banho é de má qualidade porque ele esquenta menos que um aquecedor a gás e fornece uma vazão de água menor. Mas por que ele encarece o sistema de distribuição elétrica?
A maioria das pessoas toma banho no chamado "horário de pico", que vai das 17h às 22h. O consumo de um chuveiro elétrico é um absurdo. O modelos mais populares consomem aproximadamente 5500 Watts, entretanto existem modelos de 8000 Watts. Para comparar, uma geladeira consome 200W e um aparelho de ar condicionado de 7500btu 800W.
Para fornecer tanta potência ligada ao mesmo tempo as distribuidoras são obrigadas a usar fios mais grossos e instalar transoformadores enormes nos postes. Esta fiação ficará ociosa na maior parte do tempo (das 22h às 17h do dia seguinte). Se o periodo for de seca e os reservatórios estiverem baixos, as usinas térmicas operando com combustíveis fósseis serão acionadas para complementar a oferta de energia e a eletricidade gerada por termelétricas é mais poluente e cara. Tudo isto tem um custo e quem paga é a sociedade, embutida na conta de luz, ou seja, quem paga é tu, mesmo que não tenhas em casa um chuveiro elétrico.
O chuveiro elétrico é perigoso, feio, fornece um banho de má qualidade e encarece o sistema de distribuição elétrica. A única vantagem é que ele é relativamente fácil e barato de instalar. O perigo e o horror estético não preciso comentar pois é evidente. O banho é de má qualidade porque ele esquenta menos que um aquecedor a gás e fornece uma vazão de água menor. Mas por que ele encarece o sistema de distribuição elétrica?
A maioria das pessoas toma banho no chamado "horário de pico", que vai das 17h às 22h. O consumo de um chuveiro elétrico é um absurdo. O modelos mais populares consomem aproximadamente 5500 Watts, entretanto existem modelos de 8000 Watts. Para comparar, uma geladeira consome 200W e um aparelho de ar condicionado de 7500btu 800W.
Para fornecer tanta potência ligada ao mesmo tempo as distribuidoras são obrigadas a usar fios mais grossos e instalar transoformadores enormes nos postes. Esta fiação ficará ociosa na maior parte do tempo (das 22h às 17h do dia seguinte). Se o periodo for de seca e os reservatórios estiverem baixos, as usinas térmicas operando com combustíveis fósseis serão acionadas para complementar a oferta de energia e a eletricidade gerada por termelétricas é mais poluente e cara. Tudo isto tem um custo e quem paga é a sociedade, embutida na conta de luz, ou seja, quem paga é tu, mesmo que não tenhas em casa um chuveiro elétrico.
sábado, 3 de dezembro de 2011
O Siri e o Windows 7
Eu sempre fui meio reativo com os sistemas operacionais da Microsoft que sucederam o XP, que eu acreditava que era uma obra-prima, pelo menos em comparação com o Windows 95 e o Windows 98. Quando surgiu o Vista e começaram as críticas contundentes eu tive aquele orgasminho que só ocorre com quem defende uma ideia sozinho e os fatos futuros mostram que estava certo.
E tudo ia muito bem e estável. O computador usava ainda uma placa mãe de 2005, mas o Windows XP funcionava redondo naquela plataforma obsoleta. Porém passamos férias nos Estados Unidos no ano passado e compramos um laptop da HP que já estava com o Windows 7 instalado. Este sistema operacional oferece uns mimos interessantes para o usuário comum e um recurso que adoramos foi a mudança automática do papel de parede. É só escolher uma pasta entupida de fotos e definir o tempo de permanência da imagem. Como a gente queria relembrar momentos e viagens, ajustamos para trocar a cada 30 segundos. Vencida a teimosia, instalei o Windows 7 quando modernizei o desktop.
Um dia a Luiza pediu para mudar a pasta porque estava cansada de ver as mesmas fotos. Escolhi então uma enorme com as fotos da Mariah até o batizado e ali estão várias com ela no chão da sala, se divertindo com brinquedos que não são mais para a idade dela e por isto foram doados para outras crianças quando ela cresceu. "Que brinquedos são estes?" E com jeitinho a gente vai explicando. "Eu dei para a Dandara". Realmente alguns foram para a vizinha mais nova. Aí muda a foto e aparece o Siri! O Siri foi o brinquedo que a Mariah mais gostou quando tinha menos de um ano. Ela amava o Siri, mordia o Siri e sacudia o Siri. Não tivemos coragem de doá-lo. O Siri fica porque não se separa de quem faz parte da família!
E tudo ia muito bem e estável. O computador usava ainda uma placa mãe de 2005, mas o Windows XP funcionava redondo naquela plataforma obsoleta. Porém passamos férias nos Estados Unidos no ano passado e compramos um laptop da HP que já estava com o Windows 7 instalado. Este sistema operacional oferece uns mimos interessantes para o usuário comum e um recurso que adoramos foi a mudança automática do papel de parede. É só escolher uma pasta entupida de fotos e definir o tempo de permanência da imagem. Como a gente queria relembrar momentos e viagens, ajustamos para trocar a cada 30 segundos. Vencida a teimosia, instalei o Windows 7 quando modernizei o desktop.
Um dia a Luiza pediu para mudar a pasta porque estava cansada de ver as mesmas fotos. Escolhi então uma enorme com as fotos da Mariah até o batizado e ali estão várias com ela no chão da sala, se divertindo com brinquedos que não são mais para a idade dela e por isto foram doados para outras crianças quando ela cresceu. "Que brinquedos são estes?" E com jeitinho a gente vai explicando. "Eu dei para a Dandara". Realmente alguns foram para a vizinha mais nova. Aí muda a foto e aparece o Siri! O Siri foi o brinquedo que a Mariah mais gostou quando tinha menos de um ano. Ela amava o Siri, mordia o Siri e sacudia o Siri. Não tivemos coragem de doá-lo. O Siri fica porque não se separa de quem faz parte da família!
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
O Altíssimo gosta de mim
Faz algum tempo que a gente está precisando fazer obras no nosso apartamento. O imóvel é de 1952 e a cozinha ainda é praticamente original, com aquele revestimento de ladrilhos quadrados e amarelos de 10cm de lado. Mas como fazer uma intervenção profunda na cozinha com uma idosa e uma criança morando no imóvel? Um arquiteto disse que é como trocar um pneu com o carro em movimento. Bela comparação.
Mas aí entra o toque divino que sempre ajuda a minha família nos momentos que ela mais precisa: o meu irmão número cinco comprou um imóvel a 250 metros do meu prédio e ele vai receber as chaves agora, dia 07, e vai nos emprestar o imóvel para fazemos a obra em paz e, como todos sabem, o mundo é bem pequeno, apesar de morarem mais de sete bilhões de humanos.
O casal que vendeu o imóvel para o meu irmão tem uma filha que estuda na mesma escola que a Mariah. Nunca te vi, sempre te amei. E o mais engraçado é que a mãe da menina está fazendo o inventário da casa da minha mãe, ou seja, as cópias da minha identidade e da minha esposa já estão no apartamento novo.
Luiza já conseguiu entrar no novo cafofo provisório para "ver qual é" e Mariah ainda ganhou um lanche. Depois eu é que sou o curioso.
Mas aí entra o toque divino que sempre ajuda a minha família nos momentos que ela mais precisa: o meu irmão número cinco comprou um imóvel a 250 metros do meu prédio e ele vai receber as chaves agora, dia 07, e vai nos emprestar o imóvel para fazemos a obra em paz e, como todos sabem, o mundo é bem pequeno, apesar de morarem mais de sete bilhões de humanos.
O casal que vendeu o imóvel para o meu irmão tem uma filha que estuda na mesma escola que a Mariah. Nunca te vi, sempre te amei. E o mais engraçado é que a mãe da menina está fazendo o inventário da casa da minha mãe, ou seja, as cópias da minha identidade e da minha esposa já estão no apartamento novo.
Luiza já conseguiu entrar no novo cafofo provisório para "ver qual é" e Mariah ainda ganhou um lanche. Depois eu é que sou o curioso.
domingo, 27 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Amigo oculto
Até ela nascer nós éramos desconhecidos. Um casal como qualquer outro que compra pão na padaria, vai ao supermercado, sai de carro no final de semana, caminha de mãos dadas na calçada e corre para atravessar a rua com o semáforo quase abrindo para os carros.
É bom ser normal e desconhecido e andar no meio da minha rua quase sem movimento, mas ela nasceu e nos deu o conceito de vizinhança, de comunidade. Na padaria todos conversam com ela e o vizinho de frente deu um bambolê de lembrança. Mariah, com a sua força incomparável, devolveu o sabor agradável de subúrbio que a Tijuca parecia ter perdido. Descobre-se então que outras pessoas queriam também sentir este sabor, interagir positivamente com os vizinhos e não só tolerá-los e fazer alguns deles amigos.
Luiza está promovendo uma brincadeira de "Amigo oculto" com os coleguinhas da escola e o sorteio será no nosso apartamento. As crianças estão ansiosas por brincar e conhecer a casa da Mariah. Não sei se vai dar tanta gente lá em casa. Vamos aproveitar para comemorar os nossos 11 anos de casados com os nossos amigos vizinhos.
É bom ser normal e desconhecido e andar no meio da minha rua quase sem movimento, mas ela nasceu e nos deu o conceito de vizinhança, de comunidade. Na padaria todos conversam com ela e o vizinho de frente deu um bambolê de lembrança. Mariah, com a sua força incomparável, devolveu o sabor agradável de subúrbio que a Tijuca parecia ter perdido. Descobre-se então que outras pessoas queriam também sentir este sabor, interagir positivamente com os vizinhos e não só tolerá-los e fazer alguns deles amigos.
Luiza está promovendo uma brincadeira de "Amigo oculto" com os coleguinhas da escola e o sorteio será no nosso apartamento. As crianças estão ansiosas por brincar e conhecer a casa da Mariah. Não sei se vai dar tanta gente lá em casa. Vamos aproveitar para comemorar os nossos 11 anos de casados com os nossos amigos vizinhos.
domingo, 20 de novembro de 2011
Williamsburg
"1980: O seu computador pessoal era o seu cérebro" |
"1954: você toleva a segregação nas escolas" |
"1940: você não assistia TV" |
"1920: você aceitava que as mulheres fossem proibidas de votar" |
"1913: você não pagava imposto de renda e não recebia nenhuma seguridade social" |
"1865: você conhecia pessoas que eram donas de outras pessoas" |
"1820: você não podia viajar por terra mais que 70 milhas por dia" |
"1800: quase tudo que você comia era colhido nas proximidades" |
"1790: o seu jornal mais recente era de mais de uma semana atrás" |
"1776: você estava sujeito à sua majestade, o rei" |
Na cidade de Williamsburg, no Estado da Virgínia, um hotel e um centro de informações turísticas foram construídos num terreno ao lado do sítio histórico, porém separados por uma estrada. Foi edificada então uma passarela e a ideia era fazê-la um "tunel do tempo". Colocaram então placas no piso da passarela para criar o clima.
Reparem que os comentários da vida no passado eram sempre negativos (tirando o fato de não se pagar imposto de renda).
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Benjamin Franklin
Até eu ler A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber, Benjamin Franklin era uma pessoa que nunca despertou o meu interesse. Ele inventou o para-raios e isto é um fato importante para quem é engenheiro, mas fora isso e a sua atuação formação dos Estados Unidos, eu praticamente não sabia nada sobre ele.
O Franklin de Weber personifica o avarento e a pessoa que faz do ato de enriquecer a meta mais importante da vida. Não sou um estudioso da obra do sociólogo alemão, mas eu interpreto que Weber fez um perfil negativo e muito limitado de Franklin e embora o foco do seu livro não fosse a vida e o pensamento dele, Weber poderia ter sido um pouco mais amplo e justo.
No livro são citados uns pensamentos de Franklin e hoje, quase por acaso, descobri de onde sairam estes pensamentos. Eles vem de um almanaque que Franklin escreveu durante anos, uma obra que circulou nos Estados Unidos (na época uma colônia britânica) de 1732 a 1758 chamado Poor Richard's Almanack (Almanaque do Pobre Ricardo). Curioso como sempre, fui dar uma olhada no tal almanaque graças a ação de uma meiga e caridosa alma que digitalizou e disponibilizou na rede:
Poor Richard's Almanack
O fascinante é que Franklin além de jornalista, político, pensador e inventor era um grande criador de ditados! Sempre desejei saber quem inventou alguns ditados pois ditados são mágicos, são pétalas de sabedoria anônimas.
A sabedoria de Benjamin Franklin (tradução livre):
"Tempo é dinheiro" (Time is money)
"Coma para viver e não viva para comer" (Eat to live, and not live to eat)
"Quem tem janela de vidro não atira pedras na casa do vizinho" (Don't throw stones at your neighbours, if your own windows are glass)
"O bom pagador é o dono da bolsa alheia" (The good Paymaster is Lord of another man's Purse)
O Franklin de Weber personifica o avarento e a pessoa que faz do ato de enriquecer a meta mais importante da vida. Não sou um estudioso da obra do sociólogo alemão, mas eu interpreto que Weber fez um perfil negativo e muito limitado de Franklin e embora o foco do seu livro não fosse a vida e o pensamento dele, Weber poderia ter sido um pouco mais amplo e justo.
No livro são citados uns pensamentos de Franklin e hoje, quase por acaso, descobri de onde sairam estes pensamentos. Eles vem de um almanaque que Franklin escreveu durante anos, uma obra que circulou nos Estados Unidos (na época uma colônia britânica) de 1732 a 1758 chamado Poor Richard's Almanack (Almanaque do Pobre Ricardo). Curioso como sempre, fui dar uma olhada no tal almanaque graças a ação de uma meiga e caridosa alma que digitalizou e disponibilizou na rede:
Poor Richard's Almanack
O fascinante é que Franklin além de jornalista, político, pensador e inventor era um grande criador de ditados! Sempre desejei saber quem inventou alguns ditados pois ditados são mágicos, são pétalas de sabedoria anônimas.
A sabedoria de Benjamin Franklin (tradução livre):
"Tempo é dinheiro" (Time is money)
"Coma para viver e não viva para comer" (Eat to live, and not live to eat)
"Quem tem janela de vidro não atira pedras na casa do vizinho" (Don't throw stones at your neighbours, if your own windows are glass)
"O bom pagador é o dono da bolsa alheia" (The good Paymaster is Lord of another man's Purse)
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
And the winner is...
Certas ideias saem da boca do povo de uma forma tão melíflua que acabam ganhando ares de verdade. São as lendas populares. Claro que não são pensamentos sofisticados como a questão da ética protestante na formação da cultura dos Estados Unidos ou o conceito de mais-valia de Marx.
Uma lenda popular que já se consolidou é que os sorteios da Mega-sena são fraudados e uma das provas inquestionáveis é que o sorteado sempre é de uma cidade do interior, o que supostamente dificultaria uma averiguação da lisura do sorteio e o anúncio público do sorteado.
Num país com tantos crimes e sequestros é natural que uma pessoa que ganha R$ 20 milhões não queira aparecer. Rico midiático sempre é cercado de fiés seguranças.
A outra questão é que o Brasil é um país bem rural. Existem milhares de cidades com menos de 100 mil habitantes. Só no estado de Minas Gerais são mais de 600 munícípios, alguns tão pequenos quanto Nova Resende e Itutinga. Não me estranha de forma alguma que moradores destas cidades ganhem na Mega-sena com certa frequência até porque proporcionalmente as pessoas que vivem no interior jogam mais do que as pessoas que vivem nas grandes cidades. Porque em cidades do interior as prossibilidades de progresso econômico e enriquecimento são muito menores e porque as opções de lazer - e jogar em loteria é uma forma de lazer na opinião de muitos brasileiros - são bem menores que nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo.
Esta questão me intrigou depois que um internauta deixou uma mensagem num dos foruns que eu participo dizendo que o único ganhador de um prêmio de R$ 30 milhões foi da pequena cidade que ele vivia e que a afiliada da Rede Globo estava a procura do felizardo. Surgiram comentários de todas as formas em resposta a esta mensagem, anguns bem engraçados, sugerindo que o internauta se perfumasse e fizesse a barba pois o boato era que a cidade ganhou uma nova rica viúva de 50 anos. O mistério acabou dias depois, quando o mesmo internauta anunciou que descobriram que o sortudo era um sergipano com sete irmãos. Dizem que o nordestino deu dois milhões de reais para cada irmão e ficou com o restante e todos voltaram felizes para o menor estado do Brasil. Que Deus os abençoe e os ilumine.
Uma lenda popular que já se consolidou é que os sorteios da Mega-sena são fraudados e uma das provas inquestionáveis é que o sorteado sempre é de uma cidade do interior, o que supostamente dificultaria uma averiguação da lisura do sorteio e o anúncio público do sorteado.
Num país com tantos crimes e sequestros é natural que uma pessoa que ganha R$ 20 milhões não queira aparecer. Rico midiático sempre é cercado de fiés seguranças.
A outra questão é que o Brasil é um país bem rural. Existem milhares de cidades com menos de 100 mil habitantes. Só no estado de Minas Gerais são mais de 600 munícípios, alguns tão pequenos quanto Nova Resende e Itutinga. Não me estranha de forma alguma que moradores destas cidades ganhem na Mega-sena com certa frequência até porque proporcionalmente as pessoas que vivem no interior jogam mais do que as pessoas que vivem nas grandes cidades. Porque em cidades do interior as prossibilidades de progresso econômico e enriquecimento são muito menores e porque as opções de lazer - e jogar em loteria é uma forma de lazer na opinião de muitos brasileiros - são bem menores que nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo.
Esta questão me intrigou depois que um internauta deixou uma mensagem num dos foruns que eu participo dizendo que o único ganhador de um prêmio de R$ 30 milhões foi da pequena cidade que ele vivia e que a afiliada da Rede Globo estava a procura do felizardo. Surgiram comentários de todas as formas em resposta a esta mensagem, anguns bem engraçados, sugerindo que o internauta se perfumasse e fizesse a barba pois o boato era que a cidade ganhou uma nova rica viúva de 50 anos. O mistério acabou dias depois, quando o mesmo internauta anunciou que descobriram que o sortudo era um sergipano com sete irmãos. Dizem que o nordestino deu dois milhões de reais para cada irmão e ficou com o restante e todos voltaram felizes para o menor estado do Brasil. Que Deus os abençoe e os ilumine.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Alegria de pobre dura pouco
Parece que acabou o blog "Cem homens". É uma pena. Se ela tivesse mostrado o rosto, se identificado, pelo menos quando o blog ficou consolidado e famoso talvez ela estivesse numa situação financeira melhor hoje. Ou teria torrado definitivamente o seu futuro profissional
Seria uma aposta bem ousada.
Seria uma aposta bem ousada.
Leituras
Ontem, 09-11-2011, eu e a Luiza fomos fazer a avaliação médica para entrar na academia. Mais uma vez. Mais do mesmo. Não sei como vou fazer caminhada na esteira com uma hérnia, no entanto vou tentar. Na volta, por volta das 20h, mortos de fome pois estava sem comer desde às 13h, não resisti e paramos no barzinho que fica bem no caminho da volta. Maná dos deuses.
Já em casa, abri o pacote que chegou do Itaú Cultural, com três livros que eu pedi pela Internet faz tempo. Os livros parecem que foram escolhidos pelo critério de menor peso e não apenas pela qualidade, pois eram bem leves e isto diminui as despesas postais.
Mariah ficou doida. Só que eu estava tão cansado que disse que iria ler apenas um dos três, e que era para escolher um, apenas um. Ela escolheu o do Chico Buarque. Nem sabia que Chico Buarque escrevia livros infantis.
Eu acabei lendo todos, porque a guria ficou tão apaixonada e carinhosa que me venceu. É tão nobre, tão paternal ler para os filhos.
Já em casa, abri o pacote que chegou do Itaú Cultural, com três livros que eu pedi pela Internet faz tempo. Os livros parecem que foram escolhidos pelo critério de menor peso e não apenas pela qualidade, pois eram bem leves e isto diminui as despesas postais.
Mariah ficou doida. Só que eu estava tão cansado que disse que iria ler apenas um dos três, e que era para escolher um, apenas um. Ela escolheu o do Chico Buarque. Nem sabia que Chico Buarque escrevia livros infantis.
Eu acabei lendo todos, porque a guria ficou tão apaixonada e carinhosa que me venceu. É tão nobre, tão paternal ler para os filhos.
domingo, 6 de novembro de 2011
SUS
A semana passou e o assunto que mais me impressionou foi a doença do Lula. Não que a doença me surpreenda, porque é relativamente comum um cancer daquele tipo numa pessoa que fuma muito, mas a forma como o fato se propagou. Perdemos uma ótima oportunidade de falar dos males do tabagismo para insinuar os males do sistema público de saúde.
Não questionarei se Lula deveria ou não usar o SUS ou qualquer outro serviço público, nem se é justo as pessoas usarem a grossa ironia para dizer que ele mentia quando falava das maravilhas implementadas no SUS durante a gestão que iniciou em 2003. Tancredo Neves usou o serviço público de saúde e o anterior, João Figueiredo, se não me falha a memória, chegou a fazer uma cirurgia espiritual num centro espírita na Penha, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. Cirurgia espiritual em centro espírita não é SUS, mas pode ser considerado um serviço público no lato sensu. Fora estes dois casos, não me recordo de nenhum presidente ou vice-presidente que tenha usado o sistema público de saúde ressaltando que a minha tenra idade só permite recordações a partir do governo Figueiredo (1979 - 1985). Aliás, por que o José de Alencar pode usar a rede privada sem críticas e o Lula não pode? Já que é para criticar e questionar, eu duvido que os filhos do governador Sergio Cabral (PMDB/RJ) possuam diplomas de segundo grau emitidos por uma escola pública estadual. O mesmo para os rebentos de Eduardo Paes (PMDB/RJ) e Cesar Maia (DEM/RJ).
Mas quando anônimos leitores de jornais dizem que "O Lula deveria se tratar no SUS" o que eles querem afirmar é que o sistema de saúde pública no Brasil é horrível e que o responsável por esta situaçao deveria padecer do mal que criou, como se todos os governantes atuais e anteriores também não fossem responsáveis pela situação do sistema público de saúde. É claro que estes também são responsáveis e Dilma, FHC, Sarney e todos os demais governantes federais, estaduais e municipais deveriam todos de tratar no SUS se é para seguir esta linha de pensamento.
Mas muitos dos que enfaticamente relatam esta suposta tragédia o fazem por meio de impressões e relatos de segunda mão, pois já abandonaram o sistema de saúde pública há muito tempo e acabam sendo como a criança que diz que não gosta de pera sem ter nunca experimentado. E boa parte só abandonou o sistema porque a empresa paga um plano de saúde privado. Este é o meu caso, embora eu não tenha abandonado o sistema.
Em 2005 eu estive na Espanha e a tia da minha esposa estava internada para operar o coração. Fomos conhecê-la no hospital que fica na cidade de Huesca. O que eu vi foi algo melhor que a Casa de Saúde São José, que tem o foco na classe média-alta carioca. Só não tinha quarto particular, mas o que eles chamavam de enfermaria era um confortável quarto dividido com mais uma senhora porque a terceira cama estava vaga. Realmente, se for comparar com o sistema de saúde da zona do euro naquela época, a distância do SUS é enorme.
Por outro lado, eu usei o sistema público de saúde no ano passado, quando fui à Goiânia, e para ir àquela região é preciso tomar a vacina contra febre amarela. Na verdade eu, a esposa, a sogra e a filha fomos vacinados no posto de saúde municipal da Tijuca (cidade do Rio de Janeiro) e o atendimento foi ótimo, rápido, sem filas e quase sem dor. Os funcionários foram muito gentis e explicaram todos os detalhes biológicos e burocráticos da vacina. Não sabendo responder uma dúvida da minha esposa quanto à aplicação da vacina na minha filha, um deles ligou para a pediatra da prefeitura para elucidar o caso. Por fim, o nível que choro da minha filha foi menor que a das vacinas privadas, fazendo-me concluir que as enfermeiras do município tinham uma "mão melhor para aplicar injeção".
Sendo assim, eu não posso, pela minha experiência atual, afirmar que o sistema é ruim. Falar isso é propagar um mito nem sempre verdadeiro que só beneficia quem quer mais dinheiro para o sistema, mas não tem compromisso com a melhoria do SUS, em especial os corruptos.
Não questionarei se Lula deveria ou não usar o SUS ou qualquer outro serviço público, nem se é justo as pessoas usarem a grossa ironia para dizer que ele mentia quando falava das maravilhas implementadas no SUS durante a gestão que iniciou em 2003. Tancredo Neves usou o serviço público de saúde e o anterior, João Figueiredo, se não me falha a memória, chegou a fazer uma cirurgia espiritual num centro espírita na Penha, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. Cirurgia espiritual em centro espírita não é SUS, mas pode ser considerado um serviço público no lato sensu. Fora estes dois casos, não me recordo de nenhum presidente ou vice-presidente que tenha usado o sistema público de saúde ressaltando que a minha tenra idade só permite recordações a partir do governo Figueiredo (1979 - 1985). Aliás, por que o José de Alencar pode usar a rede privada sem críticas e o Lula não pode? Já que é para criticar e questionar, eu duvido que os filhos do governador Sergio Cabral (PMDB/RJ) possuam diplomas de segundo grau emitidos por uma escola pública estadual. O mesmo para os rebentos de Eduardo Paes (PMDB/RJ) e Cesar Maia (DEM/RJ).
Mas quando anônimos leitores de jornais dizem que "O Lula deveria se tratar no SUS" o que eles querem afirmar é que o sistema de saúde pública no Brasil é horrível e que o responsável por esta situaçao deveria padecer do mal que criou, como se todos os governantes atuais e anteriores também não fossem responsáveis pela situação do sistema público de saúde. É claro que estes também são responsáveis e Dilma, FHC, Sarney e todos os demais governantes federais, estaduais e municipais deveriam todos de tratar no SUS se é para seguir esta linha de pensamento.
Mas muitos dos que enfaticamente relatam esta suposta tragédia o fazem por meio de impressões e relatos de segunda mão, pois já abandonaram o sistema de saúde pública há muito tempo e acabam sendo como a criança que diz que não gosta de pera sem ter nunca experimentado. E boa parte só abandonou o sistema porque a empresa paga um plano de saúde privado. Este é o meu caso, embora eu não tenha abandonado o sistema.
Em 2005 eu estive na Espanha e a tia da minha esposa estava internada para operar o coração. Fomos conhecê-la no hospital que fica na cidade de Huesca. O que eu vi foi algo melhor que a Casa de Saúde São José, que tem o foco na classe média-alta carioca. Só não tinha quarto particular, mas o que eles chamavam de enfermaria era um confortável quarto dividido com mais uma senhora porque a terceira cama estava vaga. Realmente, se for comparar com o sistema de saúde da zona do euro naquela época, a distância do SUS é enorme.
Por outro lado, eu usei o sistema público de saúde no ano passado, quando fui à Goiânia, e para ir àquela região é preciso tomar a vacina contra febre amarela. Na verdade eu, a esposa, a sogra e a filha fomos vacinados no posto de saúde municipal da Tijuca (cidade do Rio de Janeiro) e o atendimento foi ótimo, rápido, sem filas e quase sem dor. Os funcionários foram muito gentis e explicaram todos os detalhes biológicos e burocráticos da vacina. Não sabendo responder uma dúvida da minha esposa quanto à aplicação da vacina na minha filha, um deles ligou para a pediatra da prefeitura para elucidar o caso. Por fim, o nível que choro da minha filha foi menor que a das vacinas privadas, fazendo-me concluir que as enfermeiras do município tinham uma "mão melhor para aplicar injeção".
Sendo assim, eu não posso, pela minha experiência atual, afirmar que o sistema é ruim. Falar isso é propagar um mito nem sempre verdadeiro que só beneficia quem quer mais dinheiro para o sistema, mas não tem compromisso com a melhoria do SUS, em especial os corruptos.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Gordos, mórbida semelhança
Neste final de semana a Mariah, naquele papinho gostoso antes de dormir, pela primeira vez comentou que eu e a Luiza somos gordos. Era algo que eu esperava mais traumático ou até mesmo ofensivo, mas foi só um comentário, mais doce e simples que talvez nem numa fase otimista eu pensaria.
O dia chegou e por trás desta apreensão de quatro anos há o medo da rejeição. Fui muito rejeitado por ser obeso, mas hoje, quase 40 anos de idade e alguns anos de boa psicoterapia e cristianismo julgo-me parcialmente curado, mas ainda temo a rejeição das pessoas que eu mais amo, embora eu saiba que Mariah é louca por mim. Mesmo eu sendo gordo.
Hoje eu interpreto que a rejeição que eu sofria não era só pela obesidade. Era a combinação de obesidade com pobreza, mas deixa isto para um outro dia.
Existem fenômenos que basta estarmos vivos para ocorrerem: envelhecer e ser rejeitado são apenas dois exemplos. O gordo sofre de uma forma diferente o envelhecer porque vive pouco. O único obeso que está vivendo muito que eu tenho conhecimento é o Delfim Netto. A velhice é mais curta e mais dolorosa, acompanhada de diabetes, hipertensão e hérnia. Por outro lado, a rejeição que o fofinho sofre também é diferente, pelo nível, pela frequência e pela culpa. Culpa porque para os outros a única responsabilidade pela sua doença está nos seus hábitos alimentares e basta fazer uma dietinha, "ter força de vontade", "fazer uns exercícios" que você, gorducho, emagrecerá! Emagrecer é fácil. Tão fácil que estamos vivendo uma epidemia de obesidade no ocidente. Quando eu era criança, no início dos anos 1980, o fato de alguém pesar mais de cem quilos era motivo de escândalo e chacota e hoje alguém com este peso é, dependendo da altura, "normal" e socialmente aceito como beber uma taça de vinho uma vez por semana.
A rejeição muitas vezes é sutil, outras nem tanto. Numa festa de criança uma vez a minha esposa ouviu um convidado olhando para a Mariah e perguntando para a convidada ao lado: "Como pode uma menina tão bonita ter pais tão feios?". Como se gordos e feios não pudessem ter filhos bonitos, saudáveis e felizes. Somos condenados a não só sermos infelizes e execrados por toda a nossa deprimente existência como também termos filhos nas mesmas ou piores condições.
Mas hoje é dia de alegria, pois Mariah nos ama mesmo sendo gordinhos! E ontem, lendo a Revista dO Globo, descobri que existe um blog de uma jornalista que encarou o desafio de fazer sexo com cem diferentes homens durante um ano. Missão difícil pois dá uma média de quase um homem diferente a cada três dias. Parece que ela viu que não era tão fácil "cumprir a meta" e baixou para 50 homens, que dá um por semana aproximadamente.
"Sacanagem pura" - pensei - "Vou dar uma bisbilhotada neste blog safado!" Começo a ler e me desperta a inveja. Não por minha vida sexual não ser tão animada, mas porque a menina escreve bem. Tudo bem, eu não fiz faculdade de Comunicação Social e nem acho que eu tenha aquilo que chamam de talento. Lendo o blog da Letícia F. relembrei o dia que eu li "Os Donos do Poder", do Faoro: eu não conseguia me concentrar no texto, só pensava "PQP! Jamais vou escrever tão bem quanto ele!".
"PQP! Jamais vou escrever tão bem quanto a Letícia F.!"
E ela faz um relato muito interessante sobre ser obeso e vale a pena uma leitura carinhosa porque a mulher provavelmente sofre mais que o homem o drama dos fofos.
http://cemhomens.com/2011/10/sua-gorda/
O dia chegou e por trás desta apreensão de quatro anos há o medo da rejeição. Fui muito rejeitado por ser obeso, mas hoje, quase 40 anos de idade e alguns anos de boa psicoterapia e cristianismo julgo-me parcialmente curado, mas ainda temo a rejeição das pessoas que eu mais amo, embora eu saiba que Mariah é louca por mim. Mesmo eu sendo gordo.
Hoje eu interpreto que a rejeição que eu sofria não era só pela obesidade. Era a combinação de obesidade com pobreza, mas deixa isto para um outro dia.
Existem fenômenos que basta estarmos vivos para ocorrerem: envelhecer e ser rejeitado são apenas dois exemplos. O gordo sofre de uma forma diferente o envelhecer porque vive pouco. O único obeso que está vivendo muito que eu tenho conhecimento é o Delfim Netto. A velhice é mais curta e mais dolorosa, acompanhada de diabetes, hipertensão e hérnia. Por outro lado, a rejeição que o fofinho sofre também é diferente, pelo nível, pela frequência e pela culpa. Culpa porque para os outros a única responsabilidade pela sua doença está nos seus hábitos alimentares e basta fazer uma dietinha, "ter força de vontade", "fazer uns exercícios" que você, gorducho, emagrecerá! Emagrecer é fácil. Tão fácil que estamos vivendo uma epidemia de obesidade no ocidente. Quando eu era criança, no início dos anos 1980, o fato de alguém pesar mais de cem quilos era motivo de escândalo e chacota e hoje alguém com este peso é, dependendo da altura, "normal" e socialmente aceito como beber uma taça de vinho uma vez por semana.
A rejeição muitas vezes é sutil, outras nem tanto. Numa festa de criança uma vez a minha esposa ouviu um convidado olhando para a Mariah e perguntando para a convidada ao lado: "Como pode uma menina tão bonita ter pais tão feios?". Como se gordos e feios não pudessem ter filhos bonitos, saudáveis e felizes. Somos condenados a não só sermos infelizes e execrados por toda a nossa deprimente existência como também termos filhos nas mesmas ou piores condições.
Mas hoje é dia de alegria, pois Mariah nos ama mesmo sendo gordinhos! E ontem, lendo a Revista dO Globo, descobri que existe um blog de uma jornalista que encarou o desafio de fazer sexo com cem diferentes homens durante um ano. Missão difícil pois dá uma média de quase um homem diferente a cada três dias. Parece que ela viu que não era tão fácil "cumprir a meta" e baixou para 50 homens, que dá um por semana aproximadamente.
"Sacanagem pura" - pensei - "Vou dar uma bisbilhotada neste blog safado!" Começo a ler e me desperta a inveja. Não por minha vida sexual não ser tão animada, mas porque a menina escreve bem. Tudo bem, eu não fiz faculdade de Comunicação Social e nem acho que eu tenha aquilo que chamam de talento. Lendo o blog da Letícia F. relembrei o dia que eu li "Os Donos do Poder", do Faoro: eu não conseguia me concentrar no texto, só pensava "PQP! Jamais vou escrever tão bem quanto ele!".
"PQP! Jamais vou escrever tão bem quanto a Letícia F.!"
E ela faz um relato muito interessante sobre ser obeso e vale a pena uma leitura carinhosa porque a mulher provavelmente sofre mais que o homem o drama dos fofos.
http://cemhomens.com/2011/10/sua-gorda/
sábado, 29 de outubro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Tropa de Elite 2 vai para os EUA ganhar experiência
Deixe de patriotismo oco: Tropa de Elite 2 não tem a mínima chance de levar o Oscar. O que aconteceu é que eles querem corrigir um erro grave do passado que foi o descaso com o Tropa de Elite na indicação para o Oscar com um outro erro.
Tropa de Elite tinha humor e tensão. Era uma interessante montranha russa de emoções que tinha tudo para levar a estatueta de melhor filme estrangeiro. Tropa de Elite 2 é totalmente tenso e pessimista, não há praticamente humor e as referências escancaradas às pessoas reais se perdem quando um gringo que pouco sabe do Brasil aprecia o filme.
Sem chance. Tropa de Elite 2 é para "clientes" brasileiros, mas se eu fosse palestrante da área de gestão mostraria as últimas cenas de Tropa de Elite 2 e promoveria um acalorado debate. Repare que, no final, quem fica com a lancha, o controle da organização criminosa e as mulheres é o Tenente-Coronel Fábio Barbosa, personagem de Milhem Cortaz, o PM mais inseguro e medroso de todos!
Tropa de Elite tinha humor e tensão. Era uma interessante montranha russa de emoções que tinha tudo para levar a estatueta de melhor filme estrangeiro. Tropa de Elite 2 é totalmente tenso e pessimista, não há praticamente humor e as referências escancaradas às pessoas reais se perdem quando um gringo que pouco sabe do Brasil aprecia o filme.
Sem chance. Tropa de Elite 2 é para "clientes" brasileiros, mas se eu fosse palestrante da área de gestão mostraria as últimas cenas de Tropa de Elite 2 e promoveria um acalorado debate. Repare que, no final, quem fica com a lancha, o controle da organização criminosa e as mulheres é o Tenente-Coronel Fábio Barbosa, personagem de Milhem Cortaz, o PM mais inseguro e medroso de todos!
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