Domingo passado, 02-09-2012, a família Trololó foi assistir à peça "O Mágico de Oz". A dupla Möeler e Botelho virou sinônimo de espetáculos caros, mas de qualidade. São os queridinhos da mídia: até a rigorosa Bárbara Heliodora elogiou o trabalho.
De fato, é tudo muito bem feito, com figurinos e cenários lindíssimos. Mariah nem piscava os olhos. Até entrar o Leão, meus únicos poréns eram que eu eventualmente não entendia as falas de alguns atores. Só os homens, porque as atrizes estavam com uma dicção muito boa. E a Maria Clara Gueiros achando que ainda estava atuando no Zorra Total e inserindo cacos desnecessários e que só tiravam a concentração. O público foi ao delírio quando a velha mal humorada interpretada por ela disse que tinha que sair pois estava na hora da aula de Pilates.
Até que entrou em cena o Leão.
O Leão, nesta peça, era gay.
Então vamos por partes. Primeiro, não é homofobia da minha parte. Não tenho nada contra qualquer preferência ou orientação sexual. O problema é que eles inseriram uma temática sexual que não existia na história original. Qual finalidade? O riso fácil porque os gays caricatos são supostamente engraçados? Se for, não há inovação nenhuma, porque o Costinha usou isto ad nauseum na clássica série de discos O Peru da Festa nos anos 80. Ou será que foi para compensar o fraco desempenho do ator Lúcio Mauro Filho? Ou foi ainda para dar um toque brasileiro e criar uma versão sexual? Arnaldo Jabor deve ter uma teoria sobre isso. A minha é que o mundo está virando uma grande Zorra Total na Praça é Nossa.
Segundo, por ter só 4 anos e por não ser estimulada com temática sexual, para a minha alegria a filhota não entendeu. Porém estavam na plateia dezenas de crianças com mais idade que ela. O que passou naquelas cabecinhas? Na história, cada um dos companheiros de viagem de Dorothy tem uma demanda. O Espantalho deseja um cérebro, o Homem de Lata, um coração e o Leão, coragem. E o Leão fala diversas vezes que vai pedir ao Mágico de Oz para ser corajoso. Será que as crianças vão interpretar uma eventual falta de coragem de um coleguinha de escola ou de uma prima como homossexualidade? Uma coisa não tem nada com a outra. Aliás, ainda é preciso muita coragem para declarar publicamente a homossexualidade.
Terceiro, a obra-prima de L. Fank Baum é ao mesmo tempo pioneira por ser de auto-ajuda, belíssima para uma obra infantil e ao mesmo tempo uma incrível metáfora política. Ele jamais colocaria algo sexual num livro infantil num país tão puritano como os Estados Unidos. Ainda hoje, na Flórida, prostituir-se e contratar os serviços de prostituição é crime e dá cadeia. Imagina se esta peça fosse encenada deste jeito lá: pararia todo mundo na sala do Xerife.
Mas sou eu que estou ficando um velho chato, homófobo e reacionário. Ninguém ligou para isso. Só eu e a minha esposa. O riso explodiu na plateia quando o Leão tirou o borrifador de óleo do Homem de Lata de dentro das nádegas. Mariah, curiosa, perguntou: "Mamãe, o que houve?"