terça-feira, 4 de setembro de 2012

Em Oz, o Leão é gay

"Convidado para realizar um teste, Lucio Mauro Filho ganhou o papel do Leão, no primeiro musical de sua carreira. A pedido de Charles e Claudio, ele reforça as características gays do personagem. Situações que estavam no roteiro do filme mas não chegaram à tela foram incorporadas ao espetáculo, como o momento em que o Leão se senta no cilindro de óleo do Homem de Lata e não percebe." (http://oglobo.globo.com/cultura/superproducao-de-9-milhoes-leva-ao-palco-os-mitos-de-magico-de-oz-5097893)

Domingo passado, 02-09-2012, a família Trololó foi assistir à peça "O Mágico de Oz". A dupla Möeler e Botelho virou sinônimo de espetáculos caros, mas de qualidade. São os queridinhos da mídia: até a rigorosa Bárbara Heliodora elogiou o trabalho.




De fato, é tudo muito bem feito, com figurinos e cenários lindíssimos. Mariah nem piscava os olhos. Até entrar o Leão, meus únicos poréns eram que eu eventualmente não entendia as falas de alguns atores. Só os homens, porque as atrizes estavam com uma dicção muito boa. E a Maria Clara Gueiros achando que ainda estava atuando no Zorra Total e inserindo cacos desnecessários e que só tiravam a concentração. O público foi ao delírio quando a velha mal humorada interpretada por ela disse que tinha que sair pois estava na hora da aula de Pilates.



Até que entrou em cena o Leão.

O Leão, nesta peça, era gay.



Então vamos por partes. Primeiro, não é homofobia da minha parte. Não tenho nada contra qualquer preferência ou orientação sexual. O problema é que eles inseriram uma temática sexual que não existia na história original. Qual finalidade? O riso fácil porque os gays caricatos são supostamente engraçados? Se for, não há inovação nenhuma, porque o Costinha usou isto ad nauseum na clássica série de discos O Peru da Festa nos anos 80. Ou será que foi para compensar o fraco desempenho do ator Lúcio Mauro Filho? Ou foi ainda para dar um toque brasileiro e criar uma versão sexual? Arnaldo Jabor deve ter uma teoria sobre isso. A minha é que o mundo está virando uma grande Zorra Total na Praça é Nossa.



Segundo, por ter só 4 anos e por não ser estimulada com temática sexual, para a minha alegria a filhota não entendeu. Porém estavam na plateia dezenas de crianças com mais idade que ela. O que passou naquelas cabecinhas? Na história, cada um dos companheiros de viagem de Dorothy tem uma demanda. O Espantalho deseja um cérebro, o Homem de Lata, um coração e o Leão, coragem. E o Leão fala diversas vezes que vai pedir ao Mágico de Oz para ser corajoso. Será que as crianças vão interpretar uma eventual falta de coragem de um coleguinha de escola ou de uma prima como homossexualidade? Uma coisa não tem nada com a outra. Aliás, ainda é preciso muita coragem para declarar publicamente a homossexualidade.

Terceiro, a obra-prima de L. Fank Baum é ao mesmo tempo pioneira por ser de auto-ajuda, belíssima para uma obra infantil e ao mesmo tempo uma incrível metáfora política. Ele jamais colocaria algo sexual num livro infantil num país tão puritano como os Estados Unidos. Ainda hoje, na Flórida, prostituir-se e contratar os serviços de prostituição é crime e dá cadeia. Imagina se esta peça fosse encenada deste jeito lá: pararia todo mundo na sala do Xerife.

Mas sou eu que estou ficando um velho chato, homófobo e reacionário. Ninguém ligou para isso. Só eu e a minha esposa. O riso explodiu na plateia quando o Leão tirou o borrifador de óleo do Homem de Lata de dentro das nádegas. Mariah, curiosa, perguntou: "Mamãe, o que houve?"

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Não tenha medo do simples

As logomarcas atualmente estão um horror. É muita elipse para pouco cérebro. Não aguento mais ver elipses em logomarcas.

Aqui vão três pequenas obras primas, sendo duas feitas no Brasil para empresas estatais. A primeira é o antigo símbolo de Furnas que a Eletrobrás, ao unificar as subsidiárias, tirou de circulação para colocar algo que parece uma turbina faltando uma das lâminas.


A genialidade está na simplicidade. Com duas estrelas sobrepostas eles fizeram uma torre de transmissão de energia elétrica. Sintetizou o negócio da empresa (gerar e transmitir eletricidade) num elemento básico e que aprendemos a desenhar ainda crianças. Quem nunca encheu um papel em branco com um monte de estrelas de cinco pontas?

O segundo é o antigo logo da rede de emissoras de TV dos Estados Unidos CBS. É apenas um olho atento, igualzinho ao nosso olhar de telespectador. Este símbolo inspirou o da Rede Bandeirantes.



O terceiro é o da extinta Rede Ferroviária Federal. Duas linhas que se encontram. Ou uma linha que se divide, dependendo de como se vê. Mostra exatamente o conceito de uma rede usando um dos elementos básicos de uma linha férrea: o desvio.


Não tenha medo do simples. Na maioria das vezes, com um pouco de bom gosto, ele fica muito bom.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Tenho orgulho de ser brasileiro

Esqueça o que você lê nas cartas que os leitores enviam para os jornais. Esqueça o que escrevem no Facebook. Tenha orgulho de ser brasileiro neste momento.

Na Rússia o czar Vladimir Putin bota o seu lado stalinista para fora e manda para a cadeia as cantoras da banda Pussy Riot que protestaram contra ele.

Na Índia o sistema de castas continua firme e forte há séculos.

Na China um exército de espiões fiscaliza a Internet enquanto o governo oprime qualquer movimento dissidente.

Por aqui, o STF julga o braço direito do ex-presidente mais popular das últimas décadas. Tudo dentro da constituição e do Estado Democrático de Direito. O resultado do julgamento é imprevisível, como deve ser.

Não ligue para o PIB e crescimento do PIB. Estamos provando que o Brasil é muito maior que eles.

Dia dos Pais

Sexta passada, iniciando as comemorações para o Dia dos Pais, tive a brilhante ideia de ir com a intrépida trupe conhecer o Bar do Adão da Tijuca. Mariah reclamou do barulho e da confusão. Aliás, todos ser incomodaram com o barulho e a confusão, mas a pequena não sabia que isto era normal. O chope estava delicioso, mas esqueceram um dos nossos pedidos e, somado com a lotação da casa, demorou horrores.

No sábado, 11-08-2012, a escola promoveu um evento para comemorar o Dia dos Pais. Mariah e as outras crianças ensaiaram por semanas e no final tudo que foi preparado for executado. Na medida do possível: Mariah ficou preocupada porque eu fico com as pernas dormentes se eu ficar muito tempo sentado no chão na posição de meditação e relatou para a professora. Ela ainda achou que eu não poderia correr e relatou para a professora. Coisas de quem tem pai "maior que quarenta":

IMC > 40
Idade > 40

O pior de tudo foi que mudaram algumas das brincadeiras por mim. Ai, que vergonha. Me senti um velho estraga-prazeres. O único pai da escola exageradamente assim. Me imaginei curvado com uma bengala e banguela. Felizmente Luiza só me contou horas depois de terminada a festa porque, de outro modo, morreria de constrangimento.

No domingo fomos curtir um pouco a vida pai-filha. Fizemos bolo de chocolate de caixinha, brincamos e levamos para andar de bicicleta na Praça dos Cavalinhos. O gari que cuida desta praça estava naquele exato momento em Londres, se apresentando na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de 2012.

Enquanto observávamos a nossa pequena ciclista dar voltas infinitas em torno do chafariz desligado, eu confessei à Luiza que sempre tenho a impressão que Mariah só vai lembrar do que fizemos juntos depois dos seis anos. Como eu perdi o meu pai com esta idade e lembro realmente muito pouco dele, acredito que com a Mariah será a mesma coisa. Claro que o amor e o relacionamento ficam no subconsciente para sempre. A educação e a formação também. Mas e as horas na minha corcunda ou brincando de "mãe & filho", "escola" e "médica"? É difícil avaliar porque antigamente - falo até os anos 1970 - os pais não brincavam muito com os filhos e talvez eu não lembre do meu pai brincando comigo porque simplesmente ele talvez não tenha brincado.

O tempo dirá e Mariah parece ter uma boa memória. Pelo menos ela lembrou que eu fico com as pernas dormentes quando fico muito tempo na "posição do chinezinho". Ai, que vergonha!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Estou voltando para casa

Ontem foi o primeiro dia após muitos que eu dormi numa cama de verdade, com pés, cabeceira e estrado. Em março começou uma grande reforma no meu apartamento e o meu irmão me emprestou o apartamento dele para a família trololó morar durante as obras. Fiquei com vergonha de falar a verdade - a previsão eram três ou quatro meses - e menti: disse que durariam dois meses. Está completanto o quinto e não acabou.

Já estava constrangido de ficar usufruindo de um favor tão longo e impagável. Hoje em dia é difícil encontrar quem faça isto pelos outros. A raridade provocou um certo constrangimento e a sensação de privilégio imerecido. Terá a minha eterna gratidão.

No início de junho ele mandou um e-mail que perguntava quando iria terminar o empreendimento. Conversei com a Luiza e Luiza conversou com o pedreiro. Mais duas semanas.e tudo estaria pronto. Marquei a devolução do apartamento no dia 22 de julho, domingo. As duas semanas a mais não foram suficientes, mas decidimos não mudar os planos. Há algo de curioso nas reformas domésticas: elas não acabam nunca; em algum momento desistimos e encerramos os trabalhos.

Na sexta, 20 de julho, iniciamos o processo de arrumar o apartamento do André e fazer a nossa volta. Mariah se recuperava de uma gripe que transmitiu para a Luiza que transmitiu para mim e para a minha sogra. O final de semana foi caótico e conturbado.O reparo do aquecedor do apartamento do meu irmão só foi concluído na segunda, quando ele já estava morando. Ainda tenho algumas pequenas pendências para resolver no imóvel dele, porém o mais urgente era proporcionar um banho quente.

No meio da bagunça conseguimos montar a cama da sogra no domingo. Luiza e Mariah dormiram num colchão inflável de casal que nós compramos há alguns meses. Eu dormi em um colchonete. Na verdade, de tão finos, eram dois, um em cima do outro e mesmo desta forma não ajudava em nada, era praticamente dormir no chão. Como eu durmo parte do sono de lado (gordo vive mudando de posição), o quadril está dolorido até agora. Por isso ontem a nossa meta de era limpar e montar a nossa cama ainda quando eu chegasse do trabalho. A meta de hoje é voltar com TV a cabo, telefone e Internet.

Fazer pós-graduação, cuidar de uma idosa e uma criança de quatro anos e meio e ainda fazer uma obra no apartamento estressa qualquer um. Eu tenho consciência que fiz tudo e não fiz nada bem feito. O possível é cúmplice do que não é proposital. Eu também tenho certeza que sobrecarreguei a Luiza em quase todos os momentos. Ela realmente é muito especial.

sábado, 21 de julho de 2012

Quarentão junior

Adoro ouvir a coluna do Max na CBN. Normalmente eu acompanho no site da rádio, porém é muito melhor ouvir dirigindo, no estressante fluxo do caos que são as vias brasileiras.Um dia um ouvinte mandou um e-mail dizendo que queria mudar "radicalmente" de profissão. Queria começar do zero.

Max afirmou que provavelmente ele estava por volta dos 40. Fiquei bolado e achei no primeiro momento algo muito preconceituoso.

Sábio Max, vários amigos meus estão nesta situação e por volta dos quarenta. Professores querendo algo mais artístico - e mais distante dos alunos-, psicólogos desejando ser inspetores de soldagem (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) e por aí vai.

Existe um grupo que está cansado do tipo de trabalho e decepcionado com o retorno que a sociedade dá aos seus esforços. Estes eu tenho muita, mas muita pena. O outro grupo eu não tenho pena nenhuma. São pessoas que escolheram os cursos e carreiras sabendo que seria muito difícil se sustentar e ainda por cima estudaram em escolas fraquíssimas, sem nenhum valor para o mercado. Foi tudo consciente. Achavam-se mais espertos ou especiais a ponto de seu destino profissional ser totalmente diferente da média. Apostaram alto, em uma roleta viciada e, ao perderem até as roupas íntimas, declaram-se "decepcionados com a profissão".

Um dia o meu grande amigo Ailton Arruda suspirou diante de uma situação: "Tem gente que só aprende quando fica velho e se descobre sozinho... As vezes todo mundo abandona o velho e pensa que os amigos e parentes são safados. As vezes quem foi safado a vida toda foi o velho". Seguindo a lógica Arrudiana, o fracasso profissional pode não ter sido causado por azar, recessão, crueldade do mercado ou qualquer outro fator externo. O fracasso pode ter começado e se desenvolvido internamente, materializado nas nossas escolhas.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Gabriela tem um pé na TV Manchete

Eu vejo Gabriela e não consigo não lembrar das novelas da TV Manchete. A estética está toda lá, principalmente nas cenas de sexo e nudez. Como pode uma emissora de vida tão curta influenciar até hoje a história da teledramaturgia brasileira? Por que a Manchete conseguiu o nível que qualidade global tão rápido e precocemente?

Para esta segunda pergunta eu tenho uma teoria. Em primeiro lugar a Manchete foi criada do nada. A Bloch era um sólido grupo de mídia impressa e rádios que ganhou algumas concessões de canais de TV. Se ela começou do nada, todos os equipamentos eram novos, enquanto as concorrentes da época (Bandeirantes de SBT, que eu acho que na época se chamava TVS) possuiam equipamento em uso. Tudo novinho, calibrado e com garantia de fábrica, da câmera ao transmissor. Isto garantiu a qualidade da imagem e explica parte do fenômeno.

A outra parte é meramente econômica. Ao contrário das concorrentes Paulistas, a Manchete era Carioca e seus estúdios ficavam em Parada de Lucas e na Glória. E esta é a chave do cofre: por um custo muito baixo, tipo 20% a mais de salário, a Manchete conseguia levar fácil parte do corpo técnico que trabalhava na Globo. Ela absorveu toda a tecnologia que a Globo levou anos para formar e que estava no capital intelectual, isto é, na cabecinha do figurinista, do operador de áudio, do eletricista, do iluminador, do câmera e demais técnicos. Esta gente normalmente ganha pouco e 20% a mais faz toda a diferença.

Agora pense: por 20% a mais você sairia do Rio de Janeiro para ir para São Paulo? Teria que alugar apartamento, mudança, trocar escola do filho, conjuge pedindo demissão... A fonte técnica do povo da Bandeirantes e SBT era o conhecimento aprendido dentro da própria emissora e talvez um pouco da indústria cinematográfica. Só que deste jeito eles jamais absorviam a tecnologia da Globo.

O resultado é que em pouco tempo a Venus Platinada ficou realmente preocupada com as novelas da Manchete (principalmente Pantanal, linda e inovadora ) e absorveu parte da sua estética.

É a criatura ensinando o criador.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O Pipoqueiro e Héstia

"Todo amor é eterno. Se não era eterno, não era amor"
 (Nelson Rodrigues)


Eu lembro ao certo quando conheci a deusa Héstia. Só não sei se foi em 1996 e 1997, quando caí na turma dela no IBEU de Madureira pois o curso que eu fazia na Cultura Inglesa acabara após seis períodos e eu queria continuar os estudos. Um dia trocamos telefones, eu, ela, e mais alguns alunos, mas não com segundas intenções, e Héstia junto com o número escreveu um convidativo "Me liga". Era inocente. Deve ter escrito para todos.

Posso ligar para ti?



Algum tempo depois eu liguei. Não sei se eu estava trabalhando no turno da noite ou se foi em casa.. Era uma fase que eu estava muito infeliz. Chorava horrores, tinha uma angústia tremenda. A psicoterapia também não deveria estar num momento bom. É difícil precisar uma dor local de quinze anos atrás, princpalmente quando a gente hoje está bem e feliz, é passado, até a posição exata das cicatrizes são controversas.



Menino chrão

Héstia me acolheu pelo telefone, A deusa foi o meu doce e caloroso colo virtual. Acho que conversamos por quase três horas, até as duas da manhã. A orelha, avermelhada, fervia do contato com o telefone tão longo. Eu precisava daquela acolhida; eu me sentia muito rejeitado e carente e Héstia me fazia sentir bem.


Héstia passou no vestibular e entrou na faculdade. Mesmo as aulas de inglês sendo aos sábados e tendo bolsa integral acabou desistindo. Mantive contato pelo telefone e chamei-a para almoçar. Estava me apaixonando pela deusa. Um dia ela aceitou, depois de muita relutância. Foi apenas um almço de dezenas que se seguiram, porém me descobri louco por Héstia que trocou um namoro com uma pessoa que só falava mal por um insosso bem mais velho que ela.. Na minha ética eu jamais poderia tentar namorar com uma mulher que estivesse namorando. Seria violar o Décimo Mandamento, mesmo que "o próximo" seja sem sal e não tão próximo.

Quer alguém com mais tempero?


Fiquei em stand by, esperei por anos a minha vez, isto é, ela terminar o namoro e ficar sem ninguém para eu tentar namorá-la. Na verdade, neste meio tempo até me interessei por uma amiga de faculdade, porém felizmente levei toco.

Doeu, mas no final foi o melhor para mim


E o tempo escorria, caindo dos braços para as mãos e das mãos para o ralo, só que Héstia não ficava sem ninguém: durante um periodo de muda que durou algumas semanas ela ficou com os dois; traindo o anterior com o novo. Isto foi antes de me conhecer. Parecia aqueles pedreiros muito requisitados que antes de terminar a obra na sua casa está iniciando a obra na casa do próximo cliente. O décimo mandamento foi criado para torturar os amantes.

No meio de 1999 eu conheci a Luiza, começamos a namorar e Héstia foi naturalmente perdendo espaço e aqueles inesquecíveis almoços foram ficando mais raros. Ciúme compreensível da Luiza, mas nunca trocamos um mísero beijinho. Não que eu não tivesse muita vontade. Como pano de fundo uma amizade que eu, ingênuo, julgava sólida e eterna, danado foi o Karl Marx que disse tudo que é sólido desmancha no ar.

As vezes acho que Héstia também estava gostando de mim. Se sim, nunca saberei ao certo. A vaidade me coça as costas e deixa sedento por tirar a dúvida. Mas a resposta negativa eu já tenho e a positiva hoje é inútil. E ontem também pois eu jamais seria o pedreiro muito requisitado do coração dela. Sou muito rigoroso em certas situações, mesmo que no curto prazo me prejudique. No longo prazo Deus abençoa e compensa.

This is the question


Considere também que quando o assunto é namoro eu sou um pipoqueiro com doutorado. A grande questão deste post, no entanto, não é a minha letargia e procrastinação; é a eterna dúvida de se é possivel existir uma amizade totalmente desinteressada entre um homem e uma mulher. Eu, sinceramente, me iludia e afirmava que sim. O ser humano é apimentado pelos interesses.

Relutante e inseguro


Em 02-12-2000 as montanhas de Nova Friburgo notaram a cara emburrada de Héstia na minha festa de casamento. Pode ser impressão minha. A deusa se formou e terminou o noivado insosso logo depois. A minha vez tinha chegado e era tarde.

O trem passou. Chegaste tarde.


Héstia voltou para o ex-noivo e terminou rapidamente. Acabou se casando com um médico no final de 2004 ou 2005, no último evento que eu a vi. O anterior foi a minha festa de aniversário que eu fiz no meu apartamento, também em 2004. Depois disso trocamos e-mails cada vez mais escassos e eu, como bom fofoqueiro, acompanhei a vida dela platonicamente no Orkut e depois no Facebook.

Desmanchou no ar como tudo que é sólido. A dor da perda foi terrível e durou anos. Contabilize mágoas, pois foi uma pessoa que eu só fiz o bem. Hoje eu aceito e até entendo que amizades não foram feitas para serem eternas.

Não sei se eu tivesse namorado com Héstia eu seria feliz. É difícil de avaliar. Acho que seria uma relação difícil, mas já pensei que ela fosse a tal mulher da minha vida. Escrever isto foi uma purga na alma, mas é tudo passado. Contudo se eu voltasse 15 anos no tempo, que se dane o décimo mandamento,  tascava-lhe um beijão.

Não dá para voltar no tempo.



terça-feira, 10 de julho de 2012

Dom Eugênio e a administração de problemas

Quem olha por fora pensa que é uma coisa só, homogênea, mas a Igreja Católica, por dentro, é bem segmentada. Existem Salesianos, Franciscanos, Carmelitas descalças, Jesuítas, Opus Dei. No fundo são diversas correntes unidas por uma doutrina maior única.

A obra de dom Eugênio Sales é uma bússola para perceber estas diferentes correntes e até estudar um pouco administração brasileira. Durante o governo militar uma parte da Igreja Católica no Brasil optou por gritar e se posicionar contra o sistema. A outra parte escolheu uma ação mais discreta. Eugênio ficou no segundo grupo e foi odiado pela esquerda.

É importante lembrar que a atuação política não é exclusividade dos sacerdotes católicos. O rabino Henry Sobel abraçou o grito e não deixou que Wladmir Herzog fosse sepultado na ala dos suicidas, conforme manda a Lei Judaica. O recado de Sobel foi: "Ninguém é otário por aqui; todo mundo sabe que ele foi torturado até a morte". Evidentemente que no Brasil ele será lembrado pelo resto da vida pelo episódio das gravatas e não por uma luta incansável pela justiça e pela dignidade humana.

Pastor evangélico lutando contra a ditadura eu não lembro de nenhum. Naquela época o slogan deles era "crente não se mete com política" e o atual é "irmão vota em irmão".

Eugênio cultivava bons relacionamentos com militares e empresários, com destaque para a longa amizade com a família Marinho cuja Santa Missa em Seu Lar talvez seja o maior símbolo. E a esquerda produzia bile. Anos depois descobrimos que Eugênio ajudou dezenas de refugiados políticos que chegavam ao Rio de Janeiro figindo das outras ditaduras que se espalhavam pelo continente, principalmente da Argentina.

O método eugeniano de administrar o problema salvou vidas, mas não ajudou a derrubar o sistema. Sua discrição e coragem evitou muitas mortes e constriu pontes, mas não derrubou a fortaleza.  Não estou totalmente certo que o outro método, o do grito, realmente contribuiu para o fim do período militar. Na verdade, estou crendo que quem realmente disparou os canhões contra a muralha foram os dois Choques do Petróleo e o Paul Volcker, que transferiu a conta salgada dos EUA para a América Latina.

Que Deus receba dom Eugênio na sua Santa Paz.

domingo, 8 de julho de 2012

Um cabra sortudo

No final da tarde de sábado o aquecedor de água para de funcionar e na madrugada de domingo chega uma frente fria.



Quinze graus Celsius na Praca Xavier de Brito às 22h.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Brava barba

Se existe uma coisa que me fazia morrer de vergonha era encontrar alguém que eu não via há muito tempo com a minha barba por fazer. Por outro lado, eu sempre fui muito prequiçoso para isto e a minha pele é muito fina, quase sempre me corto. Um dia o meu rosto ficou com uma ferida que não curava e eu deixei a barba crescer, esperando a cicatrização. E a barba crescendo, crescendo, toda branca, quase um Papai Noel.


Decidi ir a uma barbearia na esperança de um profissional não me cortar, mas sangrou justamente onde estava quase cicatrizando. Fiquei numa sinuca de bico. Aí eu decidi comprar um barbeador elétrico Mallory para ir me virando até a ferida curar. E não é que eu gostei? Estou fazendo a barba praticamente todo o dia. Aos 40 anos descobri que fazer a barba é uma questão de hábito.


Sábado passado, 29-06-2012, foi a festa de um ano da Anna Luiza, filha da Sandra e do Sérgio. Não estou um pedaço de mau caminho, como diria a minha mãe?





Só não sei se vou encontrar lâminas novas para comprar quando as em uso ficarem cegas. Ô mundo descartável.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Só vinte por cento

Em 1992, eu acho, fui na primeira formatura de um universitário da minha vida. Era o meu irmão #5 que estava se graduando em Economia. Os irmãos #1 a #3 não quiseram cerimônia de formatura -  uma grande mágoa do meu pai - e o #4 não tinha se formado.

Uma cerimônia simples, formal, até meio mecânica, no auditório da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ. O que me chamou a atenção e eu nunca mais esqueci é que apenas oito estavam no palco do auditório para ganhar o merecido diploma.


Naquela época, falar de cotas para negros era comentar apenas o exemplo dos Estados Unidos e filosofar se era bom ou ruim aplicar no Brasil, praticamente uma conversa sem aplicação prática por aqui.


Mas entraram quarenta alunos no vestibular e os outros 32? Abandonaram o curso. Este fenômeno da evasão escolar acontece em todos anos e em todos cursos universitários. A maioria das pessoas por conveniência mental não vincula a evasão escolar com cotas. 80% de pessoas abandonarem um curso pago com o dinheiro público é normal. Dar 20% das vagas para os negros é um absurdo inaceitável, uma violação do princípio da igualdade e da meritocracia.


40 pessoas entraram num ótimo curso de ciências econômicas (meu irmão #5 hoje é economista do BNDES) e só 8 se formaram. Para mim tem algo de muito errado acontecendo. 32 pessoas ocuparam vagas, torraram o dinheiro do governo e não deram o retorno à sociedade.
80% deixaram um curso e ninguém reclama de nada.


O aluno simplesmente desiste, deixa de frequentar as aulas e segue a vida. Não precisa pagar multas e não precisa devolver o dinheiro que o governo investiu no curso superior dele. Tudo muito cômodo para a classe economicamente mais favorável que historicamente sempre foi maioria no ensino público superior.

Agora 20% para o negro todo mundo grita! É sempre assim. O preconceito não é só contra o negro, mas contra o pobre. Uma amiga minha uma vez reclamou que não passou para medicina. "Foi por causa das cotas", ela disse. Eu mostrei que o problema foi a evasão das pessoas que entraram, tiraram a vaga dela, e não se formarão. Mas, sinceramente, acho que ela continua colocando a culpa nos negros.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Aparelhos ideológicos da escola

Mas o doutor nem examina
Chamando o pai de lado
Lhe diz logo em surdina
O mal é da idade
Que prá tal menina
Não há um só remédio
Em toda medicina..."
 
(Luiz Gonzaga, Xote das Meninas) 


Alguns professores do ensino fundamental e médio aproveitam a profissão para fazer militância política. Acho que hoje isto não é tão intenso nem tão comum, mas eu nunca vi um professor de história de direita. Nos anos 80 era moda tacar ideologia até em triângulo retângulo. Em outras palavras, eles faziam exatamente o mesmo que tanto acusavam a mídia, só que jogando pelo lado esquerdo do campo.

O resultado é que certos artistas que não apresentavam um trabalho fortemente ideológico eram desprezados, principalmente os românticos que naquela época estavam migrando de rótulo: eram cafonas e agora são bregas. O professor Paulo Cesar Araújo escreveu um livro (Eu não sou cachorro, não - música popular cafona e ditaduta militar) muito interessante sobre as músicas e artistas românticos populares e como eles foram esquecidos ou sofreram uma simplificação da obra. Os casos mais emblemáticos foram Dom & Ravel e Odair José. O tema central do livro era que os artistas populares não eram parte de uma engrenagem que tentava alienar a população, nem deixaram de sofrer com a censura.



Nesta época que respirava-se política e revolta, a única obra de Luiz Gonzaga que era digna de entrar numa sala de aula era Asa Branca. Asa Branca dava orgasmos convulsionantes em professores de geografia. O resto, na cabeça deles, era descartado, lixo puro.

Ontem Mariah começou a cantarolar uma música de Luiz Gonzaga que ela está ensaiando para a festa junina da escola. Xote das Meninas.  Encontrei no You Tube e ela pediu para ouvir umas oito vezes. Nunca tinha prestado atenção na letra, meu Deus, é poesia pura. Viva Luiz Gonzaga e parem de usar a escola como uma ferramenta de doutrinação política.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Namorados

Como eu disse aqui, no dia 08 de Junho de 1999 eu recebi um e-mail da Luiza. O encontro só rolou no dia 25, no NorteShopping que, por sinal, sabe-se lá o motivo, ela odeia.

Hoje, portanto, comemoramos 13 anos de namoro.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Joga fora e compra novo

Desde pequeno eu sempre gostei de manutenção. Sempre fui muito curioso e gosto de saber como as coisas funcionam, ver as soluções encontradas e descobrir novas máquinas. Adoro máquinas. Eu seria técnico a vida inteira se não fosse a questão financeira e de status.

Eu lembro que em 1985 o meu irmão #2 comprou por uma merreca um barbeador elétrico Philishave. Parece que alguém no trabalho dele tinha sido sorteado e, como não queria o prêmio, vendeu para o meu irmão. Era um aparelho simples, possuia apenas duas cabeças rotativas e não gozava de bareria recarregável interna: para operar deveria ficar ligado na tomada. O barbeador tinha um desempenho pífio e o meu maior prazer era montá-lo e desmontá-lo completamente. Ele era tão bem feito que as operações de desmontagem foram repetidas dezenas de vezes e nada de ruim acontecia.

Hoje em dia os produtos não são feitos para durar. A lógica é sempre trocar por um novo. Ao contrário do Philishave, ao desmontar muitas vezes danificamos o equipamento de forma irreversível porque é tudo colado ou encaixado e não mais aparafusado.

Quando era pequeno ouvia histórias de Norte Americanos que não consertavam geladeiras ou televisores, simplesmente descartavam na porta de suas casas brancas com telhados cinzas e grama impecavelmente aparada. Eles compravam novos! E eu não acreditava. No meu mundinho de subúrbio de grande cidade brasileira tudo era consertado ad eternum e eu não via lógica nenhuma em jogar fora uma televisão e acreditava que, tendo mão de obra tão barata, nosso país nunca seria assim. Tolinho.

Eu agora percebo que a indústria não ganha nada quando você conserta porque ela é uma montadora e quem fabrica a peça de reposição é uma outra empresa. O lucro está no ato de comprar um novo. As pessoas hoje entraram no jogo e compram coisas baratas, mas não percebem que esta redução de preço se dá, também, por meio da diminuição de peças sobressalentes em estoque, do número de oficinas autorizadas, da qualidade da montagem, da retirada breve do modelo no mercado, do uso de mão de obra chinesa e da compra de um produto de uma outra empresa e simplesmente colocando o nome da empresa supostamente conceituada (pratica conhecida como OEM). Estes procedimentos de fato diminuem o preço e permitem que mais pessoas consigam comprá-lo, porém tornam o aparelho descartável.

Três fatos recentes aconteceram comigo. O primeiro foi uma sanduicheira que estava queimando o sanduíche. Normalmente quando isto ocorre é porque o elemento de controle da temperatura falhou. Ao abrir a sanduicheira descobri que o chinês colocou um termostado de 150 graus Celsius. Com 150 graus não há pão que aguente. Tentei comprar um novo termostato, de 110 graus ou 120 graus, mas o que eu achei não era exatamente igual. Perdi a sanduicheira tentando adaptá-la para a peça não original que me custou R$ 12. Além disso gastei mais R$ 30 comprando uma nova sanduicheia.

O segundo foi que o antigo secador de cabelo da minha esposa parou de funcionar. É um Philips Professional maravilhoso, embora a desmontagem são seja tão simples e fácil como a do antigo Philishave. Foi somente o fio que partiu: reparo simples, mas, como eu estarei até meados do mês de julho sem todas as minhas ferramentas, optei por comprar um novo, só que portátil, para a minha esposa ir se virando. Como o Philips é enorme, um portátil para as nossas viagens acaba sendo uma boa solução. R$ 29 na Liquidação Maluca. A marca é a velha FAET do Rio Comprido, cidade do Rio de Janeiro, mas na caixa já dizia que era fabricado na China. OEM.

O terceiro fato foi o aquecedor de água do meu apartamento que está apresentando um pequeno gotejamento. Tudo indica que o defeito está no diafragma da válvula que "sente" quando a torneira é aberta e liga o aquecedor. O modelo, de uma marca famosa e comprado em 2004, está totalmente discontinuado. Só encontrei a peça para comprar numa loja virtual em Campinas, SP, por R$ 26. Some a isto o tempo perdido num equipamento que eu nunca reparei e o fato de, pela idade, a eficiência da caldeira provavlemente estar baixa. Na Amoedo tem um Komeco zerinho por R$ 199 com um ano de garantia . Acho que eu vou é jogar fora e comprar um novo.

A dificuldade esquecida

Mariah gosta muito de brincar de escola comigo. Ela é a professora e eu sou o aluno. Na brincadeira um caderno é sempre utilizado e por isto eu comprei um tipo universitário por R$ 6 e dei para ela desenhar e ela também tenta escrever alguma coisa. Ontem a última folha em branco foi preenchida com os nobres rabiscos. Ela pediu então um novo, mas quadriculado. Achei uma boa ideia para ajudá-la a treinar a escrita. O simples fato do caderno ter as folhas quadriculadas o fez dobrar de preço.

Como passou muito tempo, nós esquecemos o quanto é difícil aprender a ler e a escrever. O cérebro e o corpo são tremendamente exigidos e eu, pai coruja, fico num misto de pena e fascinação acompanhando o desenvolvimento da minha filha. Como pode uma peça tão importante na nossa sociedade quanto o professor do ensino fundamental ser tão mal remunerado e tão desvalorizado?

Cada país tem a sociedade que merece.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Meu chinês predileto

Houve uma época, no final do meu curso de engenharia, que eu me interessei e estudei bastante amplificadores de áudio. Apesar de eu não gostar muito de música, o tema me interessava e foi, inclusive, parte do meu projeto final de curso.

Um dia, procurando uma bibliografia para o tal projeto, eu comprei uma coleção de livros num sebo sobre o áudio. Era um livro originalmente inglês que foi traduzido e me ajudou o suficiente para receber a certificação "Se pagou". O curioso é que ele tinha uma frase que me instigou por anos até hoje! Dizia algo como "a maioria dos circuitos amplificadores da atualidade derivam do amplificador de H. C. Lin." Eu nunca tinha ouvido falar em H. C. Lin. Como pode uma pessoa querer fazer um projeto acadêmico sobre amplificadores e não saber nem quem foi o genial pioneiro? Que vergonha! No final do capítulo era possível conhecer o artigo original: revista Electronics de setembro de 1956. Procurei esta maldita Electronics até o inferno para ler e inserir na bibliografia do projeto final. Não deu.

Para quem não é do ramo, informo que graças ao trabalho de Lin milhares de surdos no mundo inteiro tiveram seus aparelhos auditivos mais leves e com maior duração da bateria pois o amplificador do tipo push-pull de H. C. Lin é muito mais eficiente que o convencional.

Hoje encontrei finalmente o artigo da revista Electronics e descobri que o meu chinês predileto  morreu em 2009, aos 90 anos. Aproveitei para postar  num fórum de eletrônica esta pequena homenagem:

Algumas ideias, de tão simples e geniais, continuam vivas décadas depois de lançadas e sendo inspiradoras de novos projetos eletrônicos.

Talvez o melhor exemplo seja o invento do amplificador transistorizado quase-complementar de Hung Chang Lin, em 1955. 

[linked image]

Lin foi um engenheiro chinês radicado nos EUA que trabalhava com pesquisa na RCA. O transistor tinha sido inventado em dezembro de 1948 e universidades e empresas sabiam que o desenvolvimento da eletrônica passaria por este componente que era menor, mais leve e mais eficiente que as válvulas.

Em 1955, Lin patenteou o primeiro amplificador tansistorizado push-pull. É pouco provável que na sua casa não existam vários amplificadores como este: nos rádios e rádios-relógios, nos aparelhos de TV e no CD Player do seu carro.

Aqui está uma rara entrevista que este gênio desconhecido concedeu que nos deixou em 2009, aos 90 anos:

http://semiconductormuseum.com/Transistors/RCA/OralHistories/Lin/Lin_Index.htm

Após patentear o invento, Lin divulgou o seu trabalho na revista Electronics de setembro de 1956:

http://aireradio.org/articoli/img/HCLin_Quasi-Compl-Amp.pdf

Aqui está a patente histórica:

http://www.google.com/patents?id=XBACAAAAEBAJ&pg=PA1&dq=amplifier+ininventor:hung+ininventor:lin&source=gbs_selected_pages&cad=2#v=onepage&q=amplifier%20ininventor%3Ahung%20ininventor%3Alin&f=true




quarta-feira, 13 de junho de 2012

Dia dos namorados, Kodak e discos voadores

Ontem, dia dos namorados, Luiza preparou um lanche surpresa para nós. A Mariah viu a máquina fotográfica e pediu para tirar umas fotos. O custo de uma foto digital é quase nulo. Neste momento eu percebi que um mundo de objetos a pequena jamais conhecerá como máquina datilográfica, videocassete e câmeras fotográticas com filme.

A decadência da Kodak talvez seja o mais didático caso de uma empresa que não se adaptou à nova realidade. Escolas de adiministração do mundo inteiro devem estar debatendo como um império caiu por não querer se mover. A Kodak foi uma mestra do Marketing quando tirou o foco do objeto que se compra "uma vez na vida e outra na morte", a máquina fotográfica, e se concentrou no insumo, que invariavelmente tinha que ser consumido em decorrência da compra e do uso da máquina fotográfica: produtos químicos, filmes e papéis fotográficos. Esta estratégia foi genial e a Kodak chegou ao extremo do marketing ao entupir o mercado com fotográficas baratas e horríveis como a Instansmatic e Ektra para aumentar as vendas de insumos. Infelizmente esta dependência dos gordos lucros dos insumos a fez jogar no pântano seu futuro ao não aproveitar a enorme vantagem competitiva de ter inventado a máquina digital exatamente por medo de corroer o seu lucrativo mercado de filmes e revelações. Como muitas pessoas que eu conheço, pelo prazer do presente, ela sacrificou irremediavelmente o seu futuro.



O resultado desta política de máquina barata com todo o resto caro são os raros registros do crescimento dos filhos até os anos 90. Tirar foto era caro e quase sempre o resultado era lamentável porque a máquina fotográfica era ruim. Raras eram as fotos que não ficavam tremidas, amareladas, desfocadas ou escuras. Para ter uma foto de qualidade, só em estúdio, com um fotógrafo profissional.



Hoje o deslumbramento de uma viagem de férias é medida pela quantidade de fotos. Conheço pessoas que tiraram mais de três mil fotos em duas semanas na Europa. A corujice dos pais também é medida por número de fotos. O fim da revelação liberou fantasias, agora todos nós podemos fazer fotos picantes, eróticas, irreveláveis. O medo do técnico em revelação foi transferido para o medo dos hackers e dos ex-namorados traidos com sede de vingança.



Dizem que a privacidade acabou com a Internet, os blogs e as redes sociais, mas poucos percebem o quanto a máquina digital foi coadjuvante desta mudança. Sem a foto digital, o nosso comportamento na Internet seria completamente diferente. A única coisa que não mudou foram os discos voadores! Assim como a Kodak, eles ainda preferem ser fotografados por máquinas fotográficas de filme: como hoje em dia todo mundo tem máquina fotográfica digital ou celular com câmera ou mesmo filmadora (por que ainda tem este nome se não usa mais filme?) era de se esperar que a quantidade de novas fotos de discos voadores disparasse, mas o que se vê pesquisando na Internet são fotos antigas, da época do filme. Concluo que seja tudo fraude ou engano porque hoje as pessoas estão muito mais observadoras, críticas e cautelosas com as fotos e as fraudes e confusões são rapidamente dilaceradas. As pessoas estão tão experientes que percebem o rastro do Photoshop até em barrigas inocentes e autênticas.




sexta-feira, 8 de junho de 2012

Cupidos

- Conversei com a Simone. Ela tem uma amiga que também está procurando alguém. Você quer o e-mail dela?

Não quis responder negativamente. Por educação peguei aquele pequeno pedaço de papel e descartei-o na lixeira quando ninguém estiva olhando. Não era pessoal, afinal eu nem conhecia a dona do e-mail. A questão é que eu não acreditava em relacionamentos deste tipo, parecendo uma encomenda, como se um amigo se vestisse de um camisolão branco e, voando com ajuda de asas alvíssimas, atirasse flexas no coração dos encalhados. Anos depois tentei retribuir a gentileza e também fui um cupido com duas tentativas e um casamento.



Na minha visão preconceituosa, os relacionamentos tinham que acontecer sempre ao acaso, como se só o acaso fosse o certo e o natural. O que eu imaginava é que fosse encontrar a minha esposa num curso, numa festa, sei lá. Nunca seria algo forçado ou encomendado.

Mas é natural os filhos herdarem as doenças dos pais, mas ninguém deixa o acaso cuidar do destino do filho neste caso, pois qualquer pessoa consciente dos riscos que um filho corre com a genética tenta se antecipar e prevenir desde a mais tenra idade. Também não é natural perder noites estudando para se formar. O natural é dormir gostoso, sem maiores aborrecimentos, mas nós forçamos um destino profissional melhor por meio da escola e dos estudos.

Dias depois o Jorge me procurou novamente.

- Ela disse para a Simone que não recebeu e-mail nenhum. Ela fica cobrando da Simone e a Simone fica cobrando de mim.

E o Jorge cobra de mim. O cerco se fechava e a saída que eu usei naquele momento foi inverter os papéis: dei o meu e-mail para ela e há exatos 13 anos apareceu esta mensagem na minha caixa postal e Simone e Jorge são nossos padrinhos de casamento.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Wheeler Dealers

Sem dúvida que os Reality Shows dão emprego à muita gente. Se não existissem, muitos canais de TV por assinatura simplesmente teriam que mudar totalmente a grade de programação. Quase todos tem um ar de armação em algum nível. Tome por exemplo o programa Mestres da Restauração: nunca um processo artesanal e complexo como o ato de dar nova vida a uma peça com 50 anos ou mais será tão linear e tão simples como mostrado no programa e nunca um cliente agiria tão naturalmente diante da câmera.






Existe um Reality Show chamado "Jóias sobre rodas" (Wheeler Dealers, canal Discovery Turbo, em horários irritantementes aleatórios) que não só foge da homogeneização norte-americana como exprime um contraste interessante entre a cultura britânica e a cultura dos Estados Unidos. O programa só tem dois personagens, é despojado, simples, ausente de recursos financeiros, quase mambembe. O primeiro compra e vende carros dos anos 80 e o segundo conserta os carros. Entenda consertar como simplesmente o ato de deixar o carro minimamente vendável e a mensagem é justamente esta: comprar barato, dar uma guaribada e vender com um pequeno lucro, muitas vezes não chegando a 300 libras esterlinas.





Como a mão de obra na Inglaterra é muito cara, o custo do trabalho não é contabilizado, o que evidentemente gera uma distorção, mas a ideia do programa é incentivar o telespectador a fazer o mesmo e ter uma fonte de renda extra. No Brasil isto seria impraticável porque poucos tem uma garagem como a do mecânico Edd China (a despeito do nome, China é um grandalhão de dois metros de altura, magro e de cabelos prateados) e só o elevador de veículos dele custa cinco mil reais no Mercado Livre.




No programa não há uma estrela. A estrela é o veículo e pode ser um Fusca cheio de podres que Edd ensina a tranformar num Buggy. Bem anos oitenta, não? Acho que o prazer dos Reality Shows está em fazer o público sonhar em ser o personagem. Eu adoro máquinas e acho que eu gostaria de ser o Edd China por duas semanas.


quarta-feira, 30 de maio de 2012

The Secret

Uma das grandes questões da classe média é saber a tal "estratégia de Warren Buffett". Para quem não sabe, Buffett é o mais bem sucedido investidor do mundo e os meus amigos buscam algo como 20% ao ano de lucro todo o santo ano.

Eu sou da teoria que a estratégia do Buffet é mais simples que as pessoas imaginam. O difícil é aceitar a simplicidade e ter a coragem de implementá-las. As pessoas criam um paradigma, um modelo mental que quase tudo tem que ser muito difícil e muito complicado e nem sempre é assim.

Houve uma época em que eu participava ativamente de concursos públicos. Fui iniciado no vício em 1987, quando eu participei da seleção para ingresso no curso técnico do CEFET-RJ, décadas antes de criarem a palavra concurseiro. Com o tempo eu fui aprendendo os macetes e virei uma espécie de William Douglas do subúrbio carioca.

No final dos anos 90 começou a se destacar uma operadora de concursos públicos chamada CESPE que fazia umas provas diferentes. A prova não era composta de questões de múltipla escolha como as da CESGRANRIO, mas de uma série de afirmações que o canditado tinha que classificar como verdadeira ou falsa. Como a prova da CESGRANRIO é formada por cinco opções (de A até E) e apenas uma verdadeira, a chance de acertar chutando é de 20% por questão e a da CESPE é de 50% pois só existem duas opções, os malditos verdadeiro ou falso.

Só que existe um detalhe nas provas da CESPE que faz toda a diferença: enquando na prova da CESGRANRIO uma questão errada não tem maiores consequências, na CESPE cada questão errada tira um ponto de uma questão certa. Para não ser considerada cruel, a CESPE dá uma terceira opção, a sem resposta, que é equivalente a deixar a questão em branco e não gera nem desconta pontos. Teoricamente a prova da CESPE desestimula o chute, incentivando o candidato a dar uma resposta com bastante cuidado.

Eu comecei então a fazer experiências e peguei diversas provas da CESPE, inclusive algumas que não tinham nada a ver com a minha área e comecei a estudá-las e compará-las com o gabarito, fazendo simulados etc. Naquela época eu não tinha a Mariah e trabalhava em turno; era tudo um pouco mais fácil. Em pouco tempo eu descobri o Ovo de Colombo e comecei a ter um desempenho ótimo nas provas da CESPE. Em 2004 fui o primeiro lugar para engenheiro eletrônico de Furnas. Adivinha que empresa aplicou a prova?

(Duro foi presenciar certas pessoas insinuando que eu tive algum tipo de privilégio ou facilidade por já ser funcionário da empresa. Ignorância total, pois se fosse verdade todos os técnicos da empresa que tinham concluído a faculdade e fizeram o concurso como eu teriam sido aprovados).

Algumas pessoas do meu setor afirmavam que apenas seriam aprovados os "recém formados da UFRJ que não trabalharam durante a faculdade". Nesta visão tosca e preconceituosa, eu estaria completamente fora do jogo.

De posse do meu empreguinho de engenheiro e feliz da vida por me sentir vingado divulguei para algumas pessoas próximas o Segredo da CESPE. Ninguém me acreditou e, por conseguinte, ninguém aplicou o segredo. Não sei se porque era simples demais ou se eu não inspirei confiança ou se era preciso coragem para aplicar o método. Como disse Jesus, ninguém é profeta em sua terra. Acho que deveria cobrar e soltar o segredo usando terno e gravata.

Da mesma forma que a estratégia de Buffet pode estar embaixo do meu nariz, o Segredo da CESPE é óbvio, tem explicação matemática e é comprovado na prática: em 2009 eu fiz prova para ANAC para especialista em regulação. Concorri com formandos do ITA e não sabia praticamente nada sobre a maioria dos assuntos tratados na prova. Fiquei em 114 e chamaram até o 110 (ganhei uma nota baixa na redação e foi neste evento surgiu a ideia deste blog para praticar a minha pobre escrita e nunca mais ser reprovado em prova da CESPE). A minha pontaria ainda está bem calibrada.

sábado, 26 de maio de 2012

Festival da Natação

Hoje, 26-03-2011, a escola de natação promoveu uma brincadeira com as aluninhas. O importante não é competir, é brincar!







sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ainda bem que baixaram

Sondei a agência que eu tenho conta-salário. Sou cliente deste banco há quase 20 anos. Modestamente acho que tenho sido um bom cliente. A pergunta foi: qual é a taxa de juros para empréstimo pessoal?

Resposta: "Para empréstimo nossa taxa inicial é de 4,72% (ao mês) em ate 24 vezes e de 5,0% (ao mês) em ate 40 vezes. Se possível me passe o prazo desejado ou o valor médio da parcela que eu faço as simulações e te encaminho."

Ainda bem que os softwares de planilha eletrônica fazem cálculos financeiros. Com uma taxa de 4,72% ao mês (aproximadamente 74% ao ano) se eu pegar R$ 10.000,00 terei que pagar durante 24 meses o valor de R$ 705,10. Devolverei ao banco R$ 16.922,35.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nixie fake

A comunidade eletrônica é muito engraçada e se apega a símbolos antigos. É meio contraditório uma profissão em que tudo muda rápido e quem tira dela o pão se prender a coisas antigas. Eu me incluo, basta lembrar que eu ainda vou montar um aplificador válvulado para a Mariah tocar guitarra.

Bem, na lista de microcontroladores que eu participo uma das paixões de alguns membros são os tubos Nixie. Numa época que se fala em LED, LCD e plaaaaaaaaaaasma eles ficam comprando tubo Nixie no Ebay. O dólar realmente deve estar muito barato.

A única aplicação "popular" que eu lembro das Nixies são os displays de elevador e até o início dos anos 2000 eram relativamente fáceis de encontrar em prédios antigos.

Andar alto...

Nem é preciso dizer que fazer qualquer coisa com Nixie é mais complicado que usar displays de LEDs. Primeiro porque são frágeis mecanicamente, segundo porque são caras e terceiro porque elas trabalham com tensão mais alta, acima de 100V. É vontade vintage demais para o meu gosto.

Hoje chegou um relógio cafonérrimo no GLB. Como poderia imaginar tudo leva a crer que esta nixie é falsa.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Tijolo cobogó

Sebos
Eu parei de frequentar sebos desde que eu descobri a Estante Virtual. Primeiro porque pela Internet não há danos aos meu sistema respiratório ou imunológico e segundo porque acaba sendo mais fácil encontrar obras difíceis e usualmente é mais barato, a despeito das despesas postais. A desvantagem que você não pode avaliar o estado do livro nem foleá-lo.

Mas tudo tem uma exceção e é a banca-sebo na Tijuca, na esquina da Major Ávila com Conde de Bomfim, que eu ainda visito com uma certa frequência. O fato de ser em local aberto facilita a minha vida e, por ser bem compacto, uma garimpagem pode durar menos de três minutos. Na última vez que eu passei lá comprei por sete reais um livro do Mauro Halfeld. Eu lembro quando ele foi no programa Sem Censura, da antiga TVE, divulgar o livro que tratava exclusivamente de imóveis.


O tijolo cobogó
É incrível o poder dos livros. Por sete reais você tem uma espécie de consultoria com um doutor em economia e professor universitário. Até hoje eu estranho muito quando eu vou na casa de uma pessoa e não há livros. Para mim isto é um péssimo sinal.

O professor Cláudio de Moura Castro escreveu um texto na Veja que comentava como era difícil comprar estantes de livros no Brasil. Faz sentido: se na casa das pessoas não existem livros, se as pessoas não compram livros, então qual o sentido comprar estantes de livros? Para uma demanda tão pequena, qual o incentivo para a indústria moveleira criar, produzir e vender estantes de livros?

O meu irmão no. 1 fez comunicação social, o no. 2 fez engenharia e o no. 3 fez ciências sociais. Eu lembro de uma boa quantidade de livros que tinha lá em casa. É quase uma compulsão do Alceste (#1). Do Lúcio (#3) eu não lembro direito porque ele casou cedo e saiu de casa antes de fixar na minha memória. Num momento de dureza ele e a Salete foram morar na casa da minha mãe, mas foi por pouco tempo. O Paulinho (#2) tinha poucos livros, mas isto tem uma explicação: em engenharia um livro, como Calculo, pode ser usado em dois periodos (no caso, Cálculo 1, Cálculo 2 e em algumas faculdades, partes de outras matérias matemáticas). Então a referência de livros eram os do Alceste. Não precisa dizer que o seu apartamento é entupido de livros.

A improvisação é a mãe do acidente. O Alceste estava diante do mesmo problema do Moura Castro: muito livro para nenhuma estante. Mandar marceneiro fazer estava fora de cogitação por questões puramente financeiras e ele teve a genial ideia de pegar tijolos cobogós e tábuas de madeira de construção para fazer uma estante de vários andares. Nenhum prego, nenhuma fixação, nada. Eu tinha entre 5 e 7 anos e tive a brilhante vontade de escalar a estante. Desmoronou tudo em cima de mim, conquanto o Alceste, gritando, me alertasse que aquilo iria ocorrer. Não me machuquei muito não, não guardei cicatrizes do desmoronamento do saber. Provei na prática que uma estrutura grande tende a ser instável anos antes de ter aula de Controles na faculdade.

Voltando ao livro do Halfeld...
Economistas gostam de fazer previsões, porém não tem muito compromisso se a previsão vai ou não se concretizar. Ao prever em rádios, jornais ou televisão, elas tendem ao esquecimento, a menos que alguém faça uma pesquisa procurando as previsões para algum trabalho acadêmico ou qualquer outro motivo, porém, ao colocar as previsões em um livro e dez anos depois um curioso comprar e ler este livro, o autor estará diante de um risco considerável. Azar do Halfeld.


Estou quase terminando o livro. Bem didático, por sinal. É daqueles textos que você lê imaginando a voz do Halfeld respondendo e-mail na rádio CBN. O autor foi corajoso a recomendar fortemente a compra de imóveis em 2002. Era uma época que o mercado acionário estava dando grandes lucros e a Renda Fixa ainda pagava os juros de Fernando Henrique Cardoso. Os imóveis eram vistos como investimentos de idosos conservadores que não entendem nada de ganhar dinheiro para valer.

Quem aceitou esta consultoria quase grátis e comprou imóveis naquela época ganhou muito dinheiro com a valorização que ocorreu a partir de 2006. O meu eu comprei em fevereiro de 2004, mas o conselho foi da Luiza e prometo que em breve contarei esta história.

Com relação ao mercado imobiliário dos Estados Unidos, Mauro Halfeld não faz nenhum alerta. Ele apenas cita que o FED, o Banco Central dos EUA, estava baixando as taxas de juros e que os preços dos imóveis estavam subindo, porém o tom era otimista, um exemplo de como investir em imóveis era uma bom investimento - e esta é a mensagem principal do livro - e não como um prenúncio de uma explosiva bolha incendiária que detonaria no segundo mandato do George W. Bush.

Agora que a manada está inflacionando a bolha imobiliária brasileira e se endividando por vinte anos ou mais eu preciso urgente de um novo livro do Halfeld para me dizer qual é a boa dos próximos dez anos. Desta vez eu aceito pagar até quarenta reais por um livro novo.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Por dez longos anos

No final de abril de 2012 o consulado dos EUA mudou o procedimento para obtenção de visto. Todo mundo sabia, menos eu, que entrei de gaiato no navio e peguei justamente o processo de transição e quase sempre é um pouco confuso.

Na segunda, dia 07-12-2012, fui ao Humaitá tirar a foto e colher a impressão digital. Como no meu caso era renovação, eu poderia, a critério do consulado, ser isento ou não de entrevista. Só que já tinha agendado a entrevista no momento que eu agendei a coleta de digitais e ficou tudo impresso no mesmo papel. O certo - agora eu sei - seria eu consultar o andamento do meu processo on line para verificar se eu estava isento da entrevista. Eu estava e só descobri após perder um tempão na sede do consulado, no centro do Rio de Janeiro.

Ontem eu fui à DHL em São Cristóvão buscar o meu passaporte. O normal é a DHL entregar em casa, mas eu optei por pegar na empresa. Abri o envelope e estava tudo lá. Sem dúvida o ato de pleitear o visto ficou melhor, mais automatizado e mais rápido. Outra vantagem é que agora o visto pode ser válido por até 10 anos e - pelo menos no meu caso - consegui o visto de negócios junto com o de turismo, ou seja, é o famoso e mineiramente cobiçado B1/B2.

Estou precisando cortar o cabelo


Ao chegar em casa a primeira coisa que eu fiz foi mostrar o meu troféu à Luiza. Fisicamente o visto é um adesivo que ocupa toda uma folha do passaporte e contém a foto que eu tirei no dia 07.

- Ficou horrível! Você estava olhando para o lado! Para onde você estava olhando?

Mulher repara em tudo


- Não lembro, Alguma coisa me chamou a atenção na hora que a moça tirou a foto. Pior que eu vou ter que aguentar esta foto por dez longos anos.

 A moça tira a foto através de um vidro à prova de balas. Ele é tão espesso que tem uma boa reflexibilidade e no reflexo eu vi uma mulher linda de vestidinho curto aguardando a vez sentada.ao meu lado direito.

Lembrarei de ti por dez anos

Frase da semana

"As gazelas ao fugirem dos leões estão a garantir que, no longo prazo, haverá sempre alguma comida para os leões. Se não fugissem, os leões matavam-nas hoje todas e, amanhã, morreriam de fome."

terça-feira, 15 de maio de 2012

Previsões...


Quem leu este tópico aqui descobriu que a China tem um limitador de crescimento chamado água. O consumo de água e energia elétrica costuma crescer mais que a economia do país. No caso da China, isto significa mais de 10% ao ano.

Só que água doce é um bem limitado, não é como a economia que em termos teóricos pode crescer infinitamente.

O resultado já está aparecendo:

Ásia corre o risco de ver deflagrada uma guerra da água


Brincadeiras de criança

Domingo, 13, na hora de dormir, Mariah ficou na cama conversando. Lastimava que na escola imaginava um monte de brincadeiras diferentes e, quando estava comigo, só lembrava de "Escola" (ela é a professora e eu sou o aluno) e "Mãe & Filho".

Ontem, ela acordou reclamando de dor de ouvido. De otite eu entendo e achamos melhor levá-la no hospital. Ela tem uma mania de ficar pelada dentro de casa e o tempo mudou. O resultado não podia ser diferente.

Enquanto aguardávamos a nossa vez entrou uma menina de uns 3 anos com as duas mãos enfaixadas. Queimadura, estava evidente. Um dos pacientes, um menino de uns 5 anos que também aguardava ser chamado, quebrou o gelo e perguntou o que tinha acontecido. A menina respondeu que foi de algodão e a mãe explicou: ela passou Super Bonder no dedo pensando provavlemente que fosse esmalte e foi retirar com algodão e ocorreu uma reação química entre a cola de cianoacrilato e o algodão, queimando a menina.

Eu nunca tinha ouvido falar nisso, mas este site alerta que esta mistura pode irritar a pele, então faz um certo sentido. Fica o alerta para os pais.

Quando chegou a vez da Mariah a família Trololó foi toda para dentro do consultório e a médica começou a fazer os exames de rotina. Quando a médica virou a Mariah para ouvir o pulmão ela ficou de frente para nós e deu um sorriso bem safado. Foi uma telepatia que eu e Luiza entendemos muito bem: adivinhe qual foi a brincadeira proposta pela Maricota quando eu cheguei do trabalho.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Coisas que ninguém nunca viu

Nos primórdios da Internet eu recebi um e-mail que citava coisas que existem, mas que ninguém nunca tinha visto. Bobagem pura, porém isto está na minha cabeça até hoje. Tomei quase como um desafio pessoal: queria ser um descobridor de coisas dificeis e raras, no entanto possíveis.

Antes da receber a neurotizante lista no meu e-mail eu já tinha derrubado um item: o dos negros gêmeos. Estudei com duas gêmeas negras no segundo grau e elas eram tão parecidas que até hoje eu não sei quem era a Andréa e quem era a Adriana. O curioso que eu tinha 50% de chance de acertar, porém sempre errava e chamava a Andréa de Adriana e vice-versa.

O segundo desafio foram os filhotes de pombos. De fato, eu nunca tinha visto um filhote de pombo, só aqueles das praças, turbinados com milho e pipoca, mas estes eram considerados adultos. Um dia, recém casado, uma pomba ocupou um buraco de um ar condicionado de um apartamento desocupado do pombal em frente ao meu pombal (eram dois prédios, um ao lado do outro com 20 apartamentos por andar e eu morava no 216. Só de olhar o corredor já dava preguiça). Na verdade a pomba fez um ninho e nasceram filhotes. Pronto! Vi um filhote de pombo!

A lista não avançou durante anos e - pior - fui inserindo novos itens a serem descobertos. Um é uma psicóloga virgem. Juram que existe. O outro é uma festa de baiano sem música.

E não é que no sábado passado eu fui a um Chá de Bebê da filhota de um amigo meu "100% Baiano Certified" que nascerá no final de maio e não ouvi um único acorde, uma nota musical, nada. Como dizem os evangélicos, me senti mais que vencedor.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Carola Carolina

O bafafá da semana na parte "cabeça oca" dos jornais on line certamente foram as fotos com a Carolina Dieckman nua. Não dá para enfeitar o blog com uma pequena amostra das fotos porque tudo indica que elas são fruto de vários crimes e publicar uma foto sequer seria compactuar com o delito. Por incrível que pareça, a foto que eu mais gostei foi a da Mulher Maravilha.

As imagens estão na grande núvem. Não gastei nem cinco minutos de trabalho para achar. Sou um bicho curioso que só e, sem medo de críticas, adoro ver famosa nua. O brasileiro é muito mal resolvido sexualmente e, por favor, incluam-me. Nunca entendi porque topless não pode e fio dental pode, por exemplo. Nunca entendi, também, este tesão que brasileiro tem de ver mulher posando de calcinha arriada na altura um pouco acima da canela, sentada no vaso sanitário. A gente confunde este lado mal resolvido com hipocrisia, a palavra clichê padrão para o fenômeno, mas não é. É necessidade de uma longa e profunda psicoterapia.



(Imagina aqui, no Brasil, aqueles jovens pelados tomando sol nas praças como acontece na Europa)

Boa parte das fotos da Carolina Dieckman eram fazendo poses típicas de um ensaio para uma revista de mulher pelada, talvez por isso a revista Sexy tenha feito aquela piada, algo como "De graça, Carolina?" Por trás de uma boa piada sempre tem um fundo de verdade e o que eu interpretei foi que a Carolina sempre desejou posar nua, como a maioria das brasileiras.

O drama da Europa em sete parágrafos.

Imagine que você tenha uma fábrica de sal. O valor do sal é dado pelo mercado e você não tem controle nenhum. Um outro problema é que não faz sentido baixar o preço do seu sal porque as pessoas não salgarão mais a comida se o preço do sal baixar. Por fim, imagine que a sua fábrica é novíssima e usa o mais moderno maquinário do mundo de forma que é impossível aumentar a produtividade. A sua fábrica está apresentando um leve prejuizo todos os meses. De posse deste cenário me responda: como você pode fazer para reverter este prejuizo em lucro?

Não há muito como escapar: a única saída que eu vejo é reduzir o custo da mão de obra. Então temos três  alternativas: aumentar o número de horas trabalhadas por empregado, diminuir os salários ou diminuir o número de empregados, isto é, fazer com que 70 façam o trabalho que até ontem era feito por 100 pessoas.

Vendo num patamar mais amplo, isto é o que ocorre num cenário de recessão. No caso de um país existem outras formas de "resolver" este problema porque: (1) aumentar o número de horas por funcionário sem o pagamento de horas-extras é ilegal, (2) idem para diminuir o salário e (3) é politicamente desastroso aumentar o desemprego.

Qual a solução então? Simples: desvaloriza-se a moeda e com isso diminuimos o salário de todo mundo com relação aos salários dos outros países. Claro que se todos os paises do mundo desvalorizarem as suas respectivas moedas o resultado será nulo.

Em resumo este é o problema da Espanha, Portugal, Grécia e demais países da chamada Zona do Euro: eles não podem reduzir o salário por meio direto por ser ilegal, nem podem desvalorizar a moeda porque simplesmente não tem moeda.

"A Europa não estaria neste impasse atual se a Grécia ainda tivesse seu dracma, a Espanha, sua peseta, a Irlanda, sua libra irlandesa e assim por diante, porque Grécia e Espanha disporiam de algo que hoje não têm: uma maneira rápida de restaurar a competitividade de seus custos e elevar as exportações. A saber: desvalorizar suas moedas." (Paul Krungman, Nobel de Economia)

Só sobra então a alternativa (3) e tome desemprego!